Sexta-feira, 17 de novembro de 2023 - 11h31
Ajudou,
mas não muito, rotular o que está certo, o que está errado e o que é
politicamente correto. A educação ajudou, vem ajudando, mas não corrigiu nem
corrigirá tudo, o tempo entre as mudanças de comportamento é muito longo e
essas alterações não são homogêneas em relação ao universo, o que muda na
África não é o mesmo que muda no Oriente Médio ou na Europa, precisaríamos de
uma espécie de vacina obrigatória que interferisse na mente humana ou de um
chip cerebral que modificasse o âmago, a natureza do ser humano, a origem
tribal, que impedisse o ressurgimento da violência ancestral, no dia a dia de
cada um. Um único instante de raiva pode acordar a violência adormecida num
cantinho do cérebro humano. E essas mudanças comportamentais forçadas não
passam de devaneios.
Os
estudiosos da mente dizem que somos o resultado da soma de todas as
civilizações. Difícil seria atingir todos os humanos, em todos os continentes, só
com coisas boas. A besta humana, oriunda das cavernas, não desapareceu, vive a
nos espreitar, às vezes nos empurrando a crimes estúpidos, a guerras absurdos,
aqui e acolá. A ciência garante que a maldade não é coisa de filme, ela
habita entre nós e pode vir à tona quando reunimos fatores que estimulam o
aparecimento desse lado ruim. Originariamente somos todos maus, mas isto não
quer dizer que sejamos maus o tempo todo, existe um filtro natural, conforme a
educação de cada um. Para o psiquiatra Vítor Cotovio,
o cocktail explosivo da maldade nasce de vários fatores
conjugados, diferenciando uma pessoa de outra, muito em função da interação
entre caráter e temperamento. O ferrão do escorpião está em todos nós, mas não
o usamos sem antes interpretar os fatos que justificam, ou não, fazer o mal ao
outro.
Poderíamos
insuflar, aos quatro cantos do mundo, palavras e ações forjadas nos templos
tibetanos dos Dalai-lamas, ou na doutrina da maioria das religiões. Poderíamos
acreditar que, conforme os ensinamentos, seríamos a imagem e semelhança de um
Deus/amor, ou o próprio deus/Homem, duplicado à exaustão, janela e vista de uma
mesma teoria humanista, a personificação do espelho da divindade. Ainda assim,
diante da realidade dos acontecimentos evolutivos, não deixaria de ser um
sonho.
Embora
gostemos de divagar pela utopia, pelo sonho da paz mundial, não vejo o mundo
sem conflitos, a mim me parece que o bem e o mal nascem e morrem com o homem,
são vistas necessárias ao progresso proveniente da janela humana, como se o
homem tivesse uma balança interior, passível de ser influenciada pela vaidade,
pelo poder, pelo racismo, pelas distâncias sociais, pela vontade de controlar a
consciência alheia. O fiel dos pratos do bem e do mal, não se sustenta na
neutralidade. Tomar partido, com base em ideologias ou em religiões, é muito
arriscado. Jung dizia que “O pêndulo da mente humana oscila
entre sentido e absurdo, não entre certo e errado.”
Algumas
religiões, como a dos Drusos, sustentam a sonhada necessidade da reencarnação
purificadora – morrer ruim para renascer melhor! Uma espécie de mudança de
status, conseguida com a morte, no mundo espiritual: a cada ciclo de
vida/morte, surgiria um novo homem, uma nova janela humana capaz de gerar, com
o desenrolar do tempo, vistas pacíficas, que nos aproximariam de Deus.
Entrementes a IA vem caminhando a passos largos, mesmo sem possuirmos dotes nostradâmicos,
logo teremos de refazer, reprogramar, reimaginar o futuro, com base no
algoritmo.
As guerras bestiais entre parentes, no Oriente Médio, em muitos países
da África, na Ucrânia, etc. etc. são uma prova clara e evidente de que o
pêndulo da mente humana, às vezes, pende para o lado do absurdo, sem nenhum
pudor, nos levando a crer que, no conjunto da obra, alguma coisa, mesmo com a
evolução, ainda está errada ou não tem conserto. A ONU, desde a sua fundação, vem
sendo manipulada pelos poderosos, não consegue ter uma única voz pela paz.
A lógica da mente não absorve pacificamente a unificação de pensamentos
sionistas, racistas, de extrema direita, extrema esquerda, capitalistas
extremados, enfim, a paz, no dizer de Hermann Hesse, é algo que não conhecemos, que apenas
buscamos e imaginamos. A paz é um ideal.
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