Quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015 - 05h20
Li no sábado, 14.02.2015, no face, uma frase atribuída ao filósofo Olavo de Carvalho em que o mesmo dizia que “A principal diferença entre direita e esquerda no Brasil é a seguinte: a esquerda tem dinheiro”. Não sei baseado em que, em qual circunstância ou contexto ele teria falado isso.
Olavo de Carvalho é considerado, um dos gurus, do que existe de mais ultra conservador no pensamento de determinados seguimentos da elite brasileira. Cerra fileiras com Reinaldo Azevedo, Diogo Mainardi, Jabor, Marcelo Madureira, Lobão, Merval Pereira, Rachel Sheherazade, Rodrigo Constantino, dentre alguns outros nomes em evidência na mídia nacional, que integram inclusive, o Instituto Millenium. Referido Instituto, foi criado com o objetivo em linhas gerais, de primar pela defesa da liberdade, da democracia, da livre economia de mercado e do Estado de Direito. Um arauto do pensamento neoliberal. Tem o apoio da igreja conservadora brasileira, o clube dos militares sendo bancado em parte pela chamada mídia corporativa, que detém o monopólio da informação, no caso o grupo Abril, a revista Veja, as organizações Globo e os jornais O Estadão e Folha de SP e outros grupos econômicos. Esses profissionais, reverberam nessas mídias, e/ou em outras, o que há de mais conservador e tendencioso nas suas linhas editoriais, com informações seletivas do que mais interessa na formação da opinião pública do povo brasileiro.
Há algum problema em ser de direita ou de esquerda? Óbvio que não. São escolhas à partir de uma consciência adquirida e das convicções políticas e ideológicas de cada ser humano. Ou pela imposição não coercitiva, do pensamento hegemônico. Não existe nada de amoral ou não ético nisso.
O problema é quando se usa de determinados estratagemas de forma mentirosa e desonesta, para impor um ponto de vista. E isso é válido para os dois lados.
Conforme nos coloca o historiador Tales Pinto, o conceito de direita e esquerda, tem sua origem na Revolução Francesa em 1789. Era referido para indicar a posição que ocupavam os grupos políticos, durante os debates da constituição francesa.
Os deputados defensores da monarquia, da aristocracia e da alta burguesia, sentavam-se à direita do plenário. Esse grupo era conhecido como girondino, pois eram provenientes na sua maioria da província de Gironda. Ao centro do plenário, ficava o Pântano ou Planície, que dava nome aos deputados burgueses, cujo posicionamento político se dava, conforme o desenvolvimento dos acontecimentos, portanto, oscilando conforme as circunstâncias e conveniências conjunturais. À esquerda do plenário, por ser o local mais alto, ficava a Montanha, composta pelos deputados jacobinos e por membros do Clube dos Cordeliers, que preconizavam uma república radical, onde o aprofundamento do processo revolucionário, garantisse melhores condições de vida para a população mais pobre, democratizando a participação política à todos os habitantes.
Hoje, Estar à direita ao centro ou à esquerda, significa um posicionamento de cada cidadão, de um grupo, de um partido ou de um movimento social, frente as questões de ordem política, econômica, social e ideológica.
De um modo convencional, ser de direita significa comungar com o ideário do outrora liberalismo clássico, que à partir principalmente dos anos setenta, passa a incorpora novos elementos, com as transformações que se dão no mundo, adquirindo a forma do que cognominou-se chamar de neoliberalismo. São os que pregam o livre mercado, o Estado mínimo, a privatização das empresas estatais e a mercantilização de tudo. Veem no modo de produção capitalista, o melhor dos modelos para se viver. São avessos às mudanças, por isso são considerados conservadores. Questões como homossexualidade, aborto, pena de morte, menoridade penal, direitos humanos, recebe um verniz apropriado para os que estão à direita.
Ao centro se situam aqueles que agem segundo a situação do momento, conforme o movimento conjuntural, seguindo a conveniência e os interesses em jogo que lhes favoreçam. Grosso modo, é como se fosse um posicionamento pendular, convergindo para as duas tendências contrapostas.
Diz-se de esquerda, os que sonham com uma sociedade mais justa, mais igualitária e mais humana. Os que lutam para construir uma sociedade socialista, onde possa prevalecer o reino da liberdade.
Claro está, que esse é um espectro, onde não existe uma rigidez absoluta. É possível que alguém, premido por determinadas circunstâncias e motivações, possa posicionar-se, mesmo estando no campo dos que pensam à direita, ter atitudes e ações que, seriam de pessoas ditas de esquerda. O contrário também pode ser verificado.
Mas voltemos ao ponto. Olavo de Carvalho ao afirmar que a principal diferença entre esquerda e direita no Brasil, é a de que a esquerda tem dinheiro, das duas uma, ou é muito desinformado, ou não está sendo verdadeiro. Como ele se intitula do alto da sua arrogância e prepotência o suprassumo do pensamento filosófico brasileiro, então o mais provável é que ele esteja faltando com a verdade.
Qualquer mente medianamente inteirada do que ocorre na Nação brasileira, sabe que vivemos sobre a égide da ordem do capital. Qual o lugar que ocupa a esquerda no Brasil? Digo melhor, qual esquerda está no poder de decisão no Brasil para ter tanto dinheiro assim? O PT? Essa agremiação, do ponto de vista dos postulados teóricos e da praxis que expressam essa tendência, deixou de ser esquerda à muito.
Tive a oportunidade de participar no início dos anos noventa, de um evento em SP, em que se encontravam alguns intelectuais de proa do pensamento nacional. Numa de suas intervenções, o filósofo José Arthur Giannotti, causou um certo impacto no auditório que sediava o evento, ao afirmar que o PT, pela sua estrutura de pensamento, quando muito, se constituía à aquela altura, numa Social Democracia. A afirmação de Giannotti, gerou entre os petistas presentes, um certo desconforto, alguns rebatendo com uma certa indignação a fala de Giannotti, pois estes, viam no Partido dos Trabalhadores, a via mais apropriada para a construção do socialismo no Brasil.
Já se passaram mais de 20 anos depois do citado evento, e de lá para cá, o PT só tem cada vez mais se desfigurado, se afastando dos princípios que o tornou historicamente desde a sua fundação, no partido que faria a transformação social no Brasil. Realmente esse partido não representa mais, o pensamento da verdadeira esquerda brasileira.
Qual esquerda então ganha dinheiro nesse País? A que está à frente do agronegócio, sendo representada no escalão superior do governo Dilma por Kátia Abreu? A que representa os interesses do mercado, sintetizado pela escolha de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda? Ou do grande empresariado brasileiro, expresso na escolha do ex presidente da CNI, Armando Monteiro, agora sentado na pasta do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e comércio. Não pode ser esquecido o setor das grandes empreiteiras que, em razão dos seus principais mandatários estarem presos, como bem frisou o jornalista Fernando Silva, numa de suas colunas, não terá representação direta no governo dito de esquerda da Presidente Dilma.
A bem da verdade, o que disse Olavo de carvalho, pela sua incongruência, não deve ser levado muito à sério. Serve mais como pilhéria, galhofa de quem quer desmoralizar o pensamento de esquerda no Brasil. Um arroubo que talvez tenha eco na astrologia, área de conhecimento especulativo, base primeira da formação de um dos grandes gurus do que existe de mais conservador no pensamento de direita nacional.
A concessão de abono natalino a servidores públicos
Pessoalmente, não vejo nenhum problema no pagamento de abono natalino a servidores públicos, desde que seja autorizado por uma lei, apesar de muita
25 de novembro - a pequena correção ao 25 de abril
A narrativa do 25 de Abril tem sido, intencionalmente, uma história não só mal contada, mas sobretudo falsificada e por isso também não tem havido
Tive acesso, sábado, dia 16 de novembro, a uma cópia do relatório da Polícia Federal, enviado pela Diretoria de Inteligência Policial da Coordenaçã
Pensar grande, pensar no Brasil
É uma sensação muito difícil de expressar o que vem acontecendo no Brasil de hoje. Imagino que essa seja, também, a opinião de parcela expressiva da