Segunda-feira, 6 de junho de 2022 - 15h10
Esta semana os noticiários da
TV e as mídias sociais voltaram a falar de Elize Matsunaga, que, por ciúme, atirou
no marido e o esquartejou, enquanto vivo, para depois acondicioná-lo em sacos
plásticos e escondê-lo no ermo de uma estrada rural. Por dias ela usou a
polícia na busca pelo marido desaparecido. Quem poderia suspeitar de uma
loirinha meiga e bonita (nos padrões da beleza ocidental). E se fosse uma
negra? Com certeza, nem apareceria na mídia. O caso Elize vai virar série na
Netflix.
Quando a tragédia não estreia,
mas aparece em todas as janelas da imprensa multicor, agrega interrogações das
mais variadas especialidades, desperta o interesse de todas as idades, atrai os
sentimentos e os porquês de todas as classes, exatamente porque é absurdamente
humana, a grande novidade aqui é a evolução das mulheres: antes só os homens
matavam violentamente “por amor”, salvo raríssimos casos registrados pela
história.
Aos 19 de maio de 2022, exatos
dez anos após o esquartejamento do marido, ao deixar a prisão para cumprir o
resto da pena em casa, Elize divulgou que havia escrito um livro à mão,
enquanto esteve presa, intitulado “Piquenique no inferno”. Segundo Elize, a
obra apresentará sua versão dos fatos à sua filha, hoje com 11 anos de idade e
vivendo sob os cuidados da família burguesa dos matsunagas. Não tenho dúvidas
de que o livro mencionado será um bestseller.
Durante muitos dias, em maio
de 2012, o rádio, a televisão, os jornais e as revistas exploraram o caso que
abalou a sociedade paulista: uma loirinha de rosto angelical matou e
esquartejou o marido nissei, milionário!!! O romance que ela viveu está no imaginário
da grande maioria das adolescentes mundiais, esteve nos contos de fada, na
estória do príncipe encantado. A vontade de concretizar sonhos e apressar a
esperança arrasta a maioria das mais bonitas, simples e despreparadas
emocionalmente, para a prostituição, tornando-as conhecidas como garotas de
programa, com visibilidade em várias janelas da internet.
A doce Elize esteve na
“galeria do amor”, até o dia em que encontrou o japa que lhe deu uma moldura de
princesa; o nome Matsunaga a teletransportou para um castelo da zona oeste de
São Paulo: um apartamento/cobertura de mais de 500m2.
Elize e Marcos viveram o amor
sexual, uma paixão oriunda das vistas encantadas, produzidas nas janelas
sexuais do corpo. O material determinava o espiritual: ela sentia-se deusa do
amor, como extensão das curvas perfeitas de seu corpo jovem. E se achava dona
da vida, dona do objeto Marcos Matsunaga, não aceitou dividi-lo, nem suportou o
destino escolhido por ele, em momento de alucinação, de machismo, de poligamia:
“Vou te mandar de volta para o lixo de onde você veio”.
Nem a uma deusa é facultado
amar e manter-se sábia, Elize deve ter esquartejado o marido lembrando-se da
forma como conseguiu toma-lo da primeira mulher, pena que não ouviu os
sussurros de Shakespeare, grande entendido em tragédias: “Deleites violentos
têm fins violentos. Morrem no meio do seu triunfo, como o fogo e a pólvora que
se consomem logo que se beijam”.
Casos como o de Elize e
Marcos, mais do que nunca, demonstram as várias vistas da janela do amor:
enquanto sincera afeição humana, é recíproco, promove o bem, desnuda a
felicidade, entretanto, se controlado pelo ciúme, pelo desejo, pelo egoísmo e
pela vaidade, transforma-se em sentimento mesquinho, meramente sexual, vira
paixão! Na paixão, a pessoa amada vira objeto de apetite, onde o gozo
momentâneo é vulgarmente material, onde a saciedade obscurece o amor, onde o
sentimento de posse turva todas as vistas agradáveis, descambando, quase
sempre, para a janela da violência, com suas respectivas vistas selvagens.
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