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Crônica

Cadê os defensores dos macacos?


Cadê os defensores dos macacos? - Gente de Opinião

Estou torcendo para que esta campanha da CBF – Com racismo não tem jogo − seguida pela Rede Globo e demais TVs abertas, além das mídias sociais, dê certo. Desde as mortes de vários pretos americanos, repercutindo a campanha – Black lives Matter − nos EUA e em grande parte do mundo, que não víamos uma campanha reverberar tão forte que nem essa envolvendo o Vini Jr na Espanha. É bom que se diga: desde que o Vini pisou nos gramados espanhóis que não tem sossego, para mostrar o que ele sabe fazer de melhor, jogar futebol.

O “caso Vinicius Junior”, segundo o site GE, não é só um caso. São vários. O atacante do Real Madrid é vítima de ataques, insultos e diferentes níveis de racismo há anos. Desde quando atuava no Flamengo, ainda no Brasil. São inúmeros episódios que levaram até o estopim, diante do Valencia, quando o brasileiro decidiu não se calar.

Nesse último final de semana, Vini perdeu a paciência e foi pra cima da torcida do Valência que o chamava de macaco, como se dissesse: Macaco uma ova, seus hijos de égua, sou jogador de futebol e não admito a atitude racista de vocês. 

O protesto do Vini, culminou com desentendimentos com outros jogadores e a sua expulsão de campo. Os valencianos não esperavam tanta repercussão extra campo. O protesto antirracista do Vini Jr pegou fogo em todos os continentes, tomara que sirva para diminuir o racismo velado, estrutural que existe no Brasil, há muitos anos. Por aqui, o pardo, o moreno, o negro de feições finas, não gostam de serem chamados de pretos, porque se envergonham de suas origens. Nos EUA e na África do Sul, por exemplo, ou você é preto ou é branco, não importa o grau de mestiçagem.

No Brasil, o branco nunca deixou de ser racista, como também são racistas os morenos claros, os pardos. Com a inclusão dos pretos em novelas, em propagandas nacionais e internacionais, em programas da TV aberta, o racismo perdeu um pouco da sua força, mas não acabou. Tomara que desta vez o nosso Vini, via futebol, alcance o status de um Mandela, ou de um Martin Luther King.

Contudo, o que mais nos estarrece é ver um Senador da República, Magno Malta, protestar em voz alta, ao vivo e a cores, da sua cadeira no Senado, para o Brasil e o mundo, que os espanhóis ao chamarem Vini Jr de macaco estavam insultando os macacos: - Cadê os defensores da causa animal que não defendem o macaco? Segundo o senador, a imprensa “revitimiza” o jogador ao repercutir o caso. Mais adiante, insistiu “O mais triste é que as emissoras ficam com esse assunto desde ontem, reverberando porque o assunto dá ibope. é uma descaração isso. “Veja quanta hipocrisia. O macaco é inteligente, é bem pertinho do homem, a única diferença é o rabo. É ágil, valente, alegre, tudo que se pode imaginar ele tem”. O senhor senador deveria se casar com uma macaca Bugio muito parecida com ele.

A que ponto chegamos, o cidadão autor da frase proferida no Congresso é pardo, moreno, com ascendência negra. É por isso que afirmamos, no Brasil, o racismo precisa ser tratado de forma diferente.

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