Quarta-feira, 15 de novembro de 2023 - 10h31
Conversando com professora do 1º Ciclo, esta,
narrou-me curioso episódio, ocorrida na sala de aula:
Corriam os primórdios dos anos oitenta. Os
símbolos nacionais haviam caído no esquecimento - bandeira e hino.
Fora educada em colégio, que exaltavam o amor à
Pátria e respeitavam, diria melhor: veneravam os símbolos, que a representam e
a enaltecem.
Ardendo de amor patriótico assentou levar para
a escola, bandeirinha e letra do hino oficial da nação.
Após colocar a bandeira na secretária, começou
a ler-lhes trecho patriótico, acessível à idade dos ouvintes, para lhes avivar
o amor à Pátria.
Silencio augusto. A acriançada entusiasmada,
arregalava os olhos de curiosidade. Ninguém bulia.
Terminada a fascinante leitura, a professora
mostra a bandeira e pergunta-lhes:
- Quem conhece esta bandeirinha?
Menino expedito, de imediato ergue-se, estica o
braço, e de indicador apontado para o céu branco de estuque, responde com
sorrisinho maroto:
- É a bandeira da seleção!...
Não se enganara, mas desconhecia que era a
bandeira do seu país!
O desconhecimento era devido à mass-media ter
evitado, durante anos, invocar símbolos e factos patrióticos que, na época,
eram, em geral, mal interpretados.
Havia, até, quem fosse de parecer, recontar a
nossa História. Julgava-se ser necessário expurgá-la, e ensiná-la de harmonia
com as ideologias em voga.
As atitudes dos homens do passado, modo de
sentir e agir, devem ser sempre enquadrados na época em que acorreram.
Meu pai, quando frequentava a escola, o ensino
era feito de palmatória. Chegava a casa com as mãos num cepo. Os familiares
riam-se e diziam: " Estuda que ninguém te bate!"
Trindade Coelho, na autobiografia, assevera que
lhe batiam nos nós dos dedos com régua - régua em esquina, - e o pai concordava
com a barbaridade!...
No meu tempo do bê-á-bá, apesar de ser proibido,
ainda se ensinava a tabuada à palmatoada!
Num importante colégio, alunos que não
soubessem a gramática, na ponta da língua, ficavam de joelhos, sobre as carteiras...
e estávamos já nos anos cinquenta!
Eram os professores e os pais sádicos? De modo
nenhum. O castigo físico era considerado a melhor pedagogia.
É, portanto, absurdo criticar figuras que
viveram em séculos passados, pela forma como pensavam e agiam.
Os acontecimentos históricos devem ser
analisados, consoante a mentalidade corrente no tempo em que ocorreram, e não à
luz dos tempos atuais, se quisermos ser honestos, caso contrário será pura
ignorância.
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