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ESTILIZADO - Prédio dos 4 relógios

Palácio da Administração da Estrada de Ferro Madeira Mamoré


ARAUJO LIMA, 4º  governador, e FREDERICO TROTA, 3º Gpvernador. Terrotório Federal do Guaporé. Foto: Achegas da Historia de Porto Velho, Antônio Cantanhede. - Gente de Opinião
ARAUJO LIMA, 4º governador, e FREDERICO TROTA, 3º Gpvernador. Terrotório Federal do Guaporé. Foto: Achegas da Historia de Porto Velho, Antônio Cantanhede.

1949 Guaporé,

Uma leve brisa, espalhava-se na enseada e orla da cidade, ao pátio ferroviário, naquela manhã festiva e, à Farquhar com 7 de Setembro, esquina, logo a sua de frente estava o Prédio do Relógio, imponente, majestoso, inovador, o mais alto da cidade, obra legítimo da moderna arquitetura brasileira, integrado aos diante dos belos edifícios avarandados, no estilo vitoriano, pré fabricados. Já foi uma cidade “far-west” como dizia escritor Raymundo de Moraes.

 No tempo do Guaporé

Naquela manhã nublada, onze horas, acontecia um momento, solene e patriótico, na cidade. A grande massa popular fora atraída pelos chamamentos, principalmente pelos apitos dos trens e sirene da ferrovia Madeira Mamoré. Havia grandes navios atracados ao porto, aliás nos portos, eram três, também esses apitavam. Apitos de locomotivas, com sinos badalavam, badalavam. A sirene com enorme potencia, geralmente funcionava apenas no horário exatos. Naquele dia 12 de novembro de 1949, NÃO. 

PALACIO ADMINISTRAÇÃO  EFMM –   Prédio do Relógio, inaugurado em 12 de      novembro de 1949, concluída no  Governo de Joaquim de Araujo Lima, quando  Superintendente Anania Ferreira de Andrade. Imagem Livro Achegas, de A. Cantanhede - Gente de Opinião
PALACIO ADMINISTRAÇÃO EFMM – Prédio do Relógio, inaugurado em 12 de novembro de 1949, concluída no Governo de Joaquim de Araujo Lima, quando Superintendente Anania Ferreira de Andrade. Imagem Livro Achegas, de A. Cantanhede

Naquele dia foi especial. A cidade parecia parar.

A população sentiu-se atraída, ao ser chamada pelos sons e, foi para a inauguração do Palácio Administração da EFMM.

Ergueu-se aquele prédio, um monumento, orgulho para a cidade de Porto Velho, para a arquitetura Brasileira, de ainda 20 000 habitantes, naquele  penúltimo mês de 1949. Uma festa pública, organizada, em destaque para a inauguração daquele prédio de 4 Relógios, o primeiro a ser concluído como parte do novo centro administrativo do território federal do Guaporé,  do inicio da 7 de setembro, que se estendia até no alto da presidente Dutra à mil metros de distância desse.

) Ananias Ferreira de Andrade, superintendente da ferrovia e Ruy Brasil Cantanhede, Prefeito de Porto Velho, por ocasião da inauguração do Palácio Administração EFMM, em 12 de novembro de 1949. Foto: Achegas da Historia de Porto Velho, Antônio Cantanhede. - Gente de Opinião
) Ananias Ferreira de Andrade, superintendente da ferrovia e Ruy Brasil Cantanhede, Prefeito de Porto Velho, por ocasião da inauguração do Palácio Administração EFMM, em 12 de novembro de 1949. Foto: Achegas da Historia de Porto Velho, Antônio Cantanhede.

O governador, Joaquim de Araujo Lima, que foi um grande administrador, até então, o melhor do Guaporé, estratégico planejador, e tocou o maior número de obras nunca visto até então e seu slogan de administração, construir uma escola por mês na cidade e na zona rural.

Como território federal Guaporé criado em 1943, até 1948, foram nomeados, os governadores, militares do Exercito, Major Aluizio Ferreira, Tenente coronel  Joaquim Vicente Rondon, tenente coronel Frederico Trota, todos militares, da ativa e Joaquim de Araujo Lima.

Tenente, major, coronel. Porque tantas patentes?

É curioso, porque não estranho, sendo o tenente Aluizio Ferreira, quando assumiu a direção da ferrovia em 1931, nomeado por Getulio Vargas. Mesmo estando na reserva, como escalonou postos militares, de tenente, major a coronel como subiu de posto estando na reserva?

Na ocasião da inauguração do prédio do Relógio, 1949, era deputado.  Quando iniciou as obras do Prédio do Relógio, em 1941, desde 1931, era o administrador  da ferrovia Madeira Mamoré e, iniciou a obra e ficou apenas na fundação,  parou. Não era ainda território.

O Aluizio, nessa ocasião, já estava há dez anos como diretor da ferrovia Madeira Mamoré. E fica nesse posto da administração da Ferrovia, a partir de 1931 até 1943 quando é nomeado na ditadura Vargas para dirigir o novo território.  

Dom João Batista Costa, Bispo. Belmiro  Gallotti, engenheiro Construtor. Moacyr de Miranda, Secretário Geral (Vice governador). Foto: Achegas da Historia de Porto Velho, Antônio Cantanhede. - Gente de Opinião
Dom João Batista Costa, Bispo. Belmiro Gallotti, engenheiro Construtor. Moacyr de Miranda, Secretário Geral (Vice governador). Foto: Achegas da Historia de Porto Velho, Antônio Cantanhede.

Um civil como governador

1948, com Joaquim Araujo Lima, nomeado por Dutra, para um cargo Maximo no Guaporé, foi inédito no território, como não aconteceu em todo período antes ou pós a ditadura Vargas. Foi reflexo da democracia que se instalou no país, com o presidente Eurico Gaspar Dutra, pós a queda de Getulio Dornelles Vargas....

Naquele dia 12 de novembro de 1949...Era naquele momento festivo, grande número de pessoas aglomerava-se e cada vez chegava mais... Lá à frente do Prédio do Relógio,  estava a executar, com um excelente repertório, na realidade, um recital a céu aberto, de forma sinfônica  pelos oitenta músicos da orquestra, chamada de banda de musica, da guarda territorial do Guaporé. Elegantes.  Esses músicos de farda caqui, gravatas e quepe. Executavam, do samba exaltação, com “Brasil” de Ary Barroso a “O Guarani”, opera de Carlos Gomes. Na época, foi um repertório popular e variado, escolhido pelo maestro Neves.        E a música para muitos que estavam para o evento, deliciavam-se, não deixava de ser uma distração para a população de Porto Velho.

Onze horas, a inauguração

Faziam revoadas sobre o pátio ferroviário, os pequenos Aviões Stinson, do Hangar Aero Club do Guaporé.

O padre Bruno, representando o bispo, o engenheiro Ananias Ferreira de Andrade, diretor superintendente da ferrovia, os ferroviários das oficinas ferroviárias, Plano Inclinado, chefe das estações de Porto Velho e, das diversas vilas, Santo Antônio, São Carlos, Jaci Paraná, Jirau, Abunã, vila Murtinho, Guajará Mirim. Moacir de Miranda, Belmiro Gallotti, Ruy Cantanhede, Bichara Abdão, Aluisio Ferreira, Rubem Silveira, Antônio Cantanhede, Francisco Erse, Rubens Silveira Brito, Joaquim Cesário, Raimundo Cantuário, Dorian Botelho Monteiro, Virgilio Guedes de Lira, Trivério Quinto, Waldemar de Almeida, 

Vista aérea de Portovelho, por ocasião do  governo de Joaquim de Araujo Lima, 1949. Foto: Achegas da Historia de Porto Velho, Antônio Cantanhede.  - Gente de Opinião
Vista aérea de Portovelho, por ocasião do governo de Joaquim de Araujo Lima, 1949. Foto: Achegas da Historia de Porto Velho, Antônio Cantanhede.

A população desta cidade, assistiu, possuída do mais justo contentamento, a solenidade da inauguração, do belo prédio que se ergue, no inicio da avenida 7 de Setembro: A sede da Administração da Madeira Mamoré.... Passava desta data em diante, o pessoal desse próprio  do Governo Federal... para o prédio nobre com requesitos, requeridos para o perfeito funcionamento da Administração publica...”

Pelas onze horas, presentes as amais altas autoridades locais, representantes do clero, e grande massa popular... a fita simbólica, hasteada ... em mastro erguido na fachada do edifício. Sob a harmoniosa execução do Hino Nacional, a bandeira da pátria...foi lançado no interior em todos os compartimentos do palácio, pelo representante Sr. D. João Costa, bispo prelado de Porto Velho, o reverendíssimo padre Bruno....Em seguida a entrega do prédio para a ocupação dos funcionários. O superintendente da estrada, Dr. Ananias Ferreira de Andrade, em belíssima oração saudou as autoridades, funcionários e seus auxiliares e pessoas presentes...

...O Sr. Dr. Joaquim de Araujo Lima, governador do território, encerrou a solenidade, depois de fazer o histórico de seus laboriosos 20 anos de governo...foi servido um coquetel, champanhe para todos presentes. Ficou na memória. ..” Achegas para a história de Porto Velho – Ruy Cantanhede. 1950. 

A Sirene, com o seu sonoro e personificado, apito, som próprio, como  nota musical, naquele momento, e ecoava por toda a cidade,  os três apitavam como um coral de várias vozes. Estiava-se as Bandeiras. Muitas palmas. A cidade em peso parecia estar ali.

Todos emocionados

 Depois do prédio do Relógio

É um dos  7 pecados Capitais, a cobiça, o lugar é Porto Velho-Rondônia-Brasil, no extremo oeste da Amazônia... Aqui a rola a malandragem. A AMMA, através de seus membros, defensores do patrimônio histórico, tem cumprido o seu papel denunciar os crimes contra o meio ambiente e o patrimônio histórico. É arriscado esse papel que deveria ser daqueles que tem a obrigação de fazê-lo. Pois, ao denunciar a funcionária do MPF, por facilitar agentes infratores que agrediram o patrimônio histórico, por isso foram condenados a prisão. Mantendo a  acusação, a bem da verdade é muito dificil.

Felizmente nós preservadores, fomos absolvidos pela Justiça Federal. As instituições de proteção a cidadania e meio ambiente, ficam do lado dos agressores. A obtenção de imóveis, terras publicas, até a autorização para vender o acervo tombado está em franca expansão, que se torna cada vez mais atrevida, uma “atividade que legaliza” o intransferível para terceiro, conta com a omissão do estado de Rondônia, “se faz de morto para comer o... coveiro”.

Se omite, isso é crime e  passa de mão beijada, entre outros, o que está acontecendo no pátio ferroviário, e o que se comanda do Prédio Palácio Relógio é um escândalo. E de lá, do alto do gabinete do diretor da ferrovia,  agora do prefeito, no prédio do relógio, comanda-se ao som da sirene, quando soa é de cortar o coração, nesse horário começa a destruição do pátio ferroviário e lá, esta sendo construído um shopping Center – centro comercial, grande traição ao povo de Porto Velho...     

Há anos, os imóveis principalmente os pertencentes ao espaço ferroviário e seu entorno, vem sendo cobiçado pelos mais variados grupos especuladores, dominantes principalmente com a influência na administração municipal, que tem poderes, de forças ocultas, juntos as instituições ambientais e de cidadania. 

E como começa um negócio, inicialmente camuflado, atrevido, um comercio de terras públicas e imóveis da União. Como se torna cada vez mais atrevida essa atividade ilícita, invisível, essa atividade de  “transferência” de móveis e imóveis da União, conta coma omissão do Estado de Rondônia. Para viabilizar essa armadilha, sempre tem a interpretação da lei, que  beneficia os infratores.

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Luiz Leite de Oliveira, arquiteto, pensador, pesquisador, caboclo de São Carlos do Jamari, estudou na escola rural Samaritana, fez arquitetura e Urbanismo na Universidade de Brasília- UNB, cineasta, liderou movimento pela Reativação da ferrovia, Presidente da Associação de Preservação do Patrimônio Histórico do Estado de Rondônia e Amigos da Madeira Mamoré. AMMA.  Pesquisa livros, “Achegas para a história de Porto Velho” de Antônio Cantanhede; “Na Planície Amazônica” de Raymundo Moraes; “A Ferrovia do Diabo” de Manoel Rodrigues Ferreira.

 

 

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