Quinta-feira, 27 de junho de 2013 - 17h28
Raniery Araújo Coelho(*)
O movimento “Vem pra Rua” que, como uma grande onda varreu o país de ponta à ponta, é insofismável, representa o descontentamento e o cansaço do povo brasileiro com a falta de consideração dos políticos as suas demandas. Nós, empresários do comércio e de serviços, não poderíamos ficar indiferentes a um movimento assim porque também experimentamos na própria pele os problemas derivados do mau funcionamento de nossa democracia que termina por desaguar na atual crise de representação. Mesmo com a importância que os empresários de comércio e serviços possuem, como maiores geradores de renda e de emprego do país, a grande realidade é que nossas maiores reivindicações têm sido, sistematicamente, ignoradas ou postergadas como prioridades do sistema político.
E o que nós temos pedido é, de fato, o que representa a síntese do pensamento das ruas que nada mais pede que oportunidades e progresso. Nós, empresários, temos dito e repetido, sem encontrar eco nas classes políticas, que isto não será possível sem que se façam as grandes reformas necessárias para que possamos produzir com competitividade. O que temos pedido ao governo, as lideranças políticas, é que se termine com os gargalos cruciais para que o país deslanche rumo ao desenvolvimento sustentável; que se diminua a insustentável carga tributária, que se faça a necessária flexibilização das relações trabalhistas, que se acaba com a quantidade imensa de encargos sobre a folha salarial, que se simplifique e diminua os custos que arcamos com a imensa burocracia, que se criem regras estáveis, marcos institucionais que perdurem e que se invista na infraestrutura, enfim, o que se pede é um bom ambiente de negócios para que o empreendedorismo brasileiro, seu jeito, sua criatividade construa o amanhã que tanto almejamos.
É evidente que muitas das medidas que são solicitadas não podem ser feitas de imediato. Porém, o que acontece é que precisam ser sinalizadas, precisam virar prioridades na pauta de nossas decisões políticas. O caso mais visível é a questão da carga tributária. O ideal, para um país com as nossas características, é que estivesse por volta de 25% do Produto Interno Bruto-PIB. No entanto, o que verificamos é que se situa no patamar de 36,6%. É uma carga tributária muito pesada e que trava o desenvolvimento nacional. Não se pede que sua redução seja feita de uma hora para a outra, mas, é preciso que se estabeleça um programa para, digamos em dez anos, se chegar aos 25% desejável. Até porque isto somente será possível de ser feito com a taxa de crescimento do PIB crescendo, mas, é patente, que não haverá este crescimento sem investimento e não há investimento sem expectativas melhores em relação ao futuro do Brasil. Sem que se criem, que se sinalize, que amanhã, teremos um ambiente mais amigável para produzir internamente com condições de competitividade, certamente, continuaremos a importar mais, gerar mais empregos lá fora e patinar em taxas de crescimento médias de 2%. Não é o futuro que se deseja.
Interessante, e pouco ressaltado, nas muitas análises feitas sobre as manifestações de ruas, é o seu elemento de modernidade. Ao contrário do que muitos apontam a diversidade de reivindicações não é, de forma nenhuma, um sinal de que não haja uma pauta a ser seguida ou de que os manifestantes não sabem o que desejam. Muito pelo contrário. Neste sentido é extremamente salutar uma leitura do livro de Mark J. Penn “Microtendências- as pequenas forças por trás das grandes mudanças de amanhã”. Penn, que é um dos mais respeitados especialistas em pesquisas de opinião pública dos Estados Unidos e consultor de grandes empresas da Fortune 500, defende a tese, hoje bastante comprovada, de que “a própria ideia de que existem algumas grandes tendências que determinam o que os Estados Unidos e o mundo funcionam está indo por água abaixo. Não existe mais um punhado de megaforças varrendo nossos destinos. Em vez disso, os Estados Unidos e o mundo estão sendo separados por um intricado labirinto de opções que se acumulam em ‘microtendências’-pequenas forças imperceptíveis que podem envolver até 1% da população e que estão moldando nossa sociedade de modo irreversível”.
A tese de Penn se ampara, com muita base, em que o poder da escolha individual nunca foi tão forte e variado e, por isto mesmo, os motivos e os padrões para essas escolhas nunca antes foram tão difíceis de serem entendidos. Para ele, precisamos de lentes de aumento e de microscópios para entender o que se passa no mundo social, o que, seria claramente falando pesquisas de opinião pública e levantamentos que possibilitassem uma visão do comportamento não da massa, mas, de grupos bem menores com objetivos comuns. Afirma que “Se usarmos os instrumentos corretos e analisarmos os fatos verificaremos que o cidadão comum é bem esperto e faz escolhas bastante reacionais”. O especialista em opinião pública, no seu livro, identifica 25 grupos diferentes que são compostos de subgrupos de microtendências que são visíveis na vida social atual e se comportam em relação aos seus interesses específicos como, por exemplo, na política a ascensão de indecisos ao comando, na vida em família, os pais coroas, os homossexuais assumidos, na aparência e na moda, os tatuados chiques, no amor, sexo e relacionamentos, a quantidade de mulheres solteiras ou as tigresas, mulheres mais velhas que vivem com homens mais novos, só para citar algumas.
Assim, o fato da pauta das manifestações de ruas ser uma pauta ampla e segmentada não é, como se poderia pensar, uma questão de falta de coerência, nem de consistência do movimento, mas, sim que não se trata de uma manifestação que se possa tratar sem um acurado estudo de suas reivindicações. A segmentação da pauta é uma indicação da grande representatividade social do movimento e um traço da modernidade que demonstra as microtendências que moldam o amanhã de nosso país.
(*) É presidente da Federação de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Rondônia- Fecomércio/RO e do Conselho Empresarial de Desenvolvimento da Amazônia Legal-CODEMA.
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