Terça-feira, 28 de julho de 2020 - 13h33
O Brasil começa a discutir os parâmetros para reconstruir a economia. Na retomada, que será gradual, é inafastável reabrir as atividades com segurança e cuidados redobrados com a saúde. Sem saúde social não há saúde econômica. Esse planejamento zeloso evidencia uma preocupação legítima com o futuro.
Nessa perspectiva, é imprescindível ter como dogma desde já, que nada será sólido e relevante ignorando-se a situação dramática dos pequenos e micros negócios. A Nação que ambicionamos ser na pós-pandemia depende de como elas sairão da catástrofe que desabou sobre o comércio, os serviços e a indústria, nos pequenos negócios, em todo o país.
É imperioso salvar as micro e pequenas empresas, já. Sem iniciativas robustas, há riscos prolongado sobressaltos. Houve uma queda acentuada nas atividades, demissões e fechamentos. Alargar essa estatística trágica retardará a volta do país à normalidade, com prejuízos dolorosos para várias gerações. A adversidade é única, notadamente para o segmento que mais emprega no Brasil e o mais vulnerável.
Antes da pandemia, os MPEs representavam 55% dos empregos de carteira assinada e 44% da massa salarial, com 17 milhões de trabalhadores. Prova da pujança é o saldo positivo de empregos nas MPEs por três anos consecutivos, de 2017 a 2019. Criou-se 1,7 milhão de vagas, conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). As médias e grandes empresas apresentaram saldo negativo, de 494 mil postos de trabalho.
O valor estratégico do segmento na economia é derivado de uma das mais avançadas legislaç ões do mundo, aperfeiçoada gradualmente. Entre 2001 e 2019, a participação no PIB pulou de 23,2% para 29,5%, expressivos 6,3 pontos percentuais. É impensável imaginar o funcionamento de grandes e médias empresas sem as micro e pequenas.
Salvar os pequenos negócios exige esforços do Executivo, Legislativo e Judiciário no debate de legislação emergencial e permanente para ajudar o setor. O governo federal, na continuidade e melhoria dos programas em andamento; o Judiciário, na mediação conflitos e o Legislativo na proposição de alternativas.
Diante do gargalo no acesso ao crédito, as MPEs seriam estimuladas a garantir o funcionamento com o Bônus de Antecipação pela Continuidade Operacional. Os solicitantes poderão receber até R$ 12 mil da União, fixado em 40% da média mensal da receita de 2019. O bônus seria compensado no pagamento de tributos federais, a partir do mês seguinte à sua concessão, até que o valor total seja quitado. Dessa maneira, a empresa não desembolsará nada, apenas recolherá os tributos federais já previstos. A única contrapartida é continuar funcionando.
Para os microempreendedores individuais (MEIs), haveria o Auxílio Emergencial Adicional, que se somará às cinco parcelas já programadas. O limite para cada MEI ficaria em R$ 4.350, calculado pela diferença entre a média mensal de faturamento em 2019 e o valor de R$ 2.400. A justificativa é o papel que eles exercem na geração de trabalho e renda como empreendedores.
Ao lado dessas iniciativas suplementares, a retomada econômica precisa colocar novamente em perspectiva o Programa “Brasil Mais”. Lançado em fevereiro deste ano, teve sua implantação comprometida pela Covid-19, mas é fundamental para o país dar o grande salto na produtividade na indústria, comércio e serviços. A produtividade ganha mais tração e ainda reforça a premência da transformação digital e da inovação.
O Sebrae vem fazendo sua parte. Focou na prestação de serviços, com orientações e soluções para o crédito e adesão ao comércio eletrônico e adequação às medidas emergenciais. Quando as empresas começaram a retomar as atividades, foram disponibilizados os protocolos - em formato de cartilhas digitais – de medidas de segurança, em diferentes áreas, a fim permitir uma volta segura.
As linhas de crédito mereceram atenção especial, com a participação na formulação do Programa Nacional Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) e do Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe). 57% dos que conseguiram empréstimo na CEF foram encaminhados pelo Sebrae. A probabilidade de obter o crédito, quando encaminhado pelo Sebrae, é quase três vezes maior.
Para ouvir o setor e conhecer seu sentimento mais de perto, diversas rodadas de pesquisa estão sendo realizadas pelo Sebrae periodicamente. As primeiras diagnosticaram a crise. A mais recente indica sinais de recuperação. Para que isso se confirme como tendência irreversível, temos muito trabalho pela frente. O resultado certamente será recompensador para muitas gerações.
*Carlos Melles é Presidente do Sebrae Nacional
Quem nunca viveu algum tipo de desconforto na mesa de um restaurante? Sabemos que existem profissionais que operam na linha de frente do atendimento
Distribuição da água, coleta e tratamento do esgoto rumo a privatização em Pernambuco
Virou palavrão falar em privatização, depois das promessas não cumpridas com a privatização da distribuidora de energia elétrica, a Companhia Energé
Recomeços: como traçar sua melhor jornada para 2025
Sempre há tempo de recomeçar, porém o Ano Novo é um período no qual geralmente as pessoas dão uma parada para reflexões que nos trazem mais uma chan
Gastança, a praga moderna que atrasa o Brasil
No século XIX, o pesquisador francês August Saint-Hilaire (1779-1853) ficou espantado com a ação devastadora das formigas cortadeiras no Brasil, ati