Quinta-feira, 14 de setembro de 2023 - 15h09
“A democracia significa
o domínio da regra – o domínio da regra sobre a exceção [...] mas, a exceção
tornou-se a regra, então estamos vivendo sob uma ditadura do relativismo, e
essa é a pior de todas as tiranias.”
G.K.Chesterton, ensaísta
inglês
Um ano
após as eleições presidenciais mais polarizadas da história do Brasil, pode-se dizer, sem exagero, que a nossa periódica celebração
dos valores democráticos dessa vez trouxe grandes decepções aos brasileiros. Provavelmente,
muitos políticos – assim como mais de 20 milhões de eleitores que por qualquer
motivo não votaram – devem estar se perguntando, na privacidade de suas mentes,
se já não está saindo caro demais ter sido indiferente (ou mesmo cúmplice) na
eleição de um candidato comunista e com antecedentes criminais, por corrupção. É
sabido que governantes escolhidos por “rebeldia romântica”, “simpatia
ideológica”, ou crença no “marketing maniqueísta” (que sempre demoniza o outro
candidato), não costumam cumprir suas mirabolantes promessas de campanha, e são
incapazes de entregar competência administrativa.
Considerando-se que a falta de apoio ao candidato
conservador aparentemente foi de ordem moral, será que a sociedade não deveria
ter feito algo mais efetivo, em reforço às manifestações na frente dos quartéis,
para impedir que o comunismo se instalasse no Brasil pelo voto e
“democraticamente”, como estamos vendo acontecer?
Até agora, esse
apagão da consciência crítica dos muitos brasileiros, despreocupados quanto aos
evidentes perigos do retorno ao poder de notórios corruptos esquerdistas, disfarçados
de salvadores do regime, não foi reconhecido como perigo. Pode-se alegar questão de julgamento, ou mero desinteresse
político, mas o que hoje se observa é uma incapacidade de perceber os riscos
dessa situação inédita, além de inconcebíveis faltas de iniciativa e de coragem,
em respostas proporcionais às novas circunstâncias da proclamada “democracia relativa”.
Na verdade, desde
a passada campanha eleitoral, os brasileiros têm sido espoliados em seus
direitos, de forma declarada e sistemática, por “defensores da Constituição”
que nunca receberam um voto, por congressistas que se omitem diante de qualquer
ameaça aos seus interesses, e por autoridades que se orgulham de serem
comunistas. É intrigante que nossa sociedade não tenha percebido exatamente
o que aconteceu no Brasil, nesses dois últimos anos. Valer-se de procedimentos
rotineiros, obedecer formalmente à letra das leis vigentes no país, mas usá-los
em favor de objetivos contrários aos valores democráticos preservados pelas
instituições; manifestar alinhamento nacional com ditadores, e articular cooperação
com outros regimes comunistas, têm sido manobras corriqueiras do governo, impostas
à população, sem o devido juízo crítico ou avaliação do custo dessas práticas,
para a própria Democracia brasileira.
Usando
métodos pragmáticos e argumentos casuísticos, dando ao Estado Democrático de
Direito um caráter “legalista”, “interpretando” a Constituição sempre a favor do
mesmo partido, em processos intencionalmente autoritários e “não democráticos”,
na “defesa da democracia”, nossos líderes políticos, com apoio dos magistrados,
estão gradativamente fazendo do Brasil um país comunista. Censura de opinião, cerceamento
indiscriminado de liberdades, abuso de autoridade, multas e prisões com evidente
cunho político, desprezo pelo devido processo legal, já se tornaram comuns diante
de uma sociedade emudecida, menos pela conivência, e muito mais pela
indiferença ou pelo medo.
Nenhuma
democracia que se diga madura pode existir sem um compromisso rigoroso de respeito
às leis; a melhor maneira de proteger a democracia é com leis
respeitáveis e juízes imparciais; e, cabe aos operadores do Direito denunciar e
lutar pela reparação das injustiças. Mas, por
que a
OAB e as associações de Magistrados não identificam qualquer insegurança
jurídica hoje no Brasil? Por que decisões monocráticas
inconstitucionais de um Ministro do STF – por vezes, de indisfarçável matiz ativista
judicial – jamais recebem contestação dos demais membros da Corte? Será
que as representações classistas, Federações, Confederações, Universidades, a
Imprensa, a CNBB, os Clubes de Serviços, a Maçonaria, as Forças Armadas
continuarão mudos sobre os rumos desse governo, na direção do “autoritarismo
democrático”?
Quando a lei e a moralidade estão em
contradição, o cidadão se vê na alternativa cruel de optar pelo imoral, ou de desrespeitar
a lei, duas desgraças igualmente indesejadas, de difícil escolha. Mas não se
iludam, quando a lei não protege, a solução para a injustiça, ou a indignação
que não consegue se expressar, acaba sendo naturalmente a violência. Hoje, os brasileiros precisam entender que só
poderão escapar da violência anunciada, frequente desfecho desse estado de
insegurança jurídica vivido pela sociedade, se adotarem um novo tipo de “responsabilidade
cívico democrática”. Com um pequeno detalhe: esse compromisso tem de ser
genuinamente assumido, por palavras, gestos e atitudes, ou não tem efeito.
Portanto,
ative seu senso de responsabilidade!
É
tempo dos homens e das mulheres de bem protegerem a sua normalidade. É tempo
de lutar pelo que é correto. Não podemos simplesmente condenar o que é
errado; antes, devemos afirmar o que é certo. Esta é agora sua maior e a mais
difícil tarefa. Você é capaz e importante nessa luta. Participe, não
seja um simples espectador enquanto a verdade, a razão e a lógica clamam por
sua ajuda. Não entregue a sua voz a
outras pessoas. Não se autocensure, por inibição ou temor às críticas. Saiba
que você e seus filhos sofrerão as consequências dessa luta, portanto não tenha
receio de se impor. A guerra das ideias deve começar no campo de batalha do
alcance da sua voz, no bar, nas reuniões de família, na faculdade. E se os seus
amigos estão postando comentários nas redes sociais, que você discorda, entre
na conversa, ofereça pontos de vista alternativos. Não tema possíveis perdas de
amizades. Pessoas dispostas a terminar relacionamentos por causa de diferenças
de opinião bem fundamentadas não podem ser dignas de sua amizade.
Na
guerra para reestabelecer nossos direitos – contra um comunismo mascarado de
democracia – não podemos nos furtar das batalhas de ideias, ou acabaremos
desaguando na violência. A covardia deveria fazer parte da lista dos pecados
capitais, porque quando a liberdade nos está sendo subtraída diante dos
próprios olhos, omissão é crime e silêncio é traição.
Gen
Marco Aurélio Vieira
Foi
Comandante da Brigada de Operações Especiais e da Brigada de Infantaria
Paraquedista
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