Quinta-feira, 25 de junho de 2020 - 12h32
Vem da velha Europa, que muitos
acreditam estar por demais envelhecida, lições de políticos e dirigentes
públicos que, acusados de corrupção, não pensaram duas vezes em meter uma bala
na cabeça e por fim a própria vida. Conquanto episódios dessa natureza não
pareçam inéditos, é preciso refletir a respeito deles, sobretudo para fazer
comparações, pois só eles são capazes de explicar por que são diametralmente
opostas as condutas de homens públicos de cada Nação.
No Brasil, porém, a situação é
diferente. Depois de meterem as mãos sujas no erário, políticos e autoridades
públicas passam a conviver tranquilamente no meio da população, desfilando em
carrões, comendo nos melhores restaurantes, viajando de um lado para o outro, sorrindo
de orelha a orelha, sem nenhum resquício de vergonha na cara, como se fossem
pessoas probas, como se gatunar dinheiro público ou receber propina de
empreiteira em troca de apoios a projetos em tramitação nas casas legislativas fossem
a coisa mais natural do mundo. Muitos enchem a boca para condenar a corrupção.
E o pior é que os canalhas ainda são endeusados por segmentos da sociedade, que
os vê como exemplos de retidão a serem seguidos.
Lá, na velha Europa, independente
do prestígio de que desfrutam as Nações as quais pertencem ou pertenciam, são
notórios os exemplos de homens públicos, os quais, uma vez acusados de atos ilícitos,
preferiram deixar o poder ou então se suicidaram, a terem que enfrentar a
execração pública, pois não imaginavam conviver com tamanha mácula.
Por aqui, velhas e manjadas
raposas da politica nacional foram apanhadas em diversas bandalheiras
devidamente comprovadas, sem que o sacrifício voluntário do incriminado tenha
ocorrido, nem os órgãos aos quais caberia punir o acusado se manifestaram,
preferindo deixar tudo por menos, em decisões que não apenas agridem o menor e
mais elementar sentimento de justiça, como também evidenciam a presença de dois
pesos e duas medidas, além, é claro, de pretenderem subestimar a inteligência
das pessoas, como se a sociedade fosse constituída somente de energúmenos.
Reflitamos, pois, sobre o assunto.
Depois, comparemos as condutas de homens públicos de lá e de cá. Por certo, não
seremos envolvidos por nenhum sentimento edificante.
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Formei-me em 1958 em Direito na FDUSP e desde o início da década de 60,quando cinco dos atuais Ministros ainda não tinham nascido, atuo perante a Su