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Crônica

A Visibilidade do Invisível


A Visibilidade do Invisível - Gente de Opinião

Durante muitos séculos, e ainda hoje, as riquezas da Amazônia despertaram/despertam a inveja e a cobiça do mundo. O ouro branco, o amarelo, a madeira, o ferro, o alumínio, o nióbio e inúmeros outros vegetais e minerais de grande valor estiveram/estão na pauta interesseira das tradicionais nações colonizadoras do universo. Ademais muitas ongs sobrevivem das falácias sobre a Amazônia.  Não fossem a proteção e a força do Exército Brasileiro nossas reservas vegetais e minerais já teriam ido pras cucuias. Não vem que não tem!

A frase − a Amazônia é o pulmão do mundo − dita à exaustão, já se provou cientificamente uma inverdade, pois as algas marinhas do fundo dos oceanos produzem o oxigênio necessário à manutenção da vida no planeta, mas são invisíveis. Com o surgimento no Amazonas de uma nova cepa do coronavírus, muito mais contagioso, porém não mais letal, do que o comum, parecido com o que já havia surgido na Inglaterra, no Japão e na África do Sul, o assunto referente a exploração da floresta brasileira voltou à baila.

A falta de planejamento, a cegueira preventiva proposital e a corrupção dos nossos políticos deixaram faltar oxigênio hospitalar em Manaus, despertando a ira de alguns brasileiros e a estupidez dos que se dizem defensores da floresta: − Essa nova cepa do coronavírus é consequência do desmatamento, se não assumirmos o controle desta região, outras doenças mais graves surgirão. Dedão do meio pra ocês, óóó!

Deixando de lado as “mumunhices esquisitórias” dos que nos invejam por não terem nascido num país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza, não há como não protestar pela incompetência humana diante da morte virótica, previsível e evitável. A incompetência conveniente corrompe a esperança!

É abominável a aceitação passiva do velho abismo brasileiro entre governantes e governados. Em vez de usar, decentemente, o dinheiro federal destinado à manutenção das novas e velhas unidades hospitalares, abastecidas de oxigênio, o Governo do Amazonas preferiu abandonar as medidas preventivas e se render, convenientemente, ao terrorista invisível e silencioso, não imaginando o brado popular e o desejo de muita gente por uma maldição: tomara que uma nova cepa do coronavírus atinja os políticos corruptos. Te cuida excelência!!!

A vacina já está pronta, por que gastar dinheiro com a saúde, se daqui a dois anos vou precisar desse dinheiro para minha campanha política? Tem horas que dá vontade de aplaudir o Putin e sua democracia disfarçada. Quero ver o Congresso russo desrespeitar as necessidades do Executivo ou a Alta Corte dizer que Putin já ultrapassou seu tempo no poder. O povo o reelegerá quantas vezes ele quiser, se a lei não permitir, muda-se a lei. Dura lex, sed lex é piada.

Enquanto continuarmos alimentando os grandes escritórios de advocacia com causas oriundas das nossas fragilidades legais, em nome de uma CF cheia de absurdos e de um controvertido Estado Democrático de Direito, abarrotado de privilégios, jamais consertaremos o Brasil, jamais aterraremos o abismo entre a Justiça e a população; jamais reforçaremos o elo entre governantes e governados; jamais construiremos a ponte da fraternidade necessária, que substituiria doutores e excelências por um simples “você”!

Senadores e deputados, insensíveis às mortes diárias por Covid19, em Manaus e no resto do país, se engalfinham pelo comando das casas legislativas. E ainda criticam quem sonha com uma democracia sem privilégios, ainda que construída à força, e adaptável às novas realidades. Sem um Congresso comprometido com as mudanças necessárias, sem uma lavagem moral no STF, sem uma Constituição Federal, mais realista do que sonhadora, dificilmente atingiremos um IDH compatível com as nações de mesmo padrão econômico social. Este é um futuro distante, nem sei se será alcançável, antes do fim do humano.

Por vivermos numa sociedade em que se enxerga mais o ter, a função social, a cor da pele, etc., a maioria da população continuará sendo mera sombra social, invisível, só aparece nas estatísticas. Quando um vírus invisível passa a ser protagonista da morte, atingindo todas as classes, soa um alarme na consciência dos visíveis, mesmo a gente sabendo que dos visíveis poucos morrerão e serão tratados em melhores hospitais, não lhes faltando UTIs no ar. De vez em quando morre um figurão, justificando o olho de Deus, diante do clamor isonômico.

Manaus tem sido, nestes dias, o destino de todas as preces, tomara que este “virocídio” desperte o eleitor e o legislador, muitas mudanças precisam ser feitas, para que não se repitam erros desta categoria, como por exemplo, paredão, aos que desviam dinheiro da saúde. Eu não consigo ver, nem creio em novos horizontes, passivamente: Bem aventurados os que não veem e creem.

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