Segunda-feira, 4 de julho de 2016 - 14h59
Edson Lustosa
Já se vão algumas décadas que o homem pisou na Lua. Isso nos faz refletir no quanto a ciência evoluiu no século passado e vem evoluindo neste. Pagamos nossas contas usando o celular porque a ciência da computação e a tecnologia da informação evoluíram bastante. Mas estranhamente cultuamos o mito de que a gestão pública não evoluiu.
Pior: há mesmo quem acredite que nenhum conhecimento técnico, tecnológico ou científico é necessário para o bom exercício da administração pública. Por isso é tão comum serem conduzidas às funções de governança pessoas absolutamente despreparadas. E esse despreparo se revela não em seus currículos chinfrins, mas em seu assessoramento.
É sabido – pelo menos por quem estuda a ciência da administração – que os níveis mais altos de uma hierarquia organizacional prescindem de um conhecimento técnico e científico, sendo este mais exigido no nível de gerenciamento e vindo a ser também menos necessário em nível operacional. Para cada nível, um perfil é adequado.
Mas o que revela ser um governante capaz de bem conduzir a gestão que lhe é confiada é saber ele bem usar o direito de livremente escolher os que formarão seu quadro gerencial, servindo-se, para isso, dos cargos comissionados. Inadmissível é que, sem qualquer consideração quanto às competências e perfis, nomeie-os aleatoriamente.
Por outro lado, é pouco provável que pessoas com um mínimo de conhecimento técnico, tecnológico ou científico – seja ele adquirido formal ou mesmo informalmente – aceitem ter como líder alguém que despreza esse conhecimento. A menos que esteja tão ou mais mal intencionado que aquele que o lidera no agrupamento político.
De tal sorte que, toda vez que vemos um ignorante – tenha ou não ele escolaridade formal e seja esta de que nível for – ascender ao poder, isso é preocupante. Pois, ainda que ele utilize critérios objetivos na escolha de pessoas capacitadas para compor seu quadro gerencial, recairá forte desconfiança sobre elas quando o aceitam como líder.
Pois ou será para uma simples garantia de boa remuneração, mas sem compromisso nenhum com resultados sociais; ou será pela vaidade pessoal, a qual sempre levará a um mau uso do cargo; ou – o que é mais perigoso – pela ardilosa determinação em manipular o líder, fazendo-o “comer pela mão dos outros”. Precisa fazer o desenho?
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