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Paz Interior: Uma Jornada Necessária


Rubens Nascimento - Gente de Opinião
Rubens Nascimento

Os dedos deslizam pela superfície da tela, navegando por feeds intermináveis ​​de notificações, fotos e mensagens. O zumbido suave das notificações cria uma melodia eletrônica que substitui o som de conversas reais e risos espontâneos. Entre eles, um jovem levanta a vista brevemente do celular, olhando de volta para seus amigos. No entanto, o contato visual é efêmero, pois logo sua visão é  atraída de volta para a tela luminosa, onde avatares virtuais aguardam sua atenção.

Um silêncio eletrônico envolve o grupo, que está sentado junto, mas vive em mundos separados e fictícios. Os bancos, que deveriam ser palco de conversas e risos reais, tornam-se testemunhas silenciosas da desconexão entre eles, que estão fisicamente presentes, mas emocionalmente mergulhados em seus próprios mundos digitais.

Enquanto isso, o sol continua a brilhar lá fora, as árvores balançam ao sabor da brisa e o mundo real aguarda a atenção daqueles que, por enquanto, estão presos em uma bolha virtual. Onde está a paz? Esse silencio, a falta de diálogo, seria considerado paz? Não, eu não suporto isso!

Sou do tempo do banco da praça, do som do violão, da fogueirinha no chão e das paqueras que, no máximo pegar na mão, já era bom demais. Gosto da tecnologia, uso sua modernidade, mas não deixou me escravizar.

Em um mundo contemporâneo repleto de melhorias e estresse, a busca pela paz interior torna-se uma necessidade mais urgente do que nunca. Os jovens que descrevo enfrentam desafios em um ritmo acelerado, imersos em tecnologia, cobranças acadêmicas e sociais. Contudo, a corrida incessante em direção ao futuro muitas vezes obscurece a importância da introspecção e da construção de uma base sólida de paz interior. Enquanto eles moldam seus destinos e perseguem realizações nós, mais velhos, procuramos encontrar um estágio da vida onde a reflexão se torna uma aliada valiosa. À medida que envelhecemos, a busca pela paz interior não é apenas aconselhável, mas torna-se uma necessidade essencial para enfrentar as complexidades do tempo que passa.

Filósofos têm repetidamente destacado a importância da paz interior como uma meta fundamental na busca por uma vida significativa. À medida que envelhecemos, essa busca torna-se ainda mais premente, proporcionando-nos uma orientação profunda e uma compreensão enriquecida do verdadeiro propósito da existência. Sêneca, Epicteto e Marco Aurélio, ancorados na tradição estoica, exploraram profundamente o conceito de paz interior. Sêneca, por exemplo, afirmava que "a verdadeira felicidade é... aproveitar o presente, sem ansiedade dependente do futuro". Essas palavras ressoam como um eco atemporal, lembrando-nos da necessidade de encontrar serenidade nas complexidades da vida.

O Buda Gautama proclamou que a paz vem de dentro, e é alcançada não através da ausência de problemas, mas da capacidade de lidar com eles com calma e sabedoria enfatizando a importância da paz interior como um caminho para transcender o sofrimento humano. Entender que a paz interior não é um estado estático, mas uma jornada contínua de autodescoberta e acessível.

À medida que envelhecemos, enfrentaremos desafios, mudanças e perdas. Nesse contexto, a paz interior atua como um refúgio sereno, proporcionando força para enfrentar adversidades e aceitar a impermanência da vida. Essa busca é atemporal, sua conquista requer uma prática constante de uma introspecção.  Isso não apenas tranquiliza mente, mas também ajuda a desenvolver a resiliência emocional diante dos desafios inevitáveis.

Hoje, enquanto nos deparamos com um mundo frenético e muitas vezes caótico, a paz interior surge como uma necessidade.  Cada indivíduo é incentivado a pausar, refletir e dedicar tempo para cultivar a serenidade dentro de si.

A paz interior não é um luxo, mas uma bússola confiável que nos guia através das águas tumultuadas da vida. Ao envelhecer, ela se transforma numa dádiva que oferecemos a nós mesmos. Uma luz que ilumina os recantos mais escuros da existência. Temos que saber utilizar os freios emocionais para abraçar essa jornada com coragem e determinação, buscando não apenas o sucesso externo, mas a calma interna que transcende as estações da vida.

Muita paz

 

Rubens Nascimento, é jornalista, Bel. Direito e Mestre Maçom

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