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BLINDADOS: Exército sob pressão! A Ideologia toma conta das decisões militares


BLINDADOS: Exército sob pressão! A Ideologia toma conta das decisões militares - Gente de Opinião

Eu tinha de 10 para 11 anos quando meu pai, Paulo Nascimento, militar da Companhia de Fronteira Acre Rondônia- CEFAR, chegou em casa dizendo que o Coronel Carlos Augusto Godoy, do Exército no Estado, havia conseguido uma vaga para eu estudar no Colégio Militar, em Manaus. Foi uma alegria danada. Essa euforia durou pouco. Dona Aurea, minha avó, jogou água na fervura: Manaus é muito longe, não vou deixar meu neto ir. Esse foi a ultima oportunidade que tive de servir as forças armadas, mas minha família é de militares e serviram com bravura e orgulho à Pátria. Hoje, porém, uma instituição que já foi exemplo para os brasileiros, se deteriora envolvida em politicagem, o que faz os antigos da caserna se revoltarem, mas de mãos amarradas.

Mais uma vez o Exército brasileiro dá uma clara demonstração de que, dentro de suas fileiras, os conceitos ideológicos do governo atual estão sendo usados para a tomada de decisão. A  recente tentativa de do ministro da defesa José Mucio  e outras autoridades, como Celso Amorim e  membros do Partido dos Trabalhadores (PT), de tantarem barrar uma licitação, já vencida por uma empresa Israelense, para a compra de material bélico destinado ao exército brasileiro, alegando, entre outras coisas,  que não se pode fazer a compra dos equipamentos de um país envolvido em conflitos militares mostra, claramente, que os militares perderam a autonomia administrativa e atuam defendendo interesses políticos- partidários. A Jogada, não deu certo!

A licitação, vencida pela empresa Elbit Systems, foi interrompida pelo exército devido a preocupações dentro do governo, principalmente ligadas às operações militares de Israel na Faixa de Gaza, Libado e Irã. Esse contexto revela como as relações externas do Brasil, especialmente sob o governo de Lula, estão sendo moldadas por uma visão mais crítica às ações militares de certos países, como Israel. A preocupação do governo em alinhar suas decisões militares e comerciais com suas diretrizes políticas e diplomáticas reflete uma abordagem que prioriza o posicionamento internacional do Brasil em questões de direitos humanos e política externa.

O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, sob pressão, havia consultado a Corte de Contas da União – TCU, para verificar se é possível “restringir ou impedir” a participação de companhias “com vínculos com país em situação de conflito armado” em licitações. Não há citações a Israel na consulta nem no acórdão do TCU. No entanto, usou-se o argumento de  que não se pode comprar armas de países em guerra, mas o objetivo era  para barrar a Elbit Systems, israelense, o que foi negado.

O Tribunal de Contas da União (TCU), embora tenha negado, ainda está envolvido na análise dessa questão, mas até o momento não foram identificadas restrições formais que impeçam a participação de empresas de países em conflito. A situação mostra que, enquanto o governo tenta manter uma postura crítica em relação a Israel, também enfrenta a pressão interna para modernizar suas forças armadas, o que pode ter repercussões tanto nas relações comerciais com Israel quanto no cenário militar brasileiro. O material a ser adquirido será destinado a substituir equipamentos que estão no exercito desde a segunda guerra mundial.

Essa tensão entre política externa e necessidades militares coloca o governo brasileiro em uma posição complexa, tentando equilibrar sua ideologia com a realidade operacional e estratégica de seu Exército.

Nos últimos anos, a diplomacia brasileira tem passado por mudanças significativas sob o governo de Lula, que se distanciou de parceiros tradicionais, como Estados Unidos e União Europeia, e se aproximou de regimes autoritários e nações envolvidas em controvérsias internacionais. O alinhamento com ditaduras como a de Nicolás Maduro, na Venezuela, e o apoio explícito a regimes e grupos que enfrentam sanções internacionais, como o Irã, Hamas e Hezbollah, refletem uma guinada ideológica clara em favor de uma agenda política de esquerda.

Esse movimento faz parte de uma tentativa de reposicionar o Brasil no cenário global, buscando uma postura contrária ao que o governo vê como imperialismo ocidental, especialmente representado por Washington e Bruxelas. O apoio ao governo Maduro, por exemplo, é evidente tanto no discurso como nas ações diplomáticas, com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) sendo um dos expoentes dessa solidariedade ao regime venezuelano, com viagens à Venezuela para oferecer apoio explícito ao chavismo. Barão de Rio Branco, um dos maiores diplomatas brasileiros, com certeza, está se revirando no túmulo com tudo isso.

Da mesma forma, o governo Lula tem demonstrado conivência, ou ao menos complacência, com ações de grupos considerados terroristas por boa parte da comunidade internacional, como Hamas e Hezbollah. O alinhamento com esses grupos e com o Irã, ambos alvos de sanções internacionais, é visto como uma clara manifestação de uma política externa que busca se distanciar das democracias ocidentais e se aproximar de regimes e entidades que compartilham uma retórica anti-imperialista.

Esse realinhamento tem gerado tensões com parceiros comerciais e históricos do Brasil, como Estados Unidos e União Europeia, e desperta críticas internas. O governo Lula enfrenta a acusação de estar promovendo uma agenda de "esquerda radical", colocando os interesses ideológicos à frente de pragmatismos econômicos e diplomáticos.

Em questões comerciais, por exemplo, há preocupações sobre como essas mudanças podem afetar a confiança de investidores estrangeiros, particularmente daqueles que dependem de uma governança baseada em valores democráticos.

Essa nova direção da política externa brasileira marca um contraste com os governos anteriores, que mantinham uma relação mais equilibrada com os blocos ocidentais e evitavam envolvimento com regimes autoritários e grupos armados que desestabilizam regiões inteiras.  A pressão para a saída da Venezuela do Mercosul, foi iniciativa brasileira, mas o governo atual já tentou várias vezes traze-la de volta. No entanto, essa mudança reflete o atual esforço do governo em construir uma imagem de resistência ao que considera o domínio global de potências ocidentais, mesmo que isso signifique perder credibilidade em fóruns internacionais, como as Nações Unidas e outras organizações multilaterais. Ficou bem claro tudo isso, quando Lula, o primeiro a falar na conferencia da ONU, não viu o mundo reverbera suas palavras. Ainda assim, como um zé ninguém, na mesma época, foi barrado por seguranças americanos numa conferencia onde estava o ex-presidente Bil Clinton. Lula saiu de lá com um sorriso amarelo na cara. Uma vergonha para o Brasil.

A crítica central a essa postura do Governo, é que ela não apenas isola o Brasil de seus principais aliados democráticos, mas também o põem no mesmo buraco de   regimes e grupos que violam direitos humanos e atuam de forma contrária aos interesses globais de paz e segurança. Prova disso é que, aqui dentro, centenas de pessoas ainda estão presas, sem direito a recursos, simplesmente por que se manifestaram como democratas. Como dizia o Legião Urbana: que país é esse?

Rubens Nascimento é jornalista, Bel. Direito, M.M. Maçom e ativista do Desenvolvimento.

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