Segunda-feira, 27 de dezembro de 2021 - 14h51
Embora
o cristianismo ainda seja a maior religião do mundo, houve um declínio do
cristianismo na América do Norte e na Europa Ocidental, classificada hoje como
pós-cristã. Ao longo do último século, os estudiosos perceberam um deslocamento
acentuado do cristianismo, do norte para o sul do planeta, com um crescimento
dramático das populações cristãs na África e no Leste Asiático, concorrendo com
o avanço do Islamismo. O principal questionamento que se faz hoje é: o
cristianismo está encolhendo ou se deslocando? as duas coisas.
A partir de 2018, a África tornou-se o
continente com o maior número de cristãos, superando a América Latina (que
havia superado a Europa em 2014). A reflexão nos remete à história de sucesso do
cristianismo na África, considerando que a estatística esconde o fato de que os
cristãos na África, principalmente os da República Democrática do Congo, que,
de 1900 a 2020, pularam de 1% para 95%, vivem em situação de miséria, com
baixíssimo acesso a médicos e à água potável, com IDH insignificante e alto
índice de mortalidade infantil. Não olhem pra cima, a exploração do natalismo
diminuiu os presentes materiais, na proporção em que aumentou a esperança quimérica
dos necessitados.
Nos países miseráveis da África e da
Asia, ocorre um crescimento do cristianismo, enquanto na América do Norte e na
Europa percebe-se uma diminuição na membresia das igrejas cristãs, como se os
textos bíblicos, tenham se adaptado mais às populações carentes do que às abastadas:
é significativo o nascimento do filho de Deus numa manjedoura, enquanto a sua
frase mais festejada − é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma
agulha do que um rico entrar no reino dos céus – dobra a esperança do
pobre ter o céu como morada, pós vida miserável, aqui na terra, bastando para
tanto aceitar Jesus como seu salvador. Olhem pra cima, mas não se iludam.
Nos últimos 120 anos, houve muito pouca
variação na porcentagem do mundo cristão, mas, na África, esse número pulou de
um dígito para 49%. Vale lembrar que em 1900, 82% de todos os cristãos viviam
na Europa e na América do Norte; em 2020, esse número caiu drasticamente para
33%. Na Ásia, apesar da grande diversidade religiosa do gigantesco continente,
o cristianismo cresceu de 2% em 1900 para 8% em 2020.
Outra característica interessante, além
do fato de ser uma religião para carentes materiais, o cristianismo é visto no
mundo, como uma religião branca. Trata-se de uma percepção razoável, pois tem
sido assim em mais de mil anos: o cristianismo exportado para todo o mundo,
durante séculos, envolveu predominância da raça branca, história ocidental,
teologia e treinamento ocidentais. No entanto, apesar dessa percepção
tradicional, com o desenrolar do tempo, o cristianismo se tornou uma religião
majoritariamente não branca, espalhada nos 5 continentes, confortando os mais
pobres, aumentando as igrejas da prosperidade e falando diversas línguas,
inclusive o russo por causa dos cristãos ortodoxos. Olhem pra cima, o trenó
está chegando e poderá destruir a Terra. Não haverá presentes suficientes para
sufocar a miséria.
É fato que a Europa tem se tornado
menos cristã nos últimos 120 anos, embora seja amplamente conhecido que a
maioria dos cristãos formalmente filiados a igrejas, na Europa, não são
participantes ou praticantes ativos. A América do Norte também experimentou um
declínio, mas é o continente onde está o país com o maior número de cristãos,
os Estados Unidos. O declínio do cristianismo branco nos EUA foi de alguma
forma compensado pelo aumento de cristãos imigrantes, em sua maioria da América
Latina.
O caso mais significativo de
encolhimento do cristianismo é a região Norte da África-Ásia Ocidental, que
inclui Iraque, Síria, Israel, Palestina e Turquia. Essa região esteve sob
enorme pressão muçulmana, nos séculos 20 e 21, testemunhando uma queda
vertiginosa em sua população cristã, de 12,7% para 4,2% em 2020. A Turquia, em
particular, era 22% cristã, até 1900. Com o avanço dos muçulmanos, os cristãos
turcos, hoje, são 0,2%.
O cristianismo, enquanto reduto dos ensinamentos igualitários judaico-cristãos
se subdividiu em diversas vertentes, mas não superou a crise de desigualdade
entre os cristãos do Norte e os do Sul: católicos, ortodoxos, protestantes e
independentes, todos seguindo a tradição cristã central; alguns são evangélicos,
pentecostais ou carismáticos, ou uma combinação destes. Além disso, é provável
que existam cerca de 45 mil outras denominações! A família cristã global
composta por 2,5 bilhões de pessoas, com cristãos presentes em quase todos os
países do mundo, não é homogênea, é uma assembleia diversa, em que todos estão
conectados uns aos outros pela fé, representando milhares de povos e línguas,
em busca de uma pseudo salvação.
Enquanto isso o Islamismo avança, e hoje é a religião que mais cresce no
planeta. Até o final deste século, se o ritmo de crescimento se mantiver,
os muçulmanos irão superar os cristãos,
como o maior grupo religioso da Terra.
Atualmente o mundo conta com
1,6 bilhão de pessoas que se designam muçulmanas. A maioria dos muçulmanos
(62%) está na região Ásia-Pacífico. O maior país muçulmano é a Indonésia. Em
2050, o país com a maior comunidade islâmica do mundo será a Índia. No entanto
a expectativa é a de que o islamismo se torne a segunda maior religião dos EUA,
representando 2,1% da população do país. Já na Europa, a projeção da análise
para esse mesmo ano estima que 10% da população da Europa se identificará como
muçulmana.
Os componentes da fé, alheios
às denominações religiosas, cada vez mais se apresentam como inerentes,
resultado da evolução humana, frutos da necessidade de se ter uma morada, para
os devaneios compensadores do pós mortem. Assim caminha a humanidade sob os
desígnios de gigantes do humanismo, como Buda, Maomé, Jesus homem e tantos
outros testificadores renascentistas do antropocentrismo.
Tomara que a evolução nos
traga a síntese dos ensinamentos de todos os humanistas e sirva para nortear a
humanidade, no rumo da paz, da justiça social, e do amor. Nem pra cima, nem pra
baixo, liguem o GPS da racionalidade: a pandemia encolheu o trenó de Papai
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