Terça-feira, 29 de dezembro de 2020 - 13h04
Os termos purgação, purga, ou
o verbo purgar, e suas derivações, são de origem latina, remontam ao início do
cristianismo: era necessária uma purgação para que a humanidade pudesse ser
salva do pecado de Adão, o que aconteceu por intermédio de Jesus Cristo, no
Jardim do Getsêmane, na cruz do calvário e na ressurreição. Cristo purgou os
pecados do mundo! Posteriormente, a Igreja Católica criou o Purgatório e a
confissão, com as suas respectivas purgas. Já não bastava a expiação de Cristo
pelos pecados do mundo, os cristãos tinham que sofrer um pouco mais, antes de
merecer o paraíso e a companhia divina. Pelo conveniente direito canônico, a
purga das bruxas era a morte na fogueira. O medo era o carrasco.
Hollywood produziu vários
filmes, sugerindo que em determinado dia do ano a purga singular ou coletiva
poderia ser exercida, sem qualquer punição humana ou divina, ou
seja, os americanos estavam liberados para cometerem homicídios, durante 12
horas, como forma de se livrarem de um inimigo, de um desafeto, ou de alguém
que eles achavam prejudiciais à sociedade, etc. Imaginem a loucura, se fosse permitido
tal comportamento, no Brasil, ainda que por apenas um dia. Só mesmo a imaginação hollywoodiana, produz purgas
como essas. Parece que filmes e jogos violentos são uma espécie de
purga, aos que assistem ou jogam, principalmente se envolvem justiceiros! Com a
palavra, os psicólogos…
O brasileiro purga seus
pecados, tendo que sobreviver com um baixíssimo IDH, decorrente da péssima administração
dos políticos e da corrupção inerente. São tantas canalhices, em todos os
poderes, que nós, simples mortais, merecemos o paraíso, sem ter que passar pelo
purgatório. O ideal seria que eles, os
corruptos, fossem pregados na cruz pela remissão de nossos pecados, pois é duro
assisti-los no usufruto de seus crimes, sorrindo e aguardando a indefinida lei
divina chegar. Deveria estar na lei dos homens: 250 ml de óleo de
rícino, administrado em jejum, sem direito a uso de sanitário, e o sujeito
nunca mais aceitaria propina.
A purga de um político é
acordar com a PF batendo a sua porta, mas é uma expiação branda, pois logo mais
será perdoado, pela instância superior. Qual a diferença entre um
desembargador e um ministro da Suprema Corte? o primeiro acha que é Deus e o
segundo tem certeza.
Nem os que são pegos com a mão
na botija, com dinheiro na cueca, ou dólar no reto, permanecem na prisão. Nem a visão, via
noticiário da TV, de um apartamento, cheio de dinheiro furtado, sensibilizou a
autoridade repressora. O tempo de liberdade de um transgressor deveria ser
proporcional as suas ações, mas este não é o entendimento dos nossos códigos,
nem da nossa Constituição Federal, considerada a mais avançada do mundo, ratificadora
do endereço da casa-da-mãe-joana. Prisão perpétua seria o mínimo.
No direito, o termo purga
advém da conciliação, no confronto de interesses. Às vezes, com um
simples aperto de mãos purga-se o conflito. Na Medicina, o purgativo limpa, põe
pra fora todas as sujeiras. Vai um purgante aí, senador?
Na viagem da vida, aprendemos
que o Universo não apoia perfeição, apoia equilíbrio, evoluímos como se
estivéssemos em busca constante da convivência equilibrada, fugindo dos donos
da opinião pública, das sombras que nos perseguem, em forma de preconceito,
corrupção, suborno, egocentrismo, perversão e injustiças de toda ordem. A
vida é uma viagem desequilibrada!!!
Somos então convidados pelo
íntimo a purgar as tristezas, as revoltas, o medo, a insegurança, chorando,
esmurrando a parede, gritando, rezando, até que aquela sensação de desconforto
diminua e você possa retomar sua vida com um abraço amoroso em si mesmo. A
clareza mental retorna, o alívio emocional volta. A vida continua e você
percebe que os problemas foram purgados pela atitude. Não esmoreça, não
aceite humilhação, vá pra cima!!!
Nem sempre as normas jurídicas
ou as conveniências humanas, que regem a interação entre os interesses grupais,
atentam para o princípio da isonomia, na maioria das vezes, os agentes
responsáveis pela aplicação das leis falham, por ignorância, arrogância ou
mediante o recebimento de propinas; somos entregues então ao Deus-dará,
e as verdades divinas isonômicas não alcançam todos os ouvidos humanos. Ainda
bem que Deus inventou o dedo do meio!!!
Que 2020 tenha purgado
todas as nossas falhas e 2021 ressurja, dando nova chance à esperança,
decretando morte ao vírus da Covid, da intolerância, da exploração do homem
pelo homem e do preconceito a qualquer naipe ou cor. Um feliz ano novo depende
do esquecimento dos erros dos anos velhos e do
exercício do perdão. Salve a vida!!!
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