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Diáspora porto-velhense - Por Professor Nazareno



Professor Nazareno*

Outro dia um ex-aluno meu pediu para que eu fizesse uma retrospectiva do ano de 2017 abordando os fatos mais marcantes que aconteceram em Porto Velho e em Rondônia. Disse-lhe que não precisava: bastava ele ver as retrospectivas de anos anteriores para perceber o óbvio e o ululante, pois a história se repete há décadas sem nenhuma novidade. É como se estivéssemos parados dentro de uma cápsula do tempo. Neste ano infelizmente nada aconteceu de novo que merecesse qualquer tipo de registro. “Os políticos de Rondônia roubaram menos e quase não apareceu escândalo na mídia”, disse ele. É verdade, mas a maneira de se fazer política por estas bandas continua como nas décadas de vinte ou trinta do século passado. Nada evoluiu. Meia dúzia de políticos iludindo, mentindo e tapeando a maioria dos tolos eleitores. E sendo reeleitos todo ano.

A capital de Rondônia, claro que continua suja, imunda, podre, fedorenta, cheia de lixo, sem praças, sem recantos de lazer, sem arborização, quente, com muita lama e alagações durante o inverno e com poeira e fumaça nos meses de verão. O mau cheiro característico de uma cidade inóspita, inabitável e sem rede de esgotos é o nosso maior cartão postal. Bichos mortos no meio das ruas e muito mato é uma cena comum por aqui desde o século passado. Os poucos lugares que se dizem turísticos são obras eleitoreiras e escuras como a “ponte da morte” no rio Madeira e os viadutos tortos e íngremes. Aqui não pode haver retrospectiva por que a cidade não melhorou. Continua uma currutela fedida e amaldiçoada de onde muitos de seus moradores nativos assim como “os rondonienses de coração” fogem durante as festas de Natal e Ano Novo.

Nestes últimos dias de 2017, como em outros anos, a cidade se esvazia. Quem pode “pica a mula” em busca de lugares mais limpos e organizados. Apenas os menos endinheirados são obrigados ao sofrimento. Será que o atual prefeito também “montará no porco” e cairá fora?  Os loucos, e lisos como eu, é que temos coragem de encarar um Natal e um Réveillon no meio da carniça, dos ratos, dos carapanãs e dos urubus. Aliás, dizem as más línguas que Hildon Chaves abandonará Porto Velho para se candidatar ao governo do Estado em 2018. O “prefeito viajante”, se eleito de novo, implantará em Rondônia jornada de trabalho de seis meses anuais. Só neste ano ele já visitou a Disney, Paris, Dubai, China, Macau... Interessante seria que ele e outras autoridades passassem as festas natalinas nesta “podre pocilga infecta”. Sem estresse: o “BOI” nos administra.

Sei que é muito triste perder as iluminadas festas de Gramado e Canela na Serra Gaúcha. Curitiba, a limpa e civilizada capital do Paraná, está um deslumbre. As quentes e paradisíacas praias do Nordeste estão esperando os rondonienses como fazem todos os anos. Ficar aqui para quê? Não há como se divertir em uma cidade imunda onde bosta, ratos, lama e tapurus abundam para todos. Ver aquela ridícula e feia árvore de Natal de pano na EFMM é uma desgraça que eu não indico para ninguém. Perambular no meio de gente mal educada fedendo a cachaça barata não se deseja nem aos piores inimigos. Esperar o Interbairros depois da meia noite é pedir para ser assaltado. Até o escroto do Papai Noel se entrar num destes ônibus fedorentos será estuprado na hora. Mas Porto Velho merece isto, pois só elege administradores sem identidade com a cidade. Depois todo mundo volta para ganhar dinheiro e gastar no final do ano, mas bem longe daqui.

*É Professor em Porto Velho.

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