Terça-feira, 21 de abril de 2020 - 11h57
O Brasil sempre foi um país
muito desigual. As diferenças sociais sempre foram grandes, muito grandes. Não
se precisa aqui relembrar o resultado de décadas de descaso com a educação, com
a saúde, com a infraestrutura, com o saneamento, com investimentos sociais. Somos
um país que se destaca pela burocracia insensível, por um estado pesado,
sugador dos recursos privados, criador de obrigações acessórias e de
dificuldades para os empreendedores e para as empresas, afora difundir uma
crença, quase religiosa, que quem cria empregos, quem gera a renda e a riqueza,
quando fica rico, de alguma forma, está acumulando indevidamente. Aqui não se
valoriza o empresário que é tido, invariavelmente, como alguém que se aproveita
do trabalho alheio. Não importa que seja através dele que se crie a riqueza,
que a sociedade evolua, que se modernize e se criem novos produtos e
tecnologias. Não importa que as micros, pequenas e grandes empresas contribuam
para minorar a crise. Na cabeça de uma grande parte das pessoas a palavra empresário,
patrão, soa como se fosse um explorador. Recentemente até ser elite passou a
ser um palavrão. Elite não é mais, no discurso político, o melhor que a
sociedade tem e sim, como se isto fosse possível, uma pessoa que não suporta
que os pobres melhorem ou andem de avião. Nem mesmo na crise este discurso sem
pé nem cabeça some. Quando se argumenta que a economia não pode ficar parada os
discursos socialistas, de esquerda, respondem, falsamente, que os empresários
querem salvar suas empresas mandando os empregados trabalhar (e morrer) para
salvar a economia. Afirmam que os empresários querem mandar os empregados
voltar ao trabalho, sem nenhum critério, como se todos não tivéssemos
preocupações com a vida. O que se diz-isto sim-é que o isolamento total não é a
única medida ( e discutível para muitos especialistas) a ser tomada. O que se
pede é que haja um gradativo retorno, pois, a questão da saúde também passa por outros vetores,
como o da economia, da alimentação. Mas, o que se diz é que a questão é salvar
vidas? Salvar vidas para não terem empregos, não terem renda, não terem comida
e morrer de fome? A Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre) estima que a taxa de
desemprego do Brasil pode pular dos atuais 11,6% para 16,1% já neste trimestre.
Isto significa mais 5 milhões de pessoas na fila do desemprego em três meses,
elevando o número de desempregados no Brasil para 17 milhões. Como se pensa
fazer para essas pessoas sobreviverem? Se o governo, para dar a insignificante
ajuda emergencial, que parece um pingo d’água na sede dos mais pobres, aumenta
o rombo dos cofres. Em certo momento até parece que, por certos discursos, as
pessoas pensam que os bens e serviços caíram dos céus. Ou fingem não ver que,
sem produção, os preços estão subindo aceleradamente, um exemplo é valor
abusivo dos frascos de álcool em gel, enquanto os assaltos, inclusive à mão
armada, tornaram-se comuns na nossa realidade. E, quando as pessoas saem nas
ruas, utilizando os seus carros e os caminhoneiros seus caminhões, para pedir a
abertura dos suas atividades, do seu ganha pão, porque não tem como viver,
dizem que são os ricos ou “desmiolados bolsonaristas”. Não, caros cegos, os que
vão para as ruas, podem até apoiar Bolsonaro, mas, são os que sabem, sentem na
pele, que com a economia parada ou virá um regime de força ou teremos o caos.
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