Domingo, 4 de fevereiro de 2024 - 10h19
De tempos em tempos a
humanidade se vê impactada por uma inovação tão significativa que todo o seu
conhecimento ou modo de vida passam a ser questionados. Por mais que possa
parecer cedo, atualmente estamos vivenciando mais um desses momentos singulares
da história. Até porque, não existe um aspecto ou setor da convivência humana
que não está sendo ressignificado graças a potencialização meteórica da
inteligência artificial.
Reconhecida por sua constante
necessidade de evolução, a medicina está longe de estar alheia à tal inovação.
Hoje o setor precisa invariavelmente passar a adotar de maneira massiva a
tecnologia na rotina dos profissionais, já que a sua aplicação representa a
possibilidade de evoluir significativamente todo o processo clínico em,
principalmente, três pilares estratégicos: velocidade, personalização e
precisão.
A primeira linha essencial diz
respeito a redução de burocracia e resolução de ineficiência sistêmica.
Atualmente na área existem diversos processos que acabam desviando os médicos
da prática clínica. A área muitas vezes exige essa burocracia para garantir o
controle dos dados e informações médicas, muitas vezes sigilosas. A tecnologia
chega justamente para trazer dinâmica e eficiência para esse processo
burocrático, permitindo que os profissionais da saúde possam se debruçar
naquilo que verdadeiramente importa.
Por mais que pareça
contraditório em um primeiro momento, a IA contribui de forma significativa
para a individualização do cuidado. Até porque, cada paciente apresenta
particularidades e genéticas distintas entre si. Graças ao auxílio da
ferramenta, é possível analisar e entender mais profundamente as diferenciações
através dos dados, fator que pode resultar numa personalização essencial para
diagnósticos e tratamentos mais assertivos.
Outro ponto importante é
habilitar a chamada medicina de precisão. Dada a possibilidade de ter em mãos
informações genéticas, clínicas e comportamentais cada vez mais aprofundadas sobre
os pacientes, os profissionais podem atuar com exatidão mesmo atuando perante
diferentes circunstâncias. Afinal, cada caso é um caso.
Um mundo de novas
possibilidades
Diante de todo esse cenário,
as soluções baseadas em IA funcionam quase como uma segunda opinião médica,
atuando como um auxiliar fundamental para trazer segurança e eficácia aos
profissionais da área.
Um exemplo prático é a
participação incisiva da tecnologia no momento de prescrição de medicamentos.
Hoje, com o auxílio da IA, é possível averiguar de maneira muito mais ampla,
precisa e antecipada se algum fármaco possui alguma interação de risco com
outro que vem sendo utilizado no tratamento. Indo mais além, por meio dos dados
coletados é possível antever o risco de possíveis reações alérgicas ou se a
droga é ineficaz para determinado paciente.
A contribuição do machine
learning ainda traz consigo melhorias imprescindíveis para o diagnóstico
clínico. Por meio de uma compilação de dados que vai muito além da capacidade
humana, a tecnologia é capaz de identificar e constatar padrões, sendo possível
agilizar e aperfeiçoar o reconhecimento de doenças ou eventuais problemas
crônicos.
O tratamento clínico também
pode ser altamente otimizado por conta da aplicação da tecnologia. Imaginemos
por exemplo que um médico de maior especialização consiga treinar o algoritmo
de uma IA. A partir da sua expertise, é possível amplificar o conhecimento para
outros profissionais, o que por consequência irá permitir que o mesmo
tratamento seja replicado para milhares de enfermos. Tal contribuição simboliza
a possibilidade de democratizar e acessibilizar o conhecimento médico
sofisticado, contribuindo de forma massiva para a melhora do atendimento de
forma universalizada.
Podemos aproveitar a
tecnologia ainda para obter uma compreensão mais aprofundada, mesmo de maneira
preliminar, sobre como determinados medicamentos ou procedimentos clínicos
podem se traduzir em avanços para os pacientes. Nesse contexto, a inteligência
artificial desempenha um papel crucial ao assegurar a documentação precisa de
cada caso, colaborando para a formação de um banco de dados valioso. Esse
banco, por sua vez, possibilita a identificação de casos clínicos semelhantes,
os quais servem como base no processo de antecipação de possíveis resultados.
A partir de todas essas
perspectivas, não dá para imaginar uma realidade em que a IA não participe, ou
até mesmo dite, os novos rumos e possibilidades da medicina. O seu uso e
aplicação surge como um auxiliar imprescindível para que os profissionais da
área médica consigam atuar de forma ainda mais competente e idônea. Fato é que
a inteligência artificial na medicina vem sendo responsável por trazer o futuro
para o agora e quem tem a ganhar com isso somos todos nós.
(* ) Igor Couto é CEO e fundador
da Sofya, startup pioneira em utilizar Inteligência Artificial para raciocínio
clínico no Brasil.
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