Domingo, 6 de abril de 2025 - 08h45
Hoje
completo 61 anos. Não são apenas números, mas marcos de uma jornada que moldou
quem sou. Se pudesse resumir essas seis décadas em uma palavra, seria gratidão.
Gratidão pelas cicatrizes que viraram estrelas, pelos amores que me ensinaram a
amar, pelas quedas que me levantaram mais forte, pelos conselhos de Dona Aurea,
minha avó a quem devo o meu caráter. Em nada mudaria.
Das lutas
às conquistas, aprendi que a vida não é um mar calmo, mas um oceano que exige
remo e coragem. Houve dias em que o cansaço quase falou mais alto, mas havia
sempre um fio de esperança — e era nele que eu me agarrava. Errei, sim e muito.
Algumas escolhas doem até hoje na memória, mas não as troco: foram elas que me
ensinaram a discernir o essencial do passageiro. O verdadeiro do falso e do
oportunista.
Os
amores? Ah, os amores... Alguns vieram como tempestades, outros como brisas,
mas cada um deixou sua marca. O maior deles, porém, não foi romântico: foi o
amor que descobri ao segurar Uendel e Stephanie nos braços pela primeira vez.
Ver meus dois filhos crescidos, autônomos e donos das próprias histórias, é
minha maior vitória. Saber que plantei raízes fortes em suas vidas me dá uma
paz que nenhum bem material poderia superar.
E como
não agradecer por ainda ter meu pai ao meu lado? Paulo Nascimento, sua presença
é um elo com meu passado e um lembrete de que a vida é frágil, mas também
resistente. Suas histórias, seus conselhos roucos de experiência, são heranças
que carrego no sangue.
E a Dona
Irene, minha mãe. Mulher sofrida, lutadora do seu jeito de ser. Não tiver a
oportunidade de ser criado por ela, porque a vida desenha o seu destino e te
conduz para um rumo que ninguém controla. Sempre carinhosa, dedicada às boas
causas, me deu carinho à sua maneira e me apoiou nas minhas lutas.
E à minha
família — irmãos, primos, tios. Aqui faço um parêntese para homenagear a minha
Tia Antônia, minha segunda mãe. Que embalou as minhas noites e cantou pra eu
dormir. Aos amigos que viraram família, digo: vocês são a rede que me segurou
quando eu balancei.
Tive a
oportunidade de acompanhar vários momentos da história do mundo. Nasci na
explosão de uma Revolução Política do Brasil. Cresci num estado onde a
Liberdade era sonhada e reprimida. Não se podia usar jeans, por exemplo, porque
os hippies falavam de paz e amor. Acompanhei a queda do Muro de Berlim,
enquanto Pedro Bial fazia a narrativa pela TV. Vibrei com os as músicas
românticas e o Metal pesado do Kiss que me fiz gritar no primeiro Rock in Rio.
Dancei tentando imitar o John Travolta nos Embalos de Sábados à Noites do Clube
Ypiranga, com minha turma, Comando Delta. Casei, fui pai e segui a vida já com
responsabilidades de homem que buscava a maturidade. Plantei arvores e escrevi
tanto que muitos livros podem ser impressos. Amei muito. Vivi tanto que chego a
me perguntar, como consegui fazer tantas coisas? Hoje, mais maduro, quando penso na minha
trajetória, lembro daquela canção que sempre me tocou a alma: My Way, do
Frank Sinatra. Como diz a letra:
"E
agora, o fim se aproxima / E eu encaro a cortina final / Meu amigo, eu vou
dizer isso claro / Eu relatei, exatamente o que senti / E me livrei de cada
dúvida / Eu vivi cada dia, até o fim / E mais, muito mais do que isso / Eu fiz
do meu jeito.
Houve
risos, sim, houveram lágrimas / Mas tudo, tudo em absoluto / Eu enfrentei, e
fiz do meu jeito / Planejei cada rota traçada / Cada passo cuidadoso ao longo
do caminho / E mais, muito mais do que isso / Eu fiz do meu jeito.
Sim,
houve momentos, tenho certeza que você sabe / Em que mordi mais do que podia
mastigar / Mas através disso tudo, quando havia dúvida / Eu comi, e cuspi pra
fora / Eu enfrentei tudo / E me mantive de pé / E fiz do meu jeito."
Essa é a
essência da minha vida: fiz do MEU JEITO. Com erros e acertos, mas sempre
autêntico. Sem medo de ser quem eu era, mesmo quando o mundo esperava outra
coisa.
Olho para
trás sem arrependimentos, porque cada passo me trouxe até aqui. Já não busco a
perfeição, mas a paz de espírito. Hoje com os passos mais lentos, aprendi que
felicidade não é um destino, mas o modo como se viaja. E nesta estrada, escolho
levar apenas o que importa: amor, memórias boas e a certeza de que, mesmo com
rugas das lutas, a vida ainda reserva surpresas doces.
E agora que parto para terminar esses rabiscos, alguém que
me acompanha, pode dizer: Mas é tão curto esse texto e relação aos outros, né?
Sim! Porque o que eu vivi está guardado num lugar especial da minha mente que
me faz sorrir sozinho e agradecer esses momentos. Obrigado Vida, por tantas
páginas escritas. E que as próximas sejam de serenidade, risos compartilhados e
cafés quentes ao lado de quem me importo. Mas sempre será do MEU JEITO!
Rubens
Nascimento
é jornalista, formado em Direito, Mestre Maçom- GOB e ativista do
Desenvolvimento.
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