Domingo, 10 de maio de 2020 - 08h49
1949 Guaporé,
Uma leve brisa, espalhava-se na
enseada e orla da cidade, ao pátio ferroviário, naquela manhã festiva e, à
Farquhar com 7 de Setembro, esquina, logo a sua de frente estava o Prédio do
Relógio, imponente, majestoso, inovador, o mais alto da cidade, obra legítimo
da moderna arquitetura brasileira, integrado aos diante dos belos edifícios
avarandados, no estilo vitoriano, pré fabricados. Já foi uma cidade “far-west” como dizia escritor Raymundo
de Moraes.
No tempo do Guaporé
Naquela manhã nublada, onze horas,
acontecia um momento, solene e patriótico, na cidade. A grande massa popular
fora atraída pelos chamamentos, principalmente pelos apitos dos trens e sirene
da ferrovia Madeira Mamoré. Havia grandes navios atracados ao porto, aliás nos
portos, eram três, também esses apitavam. Apitos de locomotivas, com sinos
badalavam, badalavam. A sirene com enorme potencia, geralmente funcionava
apenas no horário exatos. Naquele dia 12 de novembro de 1949, NÃO.
Naquele dia foi especial. A cidade
parecia parar.
A população sentiu-se atraída, ao
ser chamada pelos sons e, foi para a inauguração do Palácio Administração da EFMM.
Ergueu-se aquele prédio, um
monumento, orgulho para a cidade de Porto Velho, para a arquitetura Brasileira,
de ainda 20 000 habitantes, naquele
penúltimo mês de 1949. Uma festa pública, organizada, em destaque para a
inauguração daquele prédio de 4 Relógios, o primeiro a ser concluído como
parte do novo centro administrativo do território federal do Guaporé, do inicio da 7 de setembro, que se estendia
até no alto da presidente Dutra à mil metros de distância desse.
O governador, Joaquim de Araujo
Lima, que foi um grande administrador, até então, o melhor do Guaporé,
estratégico planejador, e tocou o maior número de obras nunca visto até então e
seu slogan de
administração, construir uma escola por mês na cidade e na zona rural.
Como território federal Guaporé
criado em 1943, até 1948, foram nomeados, os governadores, militares do
Exercito, Major Aluizio Ferreira, Tenente coronel Joaquim Vicente Rondon, tenente coronel
Frederico Trota, todos militares, da ativa e Joaquim de Araujo Lima.
Tenente, major, coronel. Porque tantas patentes?
É curioso, porque não estranho,
sendo o tenente Aluizio Ferreira, quando assumiu a direção da ferrovia em 1931,
nomeado por Getulio Vargas. Mesmo estando na reserva, como escalonou postos
militares, de tenente, major a coronel como subiu de posto estando na reserva?
Na ocasião da inauguração do
prédio do Relógio, 1949, era deputado.
Quando iniciou as obras do Prédio do Relógio, em 1941, desde 1931, era o
administrador da ferrovia Madeira Mamoré
e, iniciou a obra e ficou apenas na fundação,
parou. Não era ainda território.
O Aluizio, nessa ocasião, já
estava há dez anos como diretor da ferrovia Madeira Mamoré. E fica nesse posto
da administração da Ferrovia, a partir de 1931 até 1943 quando é nomeado na
ditadura Vargas para dirigir o novo território.
Um civil como governador
1948, com Joaquim Araujo Lima,
nomeado por Dutra, para um cargo Maximo no Guaporé, foi inédito no território,
como não aconteceu em todo período antes ou pós a ditadura Vargas. Foi reflexo
da democracia que se instalou no país, com o presidente Eurico Gaspar Dutra,
pós a queda de Getulio Dornelles Vargas....
Naquele dia 12 de novembro de 1949...Era
naquele momento festivo, grande número de pessoas aglomerava-se e cada vez
chegava mais... Lá à frente do Prédio do Relógio, estava a executar, com um excelente
repertório, na realidade, um recital a céu aberto, de forma sinfônica pelos oitenta músicos da orquestra, chamada
de banda de musica, da guarda territorial do Guaporé. Elegantes. Esses músicos de farda caqui, gravatas e
quepe. Executavam, do samba exaltação, com “Brasil” de Ary Barroso a “O
Guarani”, opera de Carlos Gomes. Na época, foi um repertório popular e variado,
escolhido pelo maestro Neves. E a
música para muitos que estavam para o evento, deliciavam-se, não deixava de ser
uma distração para a população de Porto Velho.
Onze horas, a inauguração
Faziam revoadas sobre o pátio
ferroviário, os pequenos Aviões Stinson,
do Hangar Aero Club do Guaporé.
O padre Bruno, representando o
bispo, o engenheiro Ananias Ferreira de Andrade, diretor superintendente da
ferrovia, os ferroviários das oficinas ferroviárias, Plano Inclinado, chefe das
estações de Porto Velho e, das diversas vilas, Santo Antônio, São Carlos, Jaci
Paraná, Jirau, Abunã, vila Murtinho, Guajará Mirim. Moacir de Miranda, Belmiro
Gallotti, Ruy Cantanhede, Bichara Abdão, Aluisio Ferreira, Rubem Silveira,
Antônio Cantanhede, Francisco Erse, Rubens Silveira Brito, Joaquim Cesário,
Raimundo Cantuário, Dorian Botelho Monteiro, Virgilio Guedes de Lira, Trivério
Quinto, Waldemar de Almeida,
A população desta cidade,
assistiu, possuída do mais justo contentamento, a solenidade da inauguração, do
belo prédio que se ergue, no inicio da avenida 7 de Setembro: A sede da
Administração da Madeira Mamoré.... Passava desta data em diante, o pessoal
desse próprio do Governo Federal... para
o prédio nobre com requesitos, requeridos para o perfeito funcionamento da
Administração publica...”
Pelas onze horas, presentes as
amais altas autoridades locais, representantes do clero, e grande massa
popular... a fita simbólica, hasteada ... em mastro erguido na fachada do
edifício. Sob a harmoniosa execução do Hino Nacional, a bandeira da
pátria...foi lançado no interior em todos os compartimentos do palácio, pelo
representante Sr. D. João Costa, bispo prelado de Porto Velho, o reverendíssimo
padre Bruno....Em seguida a entrega do prédio para a ocupação dos funcionários.
O superintendente da estrada, Dr. Ananias Ferreira de Andrade, em belíssima
oração saudou as autoridades, funcionários e seus auxiliares e pessoas
presentes...
...O Sr. Dr. Joaquim de Araujo
Lima, governador do território, encerrou a solenidade, depois de fazer o
histórico de seus laboriosos 20 anos de governo...foi servido um coquetel,
champanhe para todos presentes. Ficou na memória. ..” Achegas para a história
de Porto Velho – Ruy Cantanhede. 1950.
A Sirene, com o seu sonoro e
personificado, apito, som próprio, como
nota musical, naquele momento, e ecoava por toda a cidade, os três apitavam como um coral de várias
vozes. Estiava-se as Bandeiras. Muitas palmas. A cidade em peso parecia estar ali.
Todos emocionados
Depois do prédio do Relógio
É um dos 7
pecados Capitais, a cobiça, o lugar é Porto Velho-Rondônia-Brasil, no extremo
oeste da Amazônia... Aqui a rola a malandragem. A AMMA, através de seus
membros, defensores do patrimônio histórico, tem cumprido o seu papel denunciar
os crimes contra o meio ambiente e o patrimônio histórico. É arriscado esse
papel que deveria ser daqueles que tem a obrigação de fazê-lo. Pois, ao
denunciar a funcionária do MPF, por facilitar agentes infratores que agrediram
o patrimônio histórico, por isso foram condenados a prisão. Mantendo a acusação, a bem da verdade é muito dificil.
Felizmente nós preservadores, fomos absolvidos pela
Justiça Federal. As instituições de proteção a cidadania e meio ambiente, ficam
do lado dos agressores. A obtenção de imóveis, terras publicas, até a
autorização para vender o acervo tombado está em franca expansão, que se torna
cada vez mais atrevida, uma “atividade que legaliza” o intransferível para
terceiro, conta com a omissão do estado de Rondônia, “se faz de morto para
comer o... coveiro”.
Se omite, isso é crime e passa de mão beijada, entre outros, o que
está acontecendo no pátio ferroviário, e o que se comanda do Prédio Palácio
Relógio é um escândalo. E de lá, do alto do gabinete do diretor da
ferrovia, agora do prefeito, no prédio do
relógio, comanda-se ao som da sirene, quando soa é de cortar o coração, nesse
horário começa a destruição do pátio ferroviário e lá, esta sendo construído um
shopping Center – centro comercial, grande traição ao povo de Porto
Velho...
Há anos, os imóveis principalmente os pertencentes ao espaço ferroviário e seu entorno, vem sendo cobiçado pelos mais variados grupos especuladores, dominantes principalmente com a influência na administração municipal, que tem poderes, de forças ocultas, juntos as instituições ambientais e de cidadania.
E como começa um negócio, inicialmente camuflado,
atrevido, um comercio de terras públicas e imóveis da União. Como se torna cada
vez mais atrevida essa atividade ilícita, invisível, essa atividade de “transferência” de móveis e imóveis da União,
conta coma omissão do Estado de Rondônia. Para viabilizar essa armadilha,
sempre tem a interpretação da lei, que
beneficia os infratores.
Luiz Leite de Oliveira,
arquiteto, pensador, pesquisador, caboclo de São Carlos do Jamari, estudou na
escola rural Samaritana, fez arquitetura e Urbanismo na Universidade de
Brasília- UNB, cineasta, liderou movimento pela Reativação da ferrovia,
Presidente da Associação de Preservação do Patrimônio Histórico do Estado de Rondônia e Amigos da Madeira Mamoré.
AMMA. Pesquisa livros, “Achegas para a
história de Porto Velho” de Antônio Cantanhede; “Na Planície Amazônica” de
Raymundo Moraes; “A Ferrovia do Diabo” de Manoel Rodrigues Ferreira.
A importância de crianças e adolescentes estudarem
A educação é um direito fundamental para o desenvolvimento do ser humano em qualquer sociedade. No Brasil, através da Constituição Federal de 1988,
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