Sexta-feira, 1 de maio de 2015 - 08h37
Professor Nazareno*
Com uma população estimada em 500 mil habitantes em todo o município e pouco menos de 400 mil na área urbana, Porto Velho tem uma das mais baratas passagens de ônibus urbanos do país. Apenas 2,60 é o preço que os portovelhenses ainda pagam para se deslocar diariamente horas a fio pela cidade dentro de um limpo e asseado ônibus. Preço congelado desde há muito tempo, esta quantia simbólica que se desembolsa para desfrutar de um dos melhores serviços prestados à população em todo o Brasil está completamente fora da realidade de inflação e de preços em elevação que se verificam na nossa realidade econômica. O preço real de uma passagem no transporte coletivo em Porto Velho deveria, pela cotação de hoje, ser pelo menos uns cinco reais ou mais se levarmos em conta a comodidade e a pontualidade dos serviços prestados.
Com um serviço porco, se comparado à realidade de Porto Velho, a cidade de São Paulo, por exemplo, cobra uma fortuna pela passagem urbana. Basta verificar quanto se paga pelas passagens nas demais capitais do país bem como nas cidades de grande porte. Para se ter uma ideia, em Paris, a desorganizada capital da França, cobram-se cerca de três euros pela passagem. São dez reais pela cotação mais otimista se você quiser colocar os pés dentro de um sujo, fedorento e todo quebrado ônibus ou mesmo no metrô lá na cidade da torre Eiffel. Sem nenhuma mobilidade urbana, com ruas esburacadas, assaltos e muita sujeira, as cidades do Velho Continente têm um dos piores sistemas de transportes coletivos do mundo. Andar de “busão” em Munique na Alemanha, por exemplo, é um horror. Londres, Barcelona e Berlim nem se fala.
Em Porto Velho, não! Eu mesmo adoro o Interbairros, além de outros ônibus e linhas. Às vezes saio com toda a minha família só para dar umas voltinhas pela cidade. Deixo o meu velho Palio em casa para poder desfrutar da comodidade e da pontualidade do nosso transporte. É muito mais rápido, confortável e seguro andar de coletivo em Porto Velho a ter que enfrentar o estressante trânsito da cidade. Cansei de dar uma nota de cinco e até de dez reais e deixar o troco com o educado e polido cobrador. “- Fique como gorjeta, digo-lhe alegremente”. Não há dinheiro que pague a visão que se tem da cidade. E o prefeito Mauro Nazif tem caprichado neste aspecto. Vejo os viadutos inacabados, as árvores derrubadas pela cidade, a exemplo da centenária castanheira do Triângulo, o cemitério de locomotivas, o lixo, a podridão, além de outros atrativos.
À noite, existe emoção maior do que passar de coletivo em cima da ponte escura feito breu? Ruas tão iluminadas que quase chegam a nos cegar é uma rotina linda de se ver e de se admirar. Nunca entendi por que muitos passageiros colocam a mão no nariz quando se passa em algum ponto da capital. A “cidade-luz” da Amazônia é um encanto. O povo de Porto Velho merece todos estes mimos, pois na hora de votar e escolher seus representantes jamais foge às suas responsabilidades. Devíamos sair às ruas e exigir que o preço das passagens urbanas aumente e chegue logo a cinco ou seis reais para poder compensar a eficiência e os bons serviços com que os empresários desse setor nos têm presenteado. Aumentou o preço dos combustíveis? Aumente-se logo o preço das passagens urbanas. Devia ser assim. Fico preocupado só de pensar que algumas dessas empresas podem deixar de operar por aqui. Será que o prefeito não gosta mais de nós?
*É Professor em Porto Velho.
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