Quinta-feira, 17 de setembro de 2020 - 08h47
Naquela macia manhã de domingo, fui com meu
pai, à missa, na igreja de Santíssima Trindade. Era meio-dia, quando descíamos
a ampla escada de granito, que dá acesso à ádito do templo.
Avizinhou-se de nós, homem, alto, elegante,
bem trajado, de óculos reluzentes, de cor doirada, cabelo grisalho e rosto
risonho, de braços abertos, que euforicamente, cumprimentou meu pai. Sem mais
delonga, disse-lhe em afetuosa jovialidade:
- “ Ainda ontem falamos de si! …”
- “Sim?!” – Respondeu meu pai,
segurando, com firmeza, os longos e finos dedos morenos do álacre cavalheiro.
Soube, mais tarde, que se tratava de insigne
causídico da nossa cidade.
- “ Pois é verdade! Você é um jornalista
genial! Escreve com estatura dos grandes prosadores; tem cultura invulgar; e é
notável perito da História da cidade. Minha mulher - que é formada em Letras, -
até me perguntou: -” Que curso terá esse Pinho da Silva, para ter tanto
talento, e possuir admirável estilo?!”
Meu pai, surpreso, agradeceu o inesperado
elogio e após breve pausa, declarou galhofeiramente:
- “ Não tenho curso algum…”
Disse a verdade, omitindo, porém, que cursara
as Belas-Artes, e fora discípulo de ilustres e conhecidos Mestres.
O famoso jurisconsulto, mirou-o num relance,
estupefacto, de cima a baixo, de olhos esbugalhados de espanto. Depois…
tartamudeando palavras ininteligíveis, acabou asseverando, com sorriso
compulsivo, nos descorados lábios:
- “ “ Pois não parece! …. Para quem não
tem diploma superior, escreve bem. Muito bem… Continue…continue…que irá
longe…mesmo sem curso! …
“E eu a
pensar, que tinha cursado Letras! …”
O conhecido causídico, estampou expressão de
espanto, e certamente pensou com seus bonitos botões doirados: “ Como é que
consegue, sem ter frequentado os bancos universitários?! …” – As Belas-Artes,
no tempo da juventude de meu pai, não pertenciam ao ensino superior.
O bom jurisconsulto, pensava, que para se ser
bom escritor e bom jornalista, era preciso frequentar a Faculdade de Letras! …
Como se as Letras tivessem
lá! …
Compreendo, assim, perfeitamente, porque
pretendentes a deputado, inventem cursos e diplomas, que não possuem, para
serem respeitados.
Quando realizei, numa publicação local,
dezenas de entrevistas (quase duas centenas,) a figuras públicas; jovem
deputado, confidenciou-me: que ia cursar Faculdade, para poder impor-se, no
parlamento…
Vivemos num mundo de “canudos”. Marden,
asseverou: que se dava mais valor ao diploma, que ao verdadeiro conhecimento.
E continua a ser verdade…
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