Quinta-feira, 8 de outubro de 2020 - 19h48
O
brasileiro, não sei se por hereditariedade comportamental, jamais por
ignorância, quando tem a chance de administrar verbas públicas, o faz de forma
absurda, como se fosse o dono do destino social. A gente sabe que muitas das
fortunas desse nosso brasilzão foram construídas de forma ilícita, todavia dói
mais, quando as tramoias estão ligadas à saúde dos humildes. Tenho certeza que tudo
foi feito de má fé, porque os escândalos de desvios de montantes da saúde apontam
pessoas esclarecidas como médicos, políticos e empresários.
De ponta
a ponta do país, onde as verbas federais foram disponibilizadas para diminuir o
número de mortos na Pandemia da Covid19, o que se viu e estamos acompanhando
pela TV, conforme investigações da Polícia Federal, foram malversações do
dinheiro público, incompatíveis com o nível de instrução dos envolvidos. Monopolistas
da pilantragem, coronéis eternamente populistas.
Secretários
de saúde, governadores, prefeitos, empresários, não se acanham de aparecer
diante das câmeras das redes de TV, como titulares dos desvios de recursos
sociais, com a maior cara de pau e o já manjado nariz de Pinóquio malufista. Eu
nego, não fui eu, a justiça comprovará a minha inocência.
Muitos
hospitais de campanha, afoitamente construídos com o intuito de desvio de
dinheiro, sequer foram usados, outros nem foram construídos e ainda houve o
caso de um hospital, adquirido por um preço bem acima do avaliado. E isto não
aconteceu apenas no Rio de Janeiro, mas também no Pará, Amazonas, Rondônia,
Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, etc. etc. Que sentimento perpassa as
veias desses aproveitadores infelizes. Como não acredito em inferno e sei que
as cortes superiores lhes serão brandas ou coniventes, resta-me o desabafo: vão
todos pro raio que o parta.
Se a
imprensa brasileira, dona dos obituários das vítimas do coronavírus, fizesse um
levantamento, para saber a autópsia financeira de um defunto de Covid19, em
relação às verbas federais, enviadas para estados e municípios e desviadas ou
aplicadas de forma errônea, teríamos o maior custo cadavérico do
mundo, sem falar nas inúmeras vítimas que seriam poupadas. Nossa assertiva
decorre do fato de que ainda estamos entre os líderes mundiais de corrupção: de
180 países estamos no 106º lugar.
O cenário
só não é mais desolador, graças à pálida reação da sociedade e de algumas das
instituições brasileiras, mas ainda estamos nas mãos do Congresso,
tradicionalmente corrupto, resistente às reformas que atacariam de fato as
raízes do problema, e de atitudes de alguns ministros da alta Corte, que
insistem em soltar os líderes da corrupção, desacreditando investigações da
Polícia Federal, contrariando sentenças de juízes federais incorruptíveis e de
alguns denodados procuradores federais, sufocados pela nova PGR, quando gritam em prol
da independência dos grupos anticorrupção. Não se mata o dragão com
um simples afago, tem que ser à machadada investigativa e mediante
punição severa, exemplar, logo na 1ª instância.
Sem que o
povo seja educado para entender o valor do voto, o porquê do dinheiro público não
ser mais transparente; a interdependência dos poderes republicamos numa democracia, e porque nossa constituição
é considerada uma das mais avançadas do mundo, apesar das distâncias sociais e do
alto custo Brasil, dificilmente alcançaremos o ranking dos países mais
avançados e deixaremos de ser a vitrine mundial da corrupção.
Não vejo
como modificar a estrutura da nossa pirâmide social, se não nos envolvermos num
processo de educação em massa, capaz de acabar com o jeitinho brasileiro, com a
exploração dos mais espertos; se não adaptarmos a Constituição Federal à nova
realidade presidencialista, por uma democracia forte, escorada em poderes republicanos
que não competem entre si, nem visam o próprio bolso, mas fiscalizam as ações
governamentais e a concorrência capitalista, criteriosamente. Sonho meu,
sonho meu…
O povo
precisa deixar de ser só um detalhe, atualmente, sabemos que os congressistas
eleitos jamais atirarão no próprio pé. Nem tomando a Bastilha garantiríamos a
solução, pois não é um problema que se resolve com violência, mas com educação e
nova mentalidade. É um futuro tão distante e utópico, que se confunde com
um buraco negro, um aspirador de sonhos.
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