Quarta-feira, 11 de maio de 2022 - 14h05
Com a aproximação das
eleições, consequentemente, das propagandas eleitorais no rádio, TV e demais
mídias, já dá pra ouvir o som dos guizos da cascavel, trazendo consigo a magia
de fascinar tudo quanto a rodeia, balançando o rabo e mostrando os dentes. Não
à toa, a lábia dos políticos é comparada a peçonha das serpentes, são raros os
que escapam dessa sina, todavia a gente sabe que nem todos os políticos são
peçonhentos.
Devido a capacidade de
camuflagem de algumas espécies e, principalmente, em função da sua língua
comprida, usada para caçar, os camaleões são também comparados aos políticos,
que, nessa época do ano eleitoral, saem, camuflados, em busca de votos, alongando
a língua e usando todo tipo de argumento. Se observados bem dá pra se notar, em
meio à inocência da natureza camaleônica, os dentes afiados e o veneno da
cascavel que habita a maioria deles.
Esta semana uma cascavel
treinada no Ceará, metido a valentão, que gosta de se dirigir, a quem o
contesta, com palavrões, em entrevista na Band/TV, tentou convencer o eleitor de
que ele é a esperança da despolarização, a certeza de reformas políticas e
tributárias, que recolocarão o Brasil nos trilhos do desenvolvimento. O povo
conhece bem a força dos guizos pedetistas, pra não dizer brizolistas, e não
caminhará nesta trilha infestada de veneno demagógico.
O
que Ciro representa de melhor é a ambiguidade do presente, a ambivalência das
buscas. Ele nem é esquerda, nem é direita, é, mais ou menos, centro. Já esteve
dos dois lados e nada definiu de substantivo, é apenas o ponto equidistante
entre os extremos, onde o velho/novo acaba sendo o que não se identifica,
completamente, com nenhuma das ideologias dos polos corroídos pelo tempo e já obsoletos.
No conjunto, difícil imaginar que construa uma identidade e uma narrativa que
tornem seu movimento político durável. Por absoluta falta de opção, vivemos a
era da ambiguidade política e o Ciro está se aproveitando disso.
A outra cascavel, convenceu seu vice/fantoche
a cantar, a plenos pulmões, o hino da Internacional Socialista, tentando
convencer o povo de que só ele está autorizado, enquanto socialista, a lutar
pela utópica igualdade, pela aproximação das classes sociais. Mais do mesmo em
matéria de promessas populistas. Foram dois mandatos dele e quase dois da Dilma/fantoche
e nada de proveitoso foi conseguido pelo petismo, a não ser uma postura
administrativa centrada na corrupção e um STF, em sua maioria, comprometido com
quem os nomeou, desprovido de qualquer pudor jurídico: - “Ninguém, na
história desse país, foi mais corrupto do que eu”. O passado e o
presente nos sinalizam que o povo gosta de ser enganado, gosta de ouvir o canto
da sereia, mesmo sabendo que a decepção caminha de braços dados com o discurso
político. É como se os petistas estivessem aprendendo a cavar um porão no fundo
do poço. O futuro, o que será?
O outro ator da polarização,
fala e age, como se já fosse um ditador, vencendo nas urnas, ou não, mesmo
sabendo que não terá o apoio do Colégio de Generais. Não me perguntem por quem
os sinos dobrarão, após as eleições, eles poderão anunciar, com badaladas
vigorosas, a derrota do povo brasileiro, recuperando, com novos ingredientes, a
ideia deturpada de que “a política é uma atividade suja, centrada na defesa de
interesses espúrios e entregues a atores sempre propensos a manobras escusas,
mentiras, dissimulações e trambiques”.
Pierre Bonnard, pintor francês
pós-impressionista, ao pintar uma maçã sem a cor e sem o formato original, deu
aos críticos a chance de interpretarem: isto é aquilo, mas
pode ser outra coisa, conforme o olhar. Diferentemente dos outros saberes, o
saber do artista privilegia a ambiguidade. Na política, por exemplo, a
ambiguidade se orgulha de aparências e falares multi-interpretativos,
confundindo a opinião pública e o eleitor, na hora da decisão de votar em um
candidato, minimamente convincente.
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