Segunda-feira, 21 de abril de 2025 - 11h34
“Nasceu na capital argentina no dia 17 de Dezembro de 1936, filho de
emigrantes piemonteses: o seu pai Mário trabalhava como contabilista no caminho
de ferro; e a sua mãe Regina Sivori ocupava-se da casa e da educação dos cinco
filhos.” É assim que a biografia oficial de Jorge Mario Bergoglio é apresentada
pelo Vaticano.
O arcebispo de Buenos Aires havia deixado seu país para o Conclave após
a renúncia de Bento XVI. Desde então, nunca mais retornou à Argentina. O homem
escolhido pelo Espírito Santo para governar a Igreja Católica naquela
quarta-feira, 13 de março de 2013, se apresentou ao mundo como Francisco.
Jesuíta, o novo papa disse ter vindo “do fim do mundo”, referindo-se ao
fato da Argentina ser conhecida como uma das mais austrais do planeta. Sua
escolha parece ter sido uma resposta à oração de João Paulo II, em 1993: “o
mundo estava com saudades de Francisco”. Prece que elevou a Deus em sua visita
ao Santuário do Monte Alverne, na Itália, local em que o santo italiano do
século XIII recebeu os estigmas de Cristo.
Francisco de Assis recebeu de Jesus a missão de restaurar uma Igreja em ruínas.
Reforma esta que tem caracterizado o Pontificado de Francisco nestes doze anos.
Ao invés do Palácio Apostólico, o Papa preferiu manter-se próximo das pessoas;
segundo ele, essa vida normal faz bem e o ajuda a evitar o isolamento.
Sua proposta de descentralização de poder, resultou na criação de um
Conselho de Cardeais, na nomeação de mulheres para cargos estratégicos como
Dicastério para Vida Consagrada e Governo do Estado Cidade do Vaticano, além de
uma consulta considerada a maior da história da Igreja para ouvir católicos do
mundo todo. “Caminho de fraternidade, amor e confiança entre nós”, pediu a
todos em seu primeiro discurso na Sacada da Basílica São Pedro, no Vaticano.
Ali, iniciava seu caminho: “Bispo e povo”.
Em suas audiências gerais semanais, os discursos ficaram mais curtos
para dedicar mais tempo aos abraços. Sua personalidade foi marcada pela
disposição em ouvir, acolher, retribuir carinho, o bom humor, abençoar
gestantes, casais novos, bebês, ou simplesmente distribuir doces às crianças e
tomar chimarrão.
Francisco revelou a Igreja, como uma Mãe fecunda “que não tem medo de
arregaçar as mangas para derramar o azeite e o vinho sobre as feridas dos homens
(cf. Lc 10, 25-37); que não observa a humanidade a partir de um castelo de
vidro para julgar ou classificar as pessoas”.
Com cerca de 1,3 bilhão de membros, a Igreja Católica Apostólica Romana
é formada por pecadores, necessitados da misericórdia. “Esta é a Igreja, a
verdadeira Esposa de Cristo, que procura ser fiel ao seu Esposo e à sua
doutrina. É a Igreja que não tem medo de comer e beber com as prostitutas e os
publicanos (cf. Lc 15). A Igreja que tem as suas portas escancaradas para
receber os necessitados, os arrependidos, e não apenas os justos ou aqueles que
se julgam perfeitos! A Igreja que não se envergonha do irmão caído nem finge
que não o vê, antes, pelo contrário, sente-se comprometida e quase obrigada a
levantá-lo e a encorajá-lo a retomar o caminho, acompanhando-o rumo ao encontro
definitivo, com o seu Esposo, na Jerusalém celeste”, afirmou na conclusão da III
Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos, em 2014.
“Feito tudo para todos”, como o Apóstolo Paulo (cf. I Cor 9, 22), o
“Vigário de Cristo” na terra afirmou que na Igreja Católica há espaço para
todos. Podemos considerar que as palavras do “Servo dos servos de Deus” diante
de milhares de jovens, em Portugal, em 2023, têm sua inspiração no Catecismo da
Igreja Católica: “Pelos profetas, Deus forma o seu povo na esperança da
salvação, na expectativa de uma aliança nova e eterna, destinada a todos os
homens” (C.I.C. 64). “Todos, todos, todos” revela a aliança de Deus, em Abraão,
a quem prometeu: “Em ti serão abençoadas todas as nações da terra” (Gen 12,3).
Suas primeiras palavras como Papa - “Rezem por mim” - ecoaram por onde
passou. Ganharam adesão de toda Igreja e se tornaram ainda mais evidentes
durante sua última hospitalização no Hospital Gemelli, em Roma. O local se
tornou uma espécie de “Acampamento de Oração”, com intercessores fiéis e
pessoas de boa vontade na torcida por Francisco. Intercessão que contagiou
Cardeais e colaboradores da Cúria Romana na Praça São Pedro e se estenderam ao
mundo todo.
Com o máximo de transparência, o Vaticano buscou comunicar boletins
atualizados. A imprensa também manteve-se pronta para noticiar com “verdade,
bondade e beleza”, no aguardo da melhor notícia que seria sua completa
recuperação.
No entanto, Papa Francisco concluiu sua missão terrena. Desejou que seu
corpo fosse sepultado na Basílica Santa Maria Maior, em Roma, próximo ao ícone
de Nossa Senhora Salus Popoli Romani, diante do qual retornava para
rezar após cada viagem.
Francisco é o segundo papa mais longevo da história cristã, ficando
atrás apenas de Leão XIII, que morreu aos 93 anos em 1903. Seu legado demonstra
uma vida inteira dedicada a manifestar a concretude do Amor, agora
eternizado em nossos corações.
*Rodrigo Luiz dos Santos é jornalista e membro da Comunidade
Canção Nova.
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