Domingo, 21 de fevereiro de 2021 - 09h53
Sempre existiu amizade,
entre os Imperadores e a população da cidade da Virgem; e desta, pelas terras
de Vera Cruz, pois muitos foram os portuenses, que fizeram fortuna no Brasil.
Seu pai, D. Pedro I,
chegou mesmo a legar, ao burgo tripeiro, o coração, grato pela forma como
sempre foi recebido nessa cidade.
D. Pedro II realizou
duas visitas à cidade do Porto.
Na primeira, foi
recebido apoteoticamente pelo povo, que com entusiasmo O aplaudiu ao longo do
trajecto, entre a estação ferroviária das Devesas, em Gaia, e a cidade do
Porto.
Na segunda, o
Imperador, viu falecer, no burgo portuense, a Mulher (filha do Rei Francisco I,)
o que agravou, ainda mais, a aflitiva angustia em que vivia, pela afronta que
lhe fizeram ao destrona-Lo. Ele, que sempre foi correcto, justo, pronto a
perdoar a todos mesmo aos antagonistas.
Acerca de D. Pedro II,
Ramalho Ortigão, escreveu, em Junho de 1971, nas “Farpas”,Vol. XII:
“O Sr. D. Pedro II
cultivou o seu talento: é filólogo, é naturalista, conhece a história, a
filosofia, a química, a medicina. De sorte que, quando um grande homem faz um
discurso ao imperador, o imperador remunera-o fazendo um discurso ao grande
homem”
Existe interessante
livrinho, impresso em Coimbra, no ano de 1872, intitulado: “ Viagem
dos Imperadores do Brasil em Portugal”, que minuciosamente descreve a
primeira estadia do Soberano:
Desembarcou, o
Imperador, no dia 1 de Março de 1872, pelas seis e meia da manhã, vindo de
comboio, na estação das Devesas (Gaia), sendo recebido pelas autoridades e
muito povo. A banda de música do Palácio de Cristal, animou a recepção.
Seguiram os Soberanos,
para o Porto, atravessando a bela Ponte Pênsil, que fora engalanada de vistosas
bandeiras, assim como todas as artérias, por onde passava o Imperador, com:
galhardetes, arcos e bandeiras.
Nesse mesmo dia,
visitou, na Igreja da Lapa, o mausoléu, que contem o coração de D. Pedro – Seu
Pai.
Deslocou-se depois: à
Igreja de S. Francisco, à Igreja da Misericórdia, ao antigo Convento de S.
António, em S. Lázaro e à Academia de Belas Artes.
À noite D. Pedro II
concedeu, no Hotel do Louvre – que ficava na esquina da Rua do Rosário e a Rua
do Triunfo (actual D. Manuel II) – recepção, a numerosos convidados, que durou
cerca de duas horas.
Assistiu, de seguida,
no teatro Baquet, à comédia de Machado de Assis: “ O Caminho da
porta”.
No dia seguinte, o
Imperador, aguardava, no hotel, a visita do romancista Camilo Castelo Branco,
mas este desculpou-se de não estar presente, invocando motivo de saúde.
Sem vaidade, simples,
como sempre foi, D. Pedro II, resolveu deslocar-se à casa do escritor.
Luiz Oliveira Guimarães, em: “ O
Espírito e a Graça de Camilo” – Edição Romano Torres – 1952, – conta-nos
o curioso encontro:
“ Em 1872, Camilo que
morava, então, no Porto, na Rua de S. Lazaro, foi visitado pelo Imperador do
Brasil, que o condecorou com a Ordem da Rosa. Na pequena sala do romancista,
havia, pendurados na parede, além de vários retratos dos Braganças , o retrato
do poeta Béranger. O Imperador detinha-se a examinar a pequena galeria, quando
Camilo observou:
“ - Vossa Majestade
está a contemplar os retratos dos seus avós…
“-Mal imagina, meu
amigo, em que eu estou a reparar! Estou a reparar que Béranger tem expressão
muito mais feliz do que os meus antepassados…
“ - E sabe Vossa
Majestade porquê?
“ Porque é menos
perigoso fazer versos, do que decretos!”
Mais tarde o escritor
dedicar-lhe-ia o romance: “ Livro de Consolação”.
A segunda visita e
última à cidade, pelo D. Pedro II, foi, como disse, angustiosa e dramática:
D. Pedro II hospedou-se
no Hotel do Porto, na Rua de Santa Catarina. A Imperatriz, muito doente,
faleceu, a 28 de Dezembro de 1889, dizendo angustiosas palavras de tristeza: “Ó
Brasil… minha terra tão linda e não me deixam lá voltar!...”
Era preciso translada-La
para o Panteão de S. Vicente (de Fora) em Lisboa. O Imperador não possuía a
quantia necessária.
O médico, Mota Maia,
condoeu-se da atroz aflição, e foi contar ao Cônsul, o embaraço de sua
Majestade. Este, movido de compaixão, lembrou-se do Visconde de Alvares
Machado, homem rico, que fizera fortuna no Brasil.
Avisado pelo Cônsul, o
Visconde, prontamente emprestou a quantia solicitada – vinte contos fortes.
Deste modo evitou-se o
constrangimento de se pedir empréstimo bancário, e que a noticia caísse no
domínio publico.
Doente, amargurado,
triste, o Imperador (e Família,) partiu para o exílio, onde faleceu, a 5 de
Dezembro de 1891 – com 66 anos de idade, – no hotel Berdford, em Paris.
D. Pedro II era um
homem culto, inteligente, notável intelectual, admirado e respeitado em todo o
mundo.
O prestígio granjeado
pelo Imperador, levou o governo republicano de França a realizar as exéquias só
prestadas a Chefes de Estado, na igreja Madeleine.
A urna, que continha
terra brasileira, terminada a cerimonia, foi transportada, de comboio, para
Lisboa, onde foi sepultado no mausoléu Real de São Vicente de Fora, ao lado de
Sua Mulher, a Imperatriz Tereza Cristina Maria.
Trinta anos depois da
sua morte, era proclamada a lei do banimento, que permitiu, que os restos
mortais do Imperador e Sua Mulher – a 8 de Janeiro de 1921, – fossem
trasladados para Petrópolis, Brasil.
Quem nunca viveu algum tipo de desconforto na mesa de um restaurante? Sabemos que existem profissionais que operam na linha de frente do atendimento
Distribuição da água, coleta e tratamento do esgoto rumo a privatização em Pernambuco
Virou palavrão falar em privatização, depois das promessas não cumpridas com a privatização da distribuidora de energia elétrica, a Companhia Energé
Recomeços: como traçar sua melhor jornada para 2025
Sempre há tempo de recomeçar, porém o Ano Novo é um período no qual geralmente as pessoas dão uma parada para reflexões que nos trazem mais uma chan
Gastança, a praga moderna que atrasa o Brasil
No século XIX, o pesquisador francês August Saint-Hilaire (1779-1853) ficou espantado com a ação devastadora das formigas cortadeiras no Brasil, ati