Quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021 - 15h40
A concorrência por amplas
vitórias, nos relacionamentos interpessoais, na olimpíada da vida, nem sempre
se adapta ao sarrafo. Os saltos, envolvendo alteridade ou empatia, são os mais
difíceis de serem conseguidos. Como é difícil encontrar dentro da gente um ser
humano sinceramente altruísta − a máscara de santo encobre o originariamente
mesquinho. Entrementes, vitoriosos, vencedores, triunfantes, possuem seus
seguidores, seus fãs, conhecidos ou não, e podem, razoavelmente, interagir com o
inerente caráter humanitário, o sentir a dor do outro, desde que haja uma
sinergia, a fim de que a altura do sarrafo não impossibilite o vitorioso salto
da empatia.
“Se
dois amigos pedirem para você julgar uma disputa, não aceite, porque você irá
perder um amigo; por outro lado, se dois estranhos pedirem o mesmo, aceite, porque
você irá ganhar um amigo” (Santo Agostinho).
Se em cada cabeça há uma
sentença, assimilar e aceitar as vistas da janela do outro, não é tão fácil
assim. Tudo bem que o outro se ache mais sábio, mais inteligente, no entanto, na
corrida para ultrapassar o sarrafo da concorrência, a vida nos ensinou que o
homem que diz sei, não sabe, que diz sou, não é, e, na pressa pela vitória a
qualquer custo, acaba derrubando o sarrafo, na frente dos espectadores. Das definições possíveis do homem, uma só é verdadeira: o homem é o
animal que disputa (AH).
E se você for o reitor de uma
universidade, presidente de um partido político, da Câmara de Vereadores, da
Assembleia Legislativa, da Câmara dos Deputados, do Senado, ou simplesmente
presidente de uma academia de letras, formada por escritores, juízes,
desembargadores, médicos, advogados, professores, cientistas, artistas,
quarenta egos inflados, prontos para competirem no salto em altura, com ou sem
vara? Não, não é fácil conviver, administrar vitórias e derrotas. Reconhecer um
sarrafo alto ou perder pro outro, faz parte do jogo da vida! Abraham Lincoln nos
ensinou que aqueles que valorizam o pódio
mais do que a disputa não são dignos de subir nele.
Às vezes eu me ponho a abrir a
janela do outro ou a trocar a janela dele pela minha, as vistas são de difícil
assimilação, porque envolvem muito mais do que a simples diferença de cor, de
gênero, de grau de instrução, de cargo, de status e vão às profundezas da alma,
onde se escondem os primeiros comprometimentos genéticos, que determinam de que
parte do mundo você veio, quais conceitos você assimilou, ao longo do tempo, o
que entrou mais no seu cérebro e permanece até hoje, tanto do lado materno
quanto do paterno. Gustave Young dizia que no cérebro humano está a soma
de todas as civilizações.
Para se sentir em processo de
alteridade você precisa atravessar os obscuros labirintos da mente humana,
desnudar as paixões oriundas do ego, trazer à tona a esponja que apaga a
inveja, nivelar, na medida do possível, o sarrafo dos desejos, descobrindo os
grandes fantasmas da concorrência, que perseguem o homem desde a origem.
Você não pode desejar e ser feliz ao mesmo tempo.
Com isto não quero dizer que
não seja possível a interação humana, quando você se relaciona com outras
pessoas ou grupos, difícil é reconhecer e aprender com as diferenças,
fazendo-se respeitar ao mesmo tempo em que respeita o outro, uma verdadeira via
de mão dupla, onde não se deve baixar o sarrafo no adversário, entretanto, ocorrem
invasão de pista alheia, derrapagem, contramão, atropelamento e até mesmo
mortes. O perdão, ah o perdão! tão divino e tão mundano!!!
Agir conforme princípios
morais deveria ser a norma, nas vistas geradas pela janela da relação
interpessoal, em grupos associativos, família, trabalho, lazer, etc. Mas,
embutidos nas vistas morais, há que se ter um profundo conhecimento do perdão,
noções fraternas de diálogo, humildade, consideração e a capacidade psicológica
de sentir o que sentiria o outro, numa mesma situação vivenciada: perfil
difícil de se encontrar nas vistas advindas da janela das disputas humanas,
onde o sarrafo, geralmente, é colocado na possibilidade de poucos saltos. O
sol não nasce pra todos, infelizmente.
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