Sexta-feira, 24 de julho de 2020 - 18h37
Justiceiro é a alegoria da alma que mais alimentamos, como
é bom se sentar em frente à TV e matar malfeitores. Escolher as armas, as
vestes e os alvos é o sonho de todo mundo, os objetivos podem até ser sugeridos
pelos ficcionistas, mas não substituem nossos alvos interiores. Por muitos anos
alimentei o sonho de matar Caifás, a punhaladas, feito o cearense que foi
levado à delegacia por estar esmurrando um judeu, gerando um esdrúxulo diálogo:
– por que você estava batendo neste homem? –
Porque ele é judeu, ora bolas, foi ele que matou Nosso Senhor Jesus
Cristo. – Mas isso foi há mais de dois mil anos. –
Pois é, mas eu só vim a saber disso, ontem.
Vivemos sob o
império da vaidade, ela é nossa velha
companheira, tão antiga quanto a civilização, humana, demasiadamente humana. Em
doses corretas, é bem-vinda para a autoestima, para termos cuidados com a saúde
física, a aparência e o sentir-se bem. Mas, ao longo dos anos a vaidade vem
sendo estimulada, a partir da infância, com estímulos variados, no entanto o
culto aos super-heróis aparece com mais vigor, como se cada criança fosse o
super-herói de si mesma. Eeuu teeenhooo aaa
fooorçaaa!!!
Pode até ser ruim, para os
estudiosos da personalidade humana, mas, como não temos polígrafos, sair por aí
com o laço da verdade da Mulher Maravilha, seria sensacional, ajudaríamos a
lava-jato e separaríamos o joio do trigo, nas delações premiadas. A verdade é a
mais prostituta das palavras, a safada não tem limites, no exercício do
disfarce e na enganação do próximo. No meio político, anda de mãos dadas com a
mentira. Duas jovens, belas, em que só se diferenciam na expressão do olhar: a
verdade dos olhos não engana. Pena que os juízes só enxergam o processo, doutor,
olha nos olhos deles, ele e o advogado estão mentindo…
Nem Machado, com toda a
sua competência para criar instantes dúbios, na literatura, conseguiu modificar
os olhos dissimulados e oblíquos de Capitu. Matar o lobo está na vontade de
toda criança, amiga de Chapeuzinho Vermelho. O mundo evoluiu, mas associar a
morte aos nossos punhos justiceiros, ainda é um desejo forte. Às vezes você tem
vontade de esmurrar a cara de um sujeito, mas se lembra que ele está do outro
lado da telinha mágica. Esmurrar eu até esmurro, usando um saco de treinamento
de boxe. Você esmurra e diz o nome do sujeito, várias vezes, é uma terapia sem
igual. Já pensei em decapitar Herodes, apunhalar Caifás e queimar as mãos de
Pilatos, com água fervente, mas só os encontros na Semana Santa, cercado de
Judas, e fico com vergonha, encucado com os pedidos e as chagas do Cristo.
Matar o leão que nasceu
erroneamente em nosso interior é um remédio amargo, bom mesmo seria sair eliminando a
raposada que nos governa, nos três poderes: se os espremermos na máquina dos
sucos das boas intenções, não conseguiríamos meio copo. O verniz civilizatório
que atende pelo nome de exploração do homem pelo homem, não resistiria ao
rugido selvagem do Rei Leão, querendo botar ordem na casa. GRRRRRRR!!!
A vaidade doentia é uma
espécie de concupiscência, que vai além do enfrentamento com as forças do
corpo, exigindo o adjutório do espírito. Ela tem muitas vozes e muitas
faces, é contagiante, prepotente, às vezes representa o coletivo e atende pelos
nomes de Faraó, César, Hitler, ou se transforma em um vilão qualquer, ao longo
dos séculos, esperando um super-herói ou o grito fantástico de Shazam, oriundo
das entranhas. Todas as guerras, todas as brigas, geralmente começam com o
exercício da vaidade doentia, da obsessão. Hei Hitler!!! Você escapou dos Vingadores, se eles
estivessem no passado a 2ª Guerra nem teria começado.
A
voz da carteirada narcisista de quem deveria servir à justiça, mas usa a espada
da arrogância, pra intimidar humildes servidores, como fez o tal desembargador
paulista, última atração da imprensa marrom, merece uma porrada emudecedora.
Você sabe com quem está falando?
Parlez-vous français?
É muita cara de pau! Ele sim merecia um grito de Shazam, com direito a algemas
e cela comum coletiva, na prisão de Alcatraz, com direito a um quadro da Torre
Eiffel, pendurado na parede, um pouco acima do vaso sanitário, onde lavaria a
boca suja.
Por
ser vício do entendimento e não da vontade, a vaidade depende do discurso pra
se mostrar. Essa é a razão porque a mais forte e a mais vã de todas as vaidades
é a que resulta do saber. A douta ignorância de Sócrates constitui um exemplo
de solução: eu só sei que nada sei, mas os demais que nada sabiam lhe
administraram uma dose de cicuta. Que tal envenenar o complexo de dono da
verdade. Vou incorporar o super-homem e sair por aí esmurrando o passado,
começando pela Grécia. Os cretinos, Calígula e Nero, não me escaparão, morrerão
na mesma fogueira das loucas assassinadas pela inquisição.
Te
cuida, violãozinho de terceira, os Vingadores estão por aí e eu estou
exercitando o meu grito de Shazam, antes, porém, vou tomar minha dose diária de
Ivermectina, pra acabar com os vermes de Brasília e pedir ao Popeye uma das
suas latas de espinafre. Pum!
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