Terça-feira, 30 de janeiro de 2024 - 10h46
Quando percebi o esforço do
confrade da ARL (Academia Rondoniense de Letras Ciências e Artes), Reginaldo
Trindade, pela agitação do MDC (Movimento dos Depressivos Conhecidos), como
resposta ao tratamento desdenhoso que a sociedade dá à depressão, resolvi
relatar a minha experiência, na expectativa de que meu testemunho seja mais um
horizonte, para alguém que luta ou já lutou contra a depressão.
Imaginem-se presos a uma
enorme caixa, sem janelas, tudo escuro e uma imensa vontade de não fazer nada.
Não havia vistas. Não havia janelas que me apontassem o cenário. Essa era a
sensação que me atormentava, quando as ondas da depressão começaram a varrer as
pegadas da praia da minha mente. Não ouvia ninguém, sequer percebia minha
própria voz, como se alguém invisível estivesse me sufocando, como se o ar, ao
entrar no meu corpo, pela respiração, estivesse causando desordem cerebral, mas
não podia culpá-lo, pois fui eu que deixei a janela da alma aberta. Difícil
controlar o lado direito do cérebro, sempre cheio de emoções, imaginações,
fabulações, desejos, visões, esperanças. Maldito cérebro de dupla face, duplo
hemisfério, capaz de influenciar o outro lado, o da razão, o da lógica. Que tal
tentar ser o maestro do seu próprio corpo, traçando sinapses entre os neurônios
dos dois hemisférios, com a batuta da consciência? Sonho meu!
Antigamente eu não sabia que
estava sofrendo de uma séria enfermidade, aumentava o consumo de café, fechava
os olhos, pensando que não ia ver nada, era pior, via o que não devia, me via!
Começava, então, a vontade de morrer. Só a morte poderia parar a agonia da
minha cabeça, pensava eu. Embora meus pensamentos estivessem aprisionados, eu
me locomovia para todos os lados, mas não tinha noção da direção, aqui e acolá
eu parava repentinamente, como se estivesse à beira de um precipício.
O mais complicado era que,
essa estranha sensação, do mesmo jeito que aparecia, ia embora, sem que eu
soubesse o tempo de duração. O meu silêncio momentâneo, os olhos apavorados, a
vontade de chorar e de não me levantar da cama, eram interpretados pelos que me
cercavam como frescurite.
Houve uma época que também eu
achava que não estava doente. O sinal de alerta tocou o meu espírito,
quando meu sentimento de sobrevivência começou a falar mais alto, a me mostrar
que algo estava errado, pois a vontade de morrer não me abandonava. O
diagnóstico foi preciso: você está com depressão.
Passei a tomar remédios tarja
preta, ficava leso, até o dia em que resolvi, com a ajuda de um psicoterapeuta,
reciclar meus pensamentos, aprendi a controlar minha respiração e a meditar.
Hoje já não medito mais e sinto como se a depressão tivesse se adaptado ao meu
novo pensar. Há quem diga que eu aprendi a conviver com a depressão. O fato
preocupante é que ela retorna e tem rompantes oriundos do outro, lembram de
Sartre?
Nesse meu novo processo
natural de reciclagem mental, tomei como base princípios de uma filosofia de
vida conhecida como Taoísmo, e desde então venho aprendendo a me melhorar, cada
vez mais. Tao quer dizer caminho. Não tenho religião nem tomo remédios. Procuro
viver em harmonia com a natureza, tentando atingir o equilíbrio, ou o Tao. De
tudo que aprendi o que mais me ajudou foi o relativo desprendimento
do mundo material (ninguém consegue se desvincular totalmente, ele é inerente)
e a forma de lidar com a corrente dos desejos, porquanto, ao realizarmos um,
outro surgirá em seu lugar, ensina o mestre. Identificar de que lado vem o
desejo, se da lógica ou da emoção, é de suma importância.
Mediante exercícios e novos
pensamentos, elimino de dentro de mim os desejos inúteis. As coisas vão
acontecendo naturalmente, conforme o equilíbrio, a harmonia entre o bem e o
mal, de certa forma centrados na dualidade cerebral.
Não é fácil, depende de muito
estudo, dedicação e paciência. O Tao Te Ching, livro sagrado do Taoísmo,
escrito por Lao Tsé, é chamado em português de livro do Caminho e da Virtude. É
um livro de 5.500 palavras em que estão contidos os ensinamentos filosóficos
adquiridos por Lao Tsé na busca pelo caminho.
Espero que este singelo texto
o ajude a controlar a depressão, a descobrir o caminho! O meu
ainda é uma vereda, cheia de pedregulhos e incertezas. “No meio do
caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas
retinas tão fatigadas.” (CDA)
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