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Crônica

À deriva da sorte


À deriva da sorte - Gente de Opinião

Das palavras nascidas no mundo da abstração, sorte é a que provoca maior alvoroço na antessala da expectativa, como se estivéssemos no porto da esperança, aguardando o resgate de uma embarcação, à deriva dos nossos sonhos. A gente nunca sabe quando ela aportará na terra firme dos desejos, nem a intensidade das ações que ela carrega, efeito sem causa, inexplicável. A sorte é cega onde bate prega.

Eu mesmo já disse em diversos textos que a sorte não existe, que ela é fruto de nossas escolhas, etc. e tal,  mas é fato que certos acontecimentos da existência são tão inexplicáveis, que a gente não tem outro recurso senão recorrer a palavrinhas intangíveis, como sorte, azar e seus respectivos sinônimos, para justificar o infortúnio ou o sucesso. Nasceu com a bunda virada pra lua - como se na maioria das vezes a sorte estivesse arbitrando nossas ações, mas também é fato que a sorte ajuda a quem cedo madruga.

 

As situações provocadas pelas entidades, sorte e azar, além de matéria prima para poetas, notadamente os neófitos, também servem para justificar a vida ou a morte, em tempos de pandemia: − meu primo deu azar pegou o coronavírus e faleceu, já eu, estou com sorte, não peguei a Covid 19. Tomara que a vacina, de qualquer cor, apareça logo, mas a História, mestra da vida, diante dos embates entre Doria e Bolsonaro, nos acena com A Revolta da Vacina, ocorrida em novembro de 1904. Quem tomar a vacina paulista vai morrer com os olhos puxados.

Nesta época, parte de Porto Velho ainda era acreana, embutida no Tratado de Petrópolis (1903), quase 120 anos depois e ainda não aprendemos a separar a saúde pública das querelas políticas pelo poder. O povo que se foda, à deriva da própria sorte.

Pesquisem os absurdos da revolta da vacina e vejam que, guardadas as devidas proporções de tempo e personalidades envolvidas, ainda se explora o medo do povo pelas vacinas, mediante fakenews de toda ordem, como se a aprovação da OMS e da Anvisa não tivessem valor: cuidado! o coronavírus está chegando ao nosso  país pelas antenas da tecnologia 5G. Rsrsrs.

Nem acenando com a jovialidade desta vacina os críticos convencem, porquanto as vacinas contra a poliomielite e o sarampo são bem velhinhas e estão sendo absurdamente rejeitadas, no mesmo embalo da Covid, propiciando o retorno destas doenças, já erradicadas do Brasil. Envolvimento político em questões sérias de saúde, só contribui com a hipocrisia: morreu, mas foi pro céu…

Vou tomar a primeira vacina que aparecer, confiante, porque acredito nos supercomputadores contemporâneos, capazes de abreviar sensivelmente o tempo de pesquisa; confio no trabalho persistente dos cientistas e agradeço aos milhares de humanos que serviram de cobaias, durante as etapas de testes. Não sucumbirei ao vírus da ignorantite, sou vacinado.

Nem faço questão de saber se ela é chinesa, russa, inglesa, americana ou brasileira, sei por intuição que minha sorte não está à deriva de mim mesmo. Lembram da fábula do escorpião que estava se afogando e foi salvo pelo Mestre Zen, mesmo depois de ter levado duas picadas? pois é, a natureza de certos políticos é confundir, mas isto não vai mudar a natureza do cientista, que é ajudar. As fakenews politiqueiras não mudarão o meu foco, nem minha confiança nas vacinas.  O que você resiste, persiste, nos ensinou Carl Jung.

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