Sexta-feira, 24 de junho de 2022 - 16h29
As vistas das minhas janelas, em todos os tempos, sempre tiveram vibes positivas, mas a vida me impôs marcas negativas, na minha pele, no meu bolso, no meu olhar distante, que incomodaram/incomodam o meu viver.
Todavia
não me considero um revoltado, como não me vejo pregando o amor, a paz, o céu
como recompensa, o uso de drogas, para fugir às imposições existenciais
negativas.
Bem que eu tentei, bem que eu venho tentando, mas a filosofia das vibrações positivas, a positive vibration de Bob Marley não entrou no meu cardápio, continuo me importando com bens materiais e com o que o dinheiro compra, e não me visto com roupas simples, nem vejo a natureza com olhos de cabra morta. Ter ou não ter? Ter!
Minha
vibe positiva, meu estilo, minha filosofia de vida não combinam com impulsos
alucinógenos, sou o que sou, em busca de vitórias, vencendo os muitos braços
que me puxam pra trás, com competência sem valor de mercado, ainda assim busco.
No pântano dos relacionamentos doentios não consigo nadar, são tantos obstáculos a serem dragados, tanta sujeira. Vou curtindo a minha alucinação controlada, vivenciando o meu ser a meu modo, com a minha vibe própria, mesmo sabendo que a experiência básica de ser quem sou, é uma construção frágil, em meio a uma sociedade hipócrita, onde a voz mais alta sempre foi a do ter.
A vista
da minha vibe pessoal, muito além da janela pós setenta, vem tumultuando meu
olhar, já nem sei se é uma vista me libertando ou a velha janela me iludindo,
confundindo meu discernimento e me obrigando a teclar, loucamente, como se
estivesse polindo o real significado das palavras, na tentativa de substituir a
vista da janela das minhas vibrações negativas. Ser já não importa, mas capengo,
a esperança é um agradável blefe.
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