Domingo, 28 de junho de 2020 - 08h21
Chegando próximo de quatro meses imersos numa
pandemia que estabeleceu restrições, nos distanciou fisicamente, modificou
nossos hábitos e nos colocou frente a frente com nossas fragilidades. Ela veio sorrateira, mudou tudo
e almejamos que vá passar. Quando começou a pandemia, tínhamos a impressão que
seria uma grande e inesperada onda. E como conselho de um bom marinheiro ou,
quem sabe, de um bom surfista deveríamos nos manter à tona, flutuando sobre a
onda, flexíveis e obedientes perante à sua dimensão, não iria acontecer nada de
muito ruim e em seguida reencontraríamos a calmaria. Mas não adiantou conselhos.
Como um pesadelo de uma noite mal dormida, a pandemia chegou, se instalou e
ficou. Estamos esperançosos que esse momento passe.
É natural que reflitamos sobre como o novo coronavírus
transformará nossas vidas no futuro, mas o certo é que estamos cientes: a
pandemia já alterou o mundo. Alguns exemplos são a maneira como nos
relacionamos, trabalhamos, sentimos e pensamos. O que vivemos na atualidade,
mudará por completo o que conhecíamos até agora. As próximas gerações não serão
as mesmas, tampouco essa o será.
Entender que mundo novo é esse se torna
importante para nos prepararmos para o que vem por aí. Porque uma coisa é
certa: o mundo não será como antes.
Alguns países estão retomando as atividades
cotidianas, dando um passinho de cada vez. O nosso querido e idolatrado Brasil,
“atrapalhado” por natureza, vai levar mais tempo. Três, nove, doze meses ou até
dois, quatro ou cinco anos? Quando teremos nosso cotidiano de volta? Talvez
nunca! Nunca como era antes. É provável que a nossa atual incerteza determinará
novos modelos de comportamento daqui para frente.
Usar máscaras, utilizar álcool, lavar as mãos e
evitar aglomerações são feitos que estamos nos habituando. Poderíamos nos afeiçoar
agora com o desprestígio da ostentação e do consumismo extravagante. Permaneceremos
comprando alimentos, roupas e medicamentos, isso é necessário. Nossos luxos quem
sabe mudem, espero que mudem.
Estamos com a oportunidade de privilegiar as demandas
humanas, se compreendermos e aproveitarmos a ocasião, provocando em nós a
tendência de reavaliarmos nosso estilo de vida. Quantas pessoas buscaram
refúgio em zona rural, em procura de desintoxicação, mais atividades ao ar
livre, mas outros preferiram cidades menores com menos concentração
populacional. As capitais não foram mais motivo de sonho para fixar residência.
E a arte? Ela também se beneficiou desta pandemia. Não só por sua valorização,
pois o que seria de nós sem livros, música e filmes nesse extenso isolamento,
digo do surgimento de talentos até então incógnitos. Quantas pessoas foram forçadas
a descobrir em si algum dom? Gente que não imaginava cozinhar, se descobriu um
master chef, pessoa que achava não ter habilidade com artes manuais, hoje
tricota, costura, pinta e borda. Fotografar? Não é para mim... mudou de ideia,
hoje tem vários portas retratos, blogs e até cogita uma exposição. Escrever,
nem pensar...neste momento está pensando como será a capa do seu livro, e assim
continua a saga do que descobriram seus dons, vá saber quantos outros. O que
fica é que a demonstração artística poderá ser nosso aporte à humanidade. Não
seremos apenas consumidores da arte, mas fornecedores também. Vamos descobrir o
valor do real dos relacionamentos, não importa se é amoroso, de amizade ou familiar.
O bom será encontrar os amigos, beber e comer com eles; namorar, celebrar as
sensações, não as obtenções.
Já que esta anormalidade é inevitável, que a
gente ao menos transforme nosso susto em esperteza. Talvez saiamos dessa pandemia com espírito mais voluntário,
refletirmos em ajudar idosos ou grupos ameaçados pelas novas ondas do vírus,
ter maior respeito por quem trabalha como profissionais de saúde, heróis
indiscutíveis no combate à pandemia e tantos outros profissionais que não
pararam diante deste vírus.
Agora, nossa realidade já não mais é a mesma é
certo que o mundo também não será mais o mesmo. Que nos tornemos seres humanos
melhores e mais evoluídos. Em uma visão otimista, poderemos rumar para um mundo
em que a ameaça comum do vírus acabe por gerar mais união em vez de divisão.
Dias
melhores virão, com certeza!
* Mestre em Letras
zetebravo@hotmail.com
fone: 69 9 9315-1829
Endereço para acessar o CV: http://lattes.cnpq.br/0631273529100177
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Formei-me em 1958 em Direito na FDUSP e desde o início da década de 60,quando cinco dos atuais Ministros ainda não tinham nascido, atuo perante a Su