Quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025 - 11h53
A logística de palavras, usada
pelo escritor regular, com o intuito de se fazer entender, ao término do texto,
às vezes, é traída pela dinamicidade da língua, mudando a semântica,
complicando o entendimento, obrigando a observância do circunstancial, no
contexto: até bem pouco tempo, dedurismo só era usado no sentido pejorativo,
para denominar pessoas sem ética, sem caráter, marginal; hoje, é sinônimo de
delação, não uma delação qualquer, mas premiada
ou subornada!
No mundo do poder político e
das atividades policiais, suborno, alcagueta, delator, corrupto, dedo duro, são
palavras que se misturam nas atividades do dia a dia. A integridade de antão, cada
vez se distancia mais do homem público. Contudo, uma delação nos quadros do
Exército Brasileiro, até bem pouco tempo, era impensável.
Depois das intervenções do
STF, perdoando corrutos condenados em até 3 instâncias, ignorando delações
feitas ao vivo e a cores: “Você não disse isso, nem fez isso, errado foi o
juiz que lhe perguntou. Tá perdoado”! Ocorreu uma banalização da delação, como
se ela tivesse sido nivelada por baixo, comparada a uma simples ação dedurista:
integridade e honra são virtudes inalcançáveis, salvo raríssimas exceções. Parece
que o suborno passou a ser inerente ao ser humano, como se as trinta moedas de
Judas servissem de exemplo aos homens públicos subornados de hoje. As ações
humanistas de Jesus Cristo só serviram a Pôncio Pilatos, no comodista ato de
lavar as mãos.
No entanto, nos conforta saber que, pelo menos
nesse fato da história judaico/cristã, essa ação dedurista não teve um final
feliz: Judas ganhou 30 moedas, mas não suportou o peso do suborno, na
consciência. Se fosse hoje, a punição de Judas, variaria de acordo com o país e
a evolução dos costumes da região.
Amanhã, muitas crianças, que
se envergonhavam dos pais, porque políticos ou militares corruptos, dirão
orgulhosamente à professora e aos colegas: − meu pai foi um delator premiado,
reconhecido pelo STF!!! Se bem que o STF só reconhece delações convenientes. As
da Lavajato, por exemplo, foram jogadas na lata do lixo.
“Dedo duro” era a alcunha mais
temida na vida de um cidadão. Lembram de Wilson Simonal, marcado pela classe
artística por ter supostamente dedurado colegas de profissão ao DOPS, na
vigência do Governo Militar?
Lembram de José Genoíno,
acusado por muita gente do PC de ter dedurado seus colegas, durante a guerrilha
do Araguaia? Até hoje ele carrega essa pecha, como um fardo insuportável. No
submundo do crime, o prêmio de um alcagueta é uma bala na cabeça: recentemente
o PCC matou um delator, em plena luz do dia, nas dependências de um movimentado
aeroporto de São Paulo.
O mundo dá voltas, o vulgar
“dedo duro” virou delator, ou melhor, autor de delação, que por ser uma atitude
considerada boa para a sociedade, é premiada.
De fato, “dedo duro” é chulo, delator é chique, principalmente agora que o termo
passou a frequentar a banca dos melhores advogados do país e está na pauta do
MP, do STF, do Congresso e do Executivo Federal, Estadual e Municipal: o instituto da delação premiada, a partir de
agora, é um ato jurídico perfeito, declarou pomposamente a ex-presidente do
STF.
Muitos dirão, nas prévias da
eleição de 2026, em comícios populistas: votem em mim, eu sou um delator
premiado, eu devolvi parte do que furtei e ainda mandei pra cadeia muitos dos
meus colegas, se estou solto e pleiteando uma nova oportunidade é porque fui
premiado pelo STF. Prometo que vou continuar exigindo propinas, mas distribuirei
parte delas, para bem do Brasil, o que significa dizer que estarei sempre
lutando por mais e mais emendas parlamentares comprometidas com a corrupção. Quando
será que aprenderemos a votar? Quando será que seguiremos o exemplo do México,
elegendo por voto direto os ministros da Suprema Côrte?
E ainda há quem se surpreenda
com o péssimo ensino público, com os parcos recursos para a saúde, com as
distâncias socais e com o aumento da violência nas cidades brasileiras.
Quem gosta de cinema, vale a
pena conferir a atuação de Al Pacino (Oscar de melhor ator), no filme Perfume
de Mulher (disponível na Netflix), interpretando um tenente coronel cego, do
exército americano, ao lado de um jovem de 17 anos que conquistara a sua
amizade, servindo como seu acompanhante (guia), no feriado de Ação de Graças,
nos EUA. O filme mostra várias cenas impactantes, mas a que recomendo, em função
do tema dessa crônica, se passa no anfiteatro lotado de uma conceituada
instituição de ensino americana, onde estuda o jovem amigo do Coronel. O estudante
está sendo pressionado pelo diretor, por ser um humilde bolsista, a delatar
seus colegas riquinhos, devido às travessuras estudantis. No discurso
espontâneo do Tenente Coronel, diante de professores e demais alunos da
instituição, ele defende, brilhantemente, o silêncio do jovem estudante, que se
negou a receber suborno, para delatar seus colegas ricos: é uma questão de
formação de caráter, de integridade moral. Segundo a crítica, esse discurso,
interpretado por Al Pacino, aplaudido de pé, por docentes e discentes, é dos
mais emblemáticos da história do cinema. Confiram, ao menos para assistirem a
um cego, dançando tango.
Gostaria de ter nascido, onde
não se estranhasse a prisão de políticos corruptos, ministros, empresários
safados, oficiais delatores e delatados, além de outros viciados da mesma
espécie; onde o Congresso fosse isento, sem rabo preso com o STF; onde a
1ªinstância, com ajuda de um Tribunal Popular, tivesse força para condenar
corruptos, sem interferência da indústria de recursos, mas parece que muitas
coisas no Brasil nunca mudarão. Se isso um dia ocorrer, eu já não estarei
aqui.
Baseado nos discursos dos
novos dirigentes do Congresso, escolhidos numa eleição de cartas marcadas,
concluímos que a mamata continuará, nem Deus sabe até quando, já que o povo
humilde e bem intencionado morrerá acreditando na silenciosa e inoperante justiça
divina, para gáudio dos “manda chuva” republicanos, fantasiados de democratas, com
o conluio da mídia comprometida, seguidora do lema de Jim Morrison: “quem
controla a mídia controla a mente”.
Os restos mortais de Eça; pertencem ao estado ou á família? (Continuação)
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