Quarta-feira, 31 de março de 2021 - 09h21
Criado pela Organização das
Nações Unidas (ONU), o dia 02 de abril é o Dia Mundial da Conscientização do
Autismo. Apesar de não ter cura, é possível conviver com o transtorno e superar
os desafios do Autismo durante a vida. Para isso, é fundamental discutir
sobre o tema e mostrar para as famílias a importância do diagnóstico precoce e
do tratamento correto.
Afinal, o que é o Transtorno do Espectro Autista (TEA)? O autismo
é uma condição entendida como uma síndrome comportamental que leva a
inabilidade, incapacidade ou desinteresse de interação social, problemas para
comunicar-se com os outros e comportamentos repetitivos e interesses fora de
contexto, todos resultantes de fatores genéticos e ambientais. Ele acontece em
diferentes graus: leve, moderado e severo.
Trata-se de um transtorno do neurodesenvolvimento com
características que podem ser observadas nos primeiros meses de vida até os
dois anos pelos pais ou cuidadores e confirmada por meio de uma consulta a um
especialista a fim de permitir um diagnóstico precoce.
Para isso, é essencial descobrir o autismo o mais cedo
possível! Isso permite que intervenções sistematizadas e intensas sejam
realizadas logo nos primeiros meses ou anos. Nesse período, o cérebro está mais
permeável e aberto para ser modificado. Dessa forma, é possível reduzir os sintomas,
diminuir os atrasos de desenvolvimento e corrigir os desvios de linguagem e de
comportamento.
Um dos indícios do autismo em bebês são ausência ou pequeno
contato visual, pouca resposta ao chamado da mãe, preferência por querer
permanecer no berço com pouco ou nenhum interesse social, ausência de balbucia
até os seis meses de vida, hiperfoco nas mãos das pessoas ou em objetos,
irritabilidade e choro frequentes.
Na infância ou na juventude, o autista tem uma dificuldade de
percepção das formas regulares e naturais do rosto, gerando um incômodo muito
grande, uma dificuldade de compreensão e percepção a partir de gestos faciais e
corporais. Ocorre que as áreas do cérebro responsáveis pela empatia voltada
para o contato visual também são deficitárias. Muitas vezes, esse paciente não
sente necessidade de olhar nos olhos.
Na vida adulta mais de 85% dos autistas tem algum problema
psiquiátrico associado e/ou outras comorbidades. Tanto a genética quanto a
biologia feminina são fatores de proteção para o desenvolvimento do autismo e,
muitas vezes, é mais fácil de ser mascarado, pois se misturam ao perfil mais
afetuoso das meninas.
O tratamento é multidisciplinar. Muitas vezes, é necessário o
acompanhamento pelo neurologista infantil, psicólogo, fonoaudiólogo, entre
outros profissionais. As terapias são muito importantes para que, ao longo dos
anos, a sociabilização e a comunicação aconteçam da melhor forma possível.
É essencial que profissionais das áreas da saúde e da educação
busquem mais conhecimento e compreendam melhor todo o transtorno para tentar
amenizar as dificuldades provocadas pelo TEA. Assim, conseguiremos tratar essa
condição de maneira mais adequada e responsável. Quanto mais informações sobre
a condição as pessoas tiverem, menor será o preconceito e mais fácil sua
identificação.
(*) Dr. Clay Brites é pediatra, neurologista infantil e um dos
fundadores do Instituto NeuroSaber.
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