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Artigo

Um ano de continuidade nos erros


Vanderlei Oriani  - Gente de Opinião
Vanderlei Oriani

Deveria ser uma coisa óbvia se entender que não se pode tratar a questão da pandemia do novo coronavírus apenas sobre um aspecto, o da doença, mas, na prática, em grande parte por questão de medo e, de outro lado, por uma politização indevida, a população brasileira está pagando e irá pagar um preço muito maior no futuro pela forma errada como se procurar tratar da questão. A própria  Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1946, definiu saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas como a ausência de doença ou enfermidade. Assim não pode haver saúde onde não existe uma grande preocupação com a subsistência, com a capacidade de se alimentar minimamente e, o que é pior, sem atividade e sem convivência com outras pessoas. É inacreditável, porém, num evidente problema de visão global das coisas, a pandemia somente tem sido vista sob o aspecto da doença com um negacionismo, que salta aos olhos, das questões econômicas e sociais. O homem, além de por origem, ser um animal político tem que criar os meios para sobreviver. Os bens e os serviços não caem do céu. É preciso que as pessoas trabalhem para produzir, comercializar, distribuir bens e serviços. Quando, como agora, este direito é cerceado, além de diminuir os bens e serviços disponíveis, causando inflação e desabastecimento, ainda se retira a renda e os empregos das pessoas. O resultado não pode deixar de ser mais fome, mais pobreza e mais doença. No Brasil se faz uma campanha insana pelo fechamento das atividades econômicas.  Já faz um ano que se abre e fecha estabelecimentos, se persegue empresários e pessoas, que se sentem tolhidas nos seus direito, sem sucesso. Recentemente, numa audiência na 2ª Vara de Porto Velho, a médica Ana Escobar foi claríssima quando disse que quem devia ser isolado eram os infectados, que devia se ter um rastreamento dos focos e tratamento precoce. Não é o que acontece. Até a forma de priorizar a questão é errada. Não adiantam mais UTIs. Quando se vai para uma UTI, a experiência nos mostra, dificilmente se escapa. A questão é identificar e tratar o vírus no começo. Nós, em Porto Velho, então, somos uma vitíma preferencial deste erro. Como vem para cá pessoas de todo o estado, e até de Manaus, quando alguém morre, morre em Porto Velho. Porto Velho, desta forma, estará sempre com as UTIs cheias e com um número de mortes elevados. Agora, até mesmo com a vacina, por exemplo, o que se observa é que só utilizaram metade do estoque existente, logo, como o Ministério da Saúde somente libera vacina quanto mais usa, o que se vê é que Ouro Preto ou Jaru já vacinaram toda sua população. Também alegam que o call center não consegue atender quem procura. Quantas pessoas atendem neste call center? Qual a equipe que cuida das questões relativas ao vírus? Fechar o comércio é fácil. Difícil é fazer o que deve ser feito. Mas, os que estão fazendo isto, não dependem de ganhar seu sustento a cada dia. Não vivem em condições precárias de moradia e saúde. Falam que é preciso ter pressa para salvar vidas. Vidas  de quem, cara-pálidas? O comércio fechado representa muito mais fome e pobreza e mortes a longo prazo. E quem paga as contas e os prejuízos dos que vão falir, perder os empregos, enterrar seus sonhos por decisões que são obrigados a aceitar sem ter voz nem vez? 

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