Quarta-feira, 6 de julho de 2022 - 17h16
“Imaginar que ainda hoje preciso lutar, implorar aos
governantes e gestores da cultura que dediquem um pouco mais de atenção à arte
é quase um absurdo”, desabafa Rita Queiroz, nossa representante maior das artes
plásticas, que cansada com descasos, mais uma vez assinala seu descontentamento
e deixa Porto Velho, decepcionada com o que foi feito com sua exposição
permanente que está instalada no prédio
do antigo palácio Getúlio Vargas, hoje chamado de Museu da Memória de Rondônia.
Aos 84 anos, Rita está de volta a Goiás, estado com o qual
vinha intercalando sua estadia com Porto Velho até chegar a Pandemia em 2019. A
“doença”, como ela se refere ao Covid 19,
parou tudo. “De repente, me vi impedida de cuidar do meu trabalho exposto lá no
museu. E três anos depois, na primeira vez que fui ao local, deparei com uma
catástrofe; sim lamentavelmente todo o meu
trabalho tinha sido retirado das salas, as peças, as que consegui ver,
estavam amontoadas junto a outros acervos sem nenhuma afinidade. As esculturas
envoltas em plástico, os quadros abandonados em algum canto. Outras coisas nem
tenho ideia de onde estejam. Uma tristeza só. Fiquei tão chocada, que me faltou
argumento. Passei três dias doente e em casa, desabei no choro”.
Segundo a artista foram cometidas inúmeras falhas pelos
gestores da casa e seus superiores. “Primeiro, em nenhum momento nos informaram
que movimentariam a exposição. E hoje temos um Conselho que nos representa,
inclusive temos um membro da família lá. Outra coisa, a reforma que vimos lá é
parcial. Mudaram o piso de uma sala, a
de entrada e as demais seriam só pintadas, o que ainda não aconteceu. Ora, pra
pintar as paredes não precisava remover as peças do local, porque neste tempo
que a exposição está no museu, eu mesma providenciei por três vezes a pintura
das paredes, protegendo as peças ou movendo apenas de uma sala para outra, sem
destruir o ambiente; e isso não é tudo, a desmontagem da exposição aconteceu em
fevereiro, desde então todo o material está espalhado em várias salas do
prédio. Há muita miudeza que compõe nosso trabalho, e se perderem esse
material? “
Rita Queiroz ainda destaca que o ponto alto da Exposição
Andando pelas Picadas – Coleção Descamação Celular, está justamente no título,
porque retrata a sua própria vida. Ela preparou para este trabalho esculturas e telas
produzidas com peças do seu vestuário e
lençóis antigos, guardados para limpeza de pinceis e que viraram telas. ”Há
toda uma vida exposta ali em tudo, são coisas e objetos da minha vida privada
que transformei em arte e longos períodos de pesquisas. A própria montagem da
exposição, cuja primeira foi realizada ainda em 2009, está ligado a tudo que eu
vivi. E me pergunto, depois de tudo que fizeram vão conseguir manter a mesma
linguagem que eu usei? Acho difícil.” Ao longo dos anos a coleção foi crescendo
e novos elementos foram incorporados a ela, sempre voltados para a vida cabocla
da artista, que viveu toda a sua infância às margens do rio Madeira, igarapés e
igapós.
Pedido
de Socorro
“Minhas forças estão se esvaindo, mas antes que minha voz
se cale, quero deixar aqui uma vez mais um pedido de socorro ao nosso
governador e aos gestores da cultura, para que dediquem um pouco mais de
atenção às artes”. Em 2016, quando decidiu fazer a doação da exposição para o
Estado, a artista contrariou a opinião de familiares, mas estava decidida, pois
acreditava que o Estado cuidaria bem do
seu trabalho, preservando-o para que pudesse chegar a outras gerações, todavia, desde o começo não
foi isso que se viu. “De lá pra cá já se
levantaram muitas oposições. Cogitaram até em mudar a exposição para a Casa de
Cultura Ivan Marrocos, um local próprio para exposições temporárias e o pior é que
o lugar que haviam destinado é justamente onde há goteiras e não é adequado
para o tipo de material usado na Descamação Celular, relembra a artista, que
usou recursos próprios para mobiliar a exposição.
“Governador Marcos Rocha, por favor, determine um local
exclusivo para a nossa coleção, onde haja profissionais comprometidos com a
preservação da memória rondoniense”, é o apelo da artista. Segundo ela, a
exposição Andando pela Picadas não faz parte do acervo do museu, foi instalada
lá porque não se encontrou outro espaço na ocasião. “Às vezes chego a ter a
impressão de que autoridades e gestores não querem o meu trabalho, se assim for,
devolvam. Minha família vai dar um jeito de cuidar”, desabafa. Acesse you tube Rita Queiroz e assista as
lives da artista e www.ritaqueiroz.com.br.
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