Quinta-feira, 10 de abril de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Crônica

Exaltando a democracia


Exaltando a democracia - Gente de Opinião

Muitos são os brasileiros, principalmente políticos, que se não cansam de exaltar as vantagens do regime democrático. Alguns o fazem até com certo grau de emoção que chega a contagiar circunstantes. E não é sem razão. A democracia é a melhor forma de governo. Nisso concordamos. Mas, convenhamos, será que estamos construindo a democracia que desejamos? Será que um dia vamos conseguir conciliar um projeto sério de desenvolvimento com o regime que temos, infectado pelo vírus da corrupção que grassa nos quatro cantos do país, como erva daninha? Como manter e ampliar princípios de decência, fundados na mais ampla representação da sociedade politicamente organizada, em estruturas arcaicas, carcomidas pela podridão de acordos espúrios, que subvertem e fere de morte o ideário da Constituição e da nacionalidade, maculado pela apropriação criminosa de recursos públicos? Até quando teremos que conviver com condutas incompatíveis com a ética no manuseio da coisa pública?

O Brasil é um dos trinta e oito países onde o voto ainda é obrigatório, e está entre os dezessete que aplica algum tipo de punição a quem deixar de votar. E o que dizer do cidadão que deixar de atender a convocação para trabalhar nas eleições? Mesmo em tempos de pandemia, e justificando a ausência por conviver com pessoas consideradas vulneráveis ao vírus da Covid-19, corre o sério risco de pagar uma multa. Mas é assim que as coisas funcionam por aqui. E ponto final.

Dias atrás, um senador foi apanhado pela Policia Federal, com notas de reais na cueca. Como punição, colegas o presentearam com trinta dias de licença remunerada. É mole? A competente Policia Federal de Rondônia filmou um parlamentar recebendo propina. E o que aconteceu? Até agora, nada. Em um país sério, ele já teria sido afastando de suas funções. Isso para dizer o mínimo. Mas, no Brasil, não! Por quê? Simples! Vivemos no país do jeitinho, do corporativismo, do empurra com a barriga, do toma-lá-dá-cá, onde muitos confundem imunidade parlamentar com impunidade penal, quando o bom-senso manda que os fatos sejam devidamente apurados e os considerados culpados rigorosamente punidos, até para que sirvam de exemplos.

Desgraçadamente, o que se tem visto, em alguns casos, inclusive, próximos de nós, é o lixo sendo empurrado para debaixo do tapete. Para esses, dane-se o destino da democracia, conquistada a duras penas, inclusive com as vidas de muitos brasileiros e, por isso mesmo, precisa ser preservada a qualquer preço, como bem maior do cidadão, do povo, enfim. No fundo, pouco importa para essa gente que a democracia continue sendo exposta a toda sorte de bandalheira.

A tão propalada transparência, a colocação das cartas sobre a mesa e a linguagem direta e sem subterfúgio, só existem no discurso de uns poucos, porque, na prática, a realidade é outra. Senhores parlamentares, acordem, pelo amor de Deus! Será que os senhores não veem que esse tipo de comportamento nada agrega de valor à democracia? Será que é tão difícil assim aprender com os próprios erros? Lembrai-vos das folhas paralelas e “otras cositas más”.

Gente de OpiniãoQuinta-feira, 10 de abril de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Confissões de um ribeirinho

Confissões de um ribeirinho

O rio Madeira está muito cheio hoje. A régua de medição das enchentes está marcando quase 17 metros em Porto Velho. Essa marca é a cota de alagação,

A Estátua da Responsabilidade e o Poder Moderador

A Estátua da Responsabilidade e o Poder Moderador

Nos meus tempos de faculdade presencial, nos idos das décadas de 1960/1970, tínhamos, durante o ano letivo, praticamente 4 meses de férias – para nó

¨1 Anos - Nas trilhas do tempo

¨1 Anos - Nas trilhas do tempo

Hoje completo 61 anos. Não são apenas números, mas marcos de uma jornada que moldou quem sou. Se pudesse resumir essas seis décadas em uma palavra,

Os restos mortais de Eça; pertencem ao estado ou á família?  (Continuação)

Os restos mortais de Eça; pertencem ao estado ou á família? (Continuação)

Também Manuel Tavares Vieira, na: " Tribuna Pacense", de 27/X/2023, ao comentar a trasladação, afirma: " Não se percebe muito bem esta súbita vontad

Gente de Opinião Quinta-feira, 10 de abril de 2025 | Porto Velho (RO)