Quarta-feira, 13 de maio de 2015 - 08h55
Professor Nazareno*
No dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, a palavra Cacoal não existe. Ali, grafa-se Cacaual como sendo “uma quantidade mais ou menos considerável de cacaueiros, dispostos aproximadamente entre si”. Mas para todos nós, a simpática cidadezinha do interior de Rondônia não só existe como é uma dos lugares mais charmosos e interessantes desse imenso Brasil. O problema é que a cidade, como o Estado de Rondônia inteiro, apresenta nomes com erros inexplicáveis, uma vez que o slogan do município é “A Capital do Café”, nome conhecido por todos e que tem até no seu acanhado aeroporto esta mesma alcunha. Porém, a partir de agora essa confusão de denominação pode ser desfeita: a roubalheira do PT e o desvio de dinheiro público na atual administração do município podem ter contribuído para resolver o problema.
Em gravações telefônicas autorizadas pela Justiça, uma das acusadas pelo desvio de recursos públicos na cidade afirmou que não estava preocupada com uma possível reação popular às falcatruas, pois o povo de Cacoal era um “mero detalhe”. A chefe de gabinete do prefeito petista da cidade não só falou a mais pura verdade como talvez, sem perceber, tenha resumido qual o verdadeiro papel do povo brasileiro diante dos constantes ataques ao Erário: nenhum. Desde que a corrupção e os roubos tomaram conta da coisa pública em nosso país há muitos séculos, e hoje foram oficializados pelo PT, o povo jamais participou de qualquer assunto a não ser servir de bucha de canhão e, bovinamente, votar e acompanhar na mídia os capítulos diários da sangria de verbas que poderiam resolver grande parte dos problemas que afligem o “país da corrupção”.
Quando às vezes afirmo que o povo de Rondônia, e do Brasil, é talvez o maior responsável pela bandalheira que corrói este país, sou criticado. Quem elege essa gente para nos administrar senão nós mesmos? Quem reelegeu a Dilma Rousseff para mais quatro anos? Quem reelegeu Confúcio Moura para governador do Estado? Quem elegeu Mauro Nazif prefeito? Quem elegeu o Padre Franco em Cacoal? E os vereadores de nossas cidades? Quem elegeu os 24 deputados estaduais de Rondônia? Quem, enfim, elege e reelege todos os políticos em todas as eleições? “A sociedade não é vitima, mas autora, pois somos os responsáveis por todos os homens públicos que aí estão”, disse o ministro Marco Aurélio Mello do STF. Só que poucos querem admitir esta triste verdade. Um articulista míope disse que o povo daqui tem ancestralidade. Tem mesmo?
Ter ancestralidade é quando um povo rouba ou quando se deixa covardemente ser roubado? Cacoal, Rondônia, Brasil, América Latina, Terceiro Mundo, são lugares onde a massa de manobra, ignara e sem leitura de mundo, colabora muitas vezes por interesse próprio, com a degeneração social, a violência, a pobreza e a desigualdade social que afetam a todos nós. Reação tardia não adianta. É fechar a porta depois do cadeado arrombado. Mas esses recentes escândalos de corrupção em Cacoal/RO deram ao Brasil a oportunidade de reconhecer a verdadeira importância do seu povo na participação política e nos destinos do país. “MERO DETALHE”! É assim que esta linda e aconchegante cidade do interior de Roubônia devia ser chamada a partir de agora, já que o nome Cacoal não existe e Cacaual não pode ser denominado. Ou será que os corruptos brasileiros estão certos e que tudo isso não passa mesmo de um mero detalhe?
É Professor em Porto Velho.
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