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Ser cirurgião, eis a minha missão


Ser cirurgião, eis a minha missão - Gente de Opinião

Um cirurgião precisa possuir três coisas diferentes. Isto é, um   coração de leão, olhos de falcão e mãos de mulher.

John Halle


Desde muito cedo, pensava em um dia ser médico. E, desde então, não me imaginava fazendo outra especialidade que não fosse cirurgia. Eis minha meta profissional: ser cirurgião.

 Lembro-me de que, ainda criança, por volta dos 7 anos, no quintal da velha casa onde nasci, na Rua Dom Pedro II, deleitava-me fazendo dissecção nos corpos dos calangos, com a utilização de giletes. Quando no ginásio, ao retornar das aulas, passava no Hospital São José para ver meu saudoso pai, Dr. Hamilton Raulino Gondim, meu maior referencial de médico, a quem amava e idolatrava, atender seus pacientes. Ele me fez reafirmar a convicção de que eu queria ser: um médico, mais precisamente um cirurgião.

A psicanalista Lígia Guerra escreveu: “Existem pessoas que nos inspiram, outras que nos fazem bem e aquelas que, simplesmente sem pedir licença, tocam a nossa alma”. Eu, felizmente, tive algumas que me inspiram em diversos aspectos existenciais e outras, em especial, no que tange ao exercício da medicina. Nesse contexto, destaco o meu amado pai, o Dr. Hamilton Gondim, que, além de médico atuante, liderou um grupo de colegas para que fosse criado, no então território federal de Rondônia, o Conselho Regional de Medicina. Conseguiu seu objetivo em abril de 1963, quando foi instalado o nosso conselho de ética, que contribui para a boa prática da medicina nesta região, há mais de meio século. Ele foi seu primeiro presidente e o registro de número 1.

O Dr. Gondim, como era mais conhecido, também atuou no Pronto-Socorro Orlando Marques, que ficava em frente ao Hospital São José, onde com certa frequência também o acompanhava, tive momentos inspiradores. Principalmente quando chegavam os pacientes cirúrgicos, via-me de branco, tratando as pessoas, acordando nas madrugadas para salvar vidas, como cirurgião “abrindo” abdomens, estancando hemorragias, operando baleados, esfaqueados e os devolvendo ao convívio familiar, talvez até ouvindo um “obrigado, doutor!”, com lágrimas nos olhos dele e de seus entes queridos. Achava essa parte humana da relação médico-paciente o ápice da assistência médica. Aquela cena e aqueles pensamentos me enchiam a mente de felicidade.

Aos 8 anos, em viagem ao Rio de Janeiro, fui com meus pais assistir a um filme americano chamado Viagem Fantástica, em que um cirurgião e sua assistente penetram na circulação sanguínea de um cientista em coma, navegando em um submarino miniaturizado, com a missão de destruir um coágulo que se alojara em seu cérebro utilizando raio laser. Nessa fantástica viagem, travaram várias lutas contra o sistema imunológico, até conseguirem, finalmente, seu intento, e saírem do corpo através de uma lágrima. Essa perspectiva futurista, também me fascinou. A tecnologia ajudando na cura dos enfermos.

Aos 16 anos, ainda estudando em Manaus, meu outro motivo de inspiração, por sua inteligência, cultura e inúmeros predicados que todos que o conhecem sabem, foi o meu cunhado, o Dr. Viriato Moura, que desliza com propriedade em diversas áreas do conhecimento humano como medicina, literatura, artes; enfim, um ser multifacetado, um polímata. Ele me sugeriu que estudasse no Rio de Janeiro, onde fazia residência médica em ortopedia e traumatologia. Não pensei duas vezes, e para lá fui prestar vestibular. Ali, por vezes, até durante banhos de mar, na lendária praia de Ipanema, estudei muito com sua ajuda, e passei com notas máximas em ortopedia. Não virei um, porque já havia feito minha escolha: queria ser cirurgião, nada mais que um cirurgião.

Passados mais de 40 anos de atividade cirúrgica continuada, reitero a convicção que minha missão de vida é ser cirurgião. A cada paciente que consigo curar sou tomado por um sentimento de extrema felicidade, um verdadeiro estado do epifania, o que me leva a concluir que por mais árdua que minha jornada profissional tem sido, valeu e continuará valendo muito a pena ser cirurgião.


 

*O Dr. PAULO GONDIM é cirurgião geral e videocirurgião. Pós-graduado em Cirurgia Minimamente Invasiva pelo IPEMEC-CETREX, Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Minimamente Invasiva e Robótica (Sobracil), Membro Titular da Sociedade Brasileira de Hérnia e Parede Abdominal (SBH), Especialista em Cirurgia Geral pelo CBC, Membro Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, Membro do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva,, Especialista em Cirurgia Videolaparoscópica pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Minimamente Invasiva e Robótica, pela Associação Médica Brasileira e pelo Colégio Brasileiro de Cirurgiões, Especialista em Cirurgia Geral pelo Conselho Federal de Medicina e o responsável pelo Centro de Videocirurgia do Hospital Central. Contatos:pgondim15@hotmail.com, WhatsApp 8100-3949, @drpaulogondim e #drpaulogondim.

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