Sábado, 23 de abril de 2022 - 16h40
Das janelas cerebrais a que
mais projeta vistas ilimitadas é a da imaginação, mais até que a do
conhecimento, e a única que singulariza o ser humano no reino animal.
Imaginação e fabulação são irmãs siamesas no mundo das artes literárias, que
usam a mamãe criatividade na hora de liberar do cérebro o potencial das ideias.
O dia de hoje foi escolhido
como o Dia Mundial do Livro em homenagem aos escritores Miguel de
Cervantes, Inca Garcilaso de la Vega e William Shakespeare, que morreram em 23
de abril de 1616. Nesse dia, grandes obras da literatura mundial são
relembradas, discutidas e reverenciadas. É uma oportunidade para celebrar os
títulos de autores consagrados.
Quando adolescente fui um
apaixonado pela escritora inglesa Agatha Christie, romancista, contista,
poetisa e dramaturga, falecida em 12 de janeiro de 1976, aos 85 anos. A mim
impressionava como ela movimentava as personagens dentro da trama, como se cada
uma tivesse um cordão preso às costas e se deixasse puxar pela criatividade e
imaginação. Os finais de suas histórias sempre escondiam uma surpresa, segredos
que desafiavam o leitor a descobrir o assassino, antes que lesse as últimas
páginas ou o último parágrafo. Um desafio que nos instigava à leitura de outros
títulos.
Conhecer Hercule Poirot, um
policial belga aposentado, maior personagem da escritora, foi um prazer à
parte, algo como ser apresentado à materialização da inteligência. Não havia
casos policiais complicados que o detetive baixinho, careca, pernóstico e
vaidoso de seus bigodes encerados, não desvendasse. Um verdadeiro talento,
engendrado nas sinapses cerebrais criativas da genial escritora. Só Shakespeare e a Bíblia venderam mais que
Agatha Christie, traduzida para mais de cem idiomas.
Eu li cerca de trinta títulos
dos mais de oitenta livros publicados pela Dama do Crime, muitos se perpetuaram
na memória como Os Crimes ABC, Hora Zero, Assassinato no Beco, Cai o Pano,
Assassinato no Expresso Oriente, O Homem do Terno Marrom e O Caso dos Dez
Negrinhos, a obra de romance policial mais vendida da história, além de
figurar na lista dos livros mais vendidos de todos os tempos, independentemente
de seu gênero, Ten Little Niggers, foi escrito em 1939.
Uma janela literária, com tantas vistas memoráveis,
incentiva a escrita em nosotros, escritores de meia tigela, como um
exemplo de imaginação e criatividade na arte da fabulação.
Ainda carrego comigo uns vinte exemplares da genial
escritora, dormem mofados nas prateleiras de meu escritório, de vez em quando
eu acaricio um, leio um capítulo de outro, e logo sou obrigado a cheirar álcool
para parar de espirrar, mas compensa o esforço saudosista, ao menos para
lembrar de um tempo em que não havia computadores e muito menos celulares, nem
por isso as pessoas deixavam de se divertir.
Nos dias de hoje, os meus versinhos escolares,
aprendidos com a professora Maria, “Quem não Lê, Mal fala, Mal ouve, mal vê”,
foram trocados por: “Quem não tem Facebook, Instagram, Whatsapp e Twitter, Quem
não assiste o Youtube e a TV, Mal vive, Mal se integra, Mal vê.
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