Segunda-feira, 2 de março de 2015 - 10h07
Professor Nazareno*
Rondônia é um lugar feio. Porto Velho, sua horrorosa capital, óbvio que também é outro lugar impecavelmente deforme, duro de ver, insosso e sem beleza alguma. Neste Estado e nesta cidade, as pessoas são quase todas feias, desajeitadas e totalmente desprovidas de qualquer atributo que lembre simpatia, paraíso, campos floridos, borboletas azuis e coelhinhos saltitantes. Porto Velho é um lugar ainda preto e branco nos mapas: sem cor, sem alegria, sem brilho. Até as jovens mocinhas e os musculosos rapazes, que deviam ser quase todos novos e bonitos, são invariavelmente feios. Não há beleza visível nas pessoas por aqui. Nunca houve. Já ouvi dizer que o conceito de belo, de beleza, é relativo. A relatividade, no entanto, passou longe, mas muito longe mesmo destas terras. Deve ser por isso que espelho é um produto escasso nas terras de Rondon.
Além da sua feiura característica, Rondônia e Porto Velho desafiam a lógica humana ao acentuar, e mostrar na prática, que a unanimidade não é mais burra, mas possível. A incrível desproporcionalidade nos corpos e nas mentes de nossos habitantes é algo já característico ao biótipo. Pior: esta anomalia se estende também às ações praticadas cotidianamente pelas pessoas. A educação praticada aqui é feia. A saúde pública e a segurança, idem. Não há prédios bonitos na capital. As raras praças são horrorosas, os nossos políticos e a maioria de nossas autoridades são também quase todos feios. Não há uma única obra realizada por eles que apresente beleza ou algo que seja prazeroso de se ver. Há uma ponte muito feia e escura feito breu. A rodoviária é feia. Os viadutos, feios, cumprem seu objetivo de enfear ainda mais o que já era feio.
Não há talvez em nenhum outro lugar do mundo maneira mais feia de se fazer política e de se trabalhar como em Rondônia. Não só por serem feios, mas muitos dos nossos representantes roubam até casca de ferida e na sua faina diária tornam os monumentos e espaços públicos, que tinham uma rara beleza, em algo também muito feio. O chamado Espaço Alternativo da cidade, que antes era um lugar cheio de árvores frutíferas e desfrutava até de uma leve e agradável brisa, exemplifica esta incrível tese. O rio Madeira é belo, não há dúvidas. Mas quando tentou se vingar do estupro demoníaco que sofreu, foi taxado injustamente de feio e mau. Podia ter levado e destruído todas as urnas eletrônicas, mas não deixaram. Como recompensa lhe entregaram, por incompetência e leniência, apenas parafusos, ruelas, trens e ferrugem.
Até as andorinhas cagonas abandonaram suas feias visitas de final de ano. Será que acharam a cidade muito feia para defecarem sobre ela? Ou tiveram pena dos feios habitantes que ficavam de “cara pra cima” à espera de um bombardeio fecal? Os nossos políticos dizem que não mais roubarão os seus feios contribuintes e eleitores. Deve ser muito feio viver num lugar onde os políticos não roubam. Ruas esburacadas, cheias de lama, sujeira, tapurus e podridão até que poderiam ser feias, mas não são. Aqui são belas, pois feiura é beleza. Feio também é lutar por melhorias, por isso nada se faz nem se reivindica. Ninguém quer mais abraçar Porto Velho nem Rondônia. Até o feio e maior “teatro sem alvará” do Brasil já está abandonado. Adônis jamais viria à “terra dos destemidos pioneiros”. Aqui viraria um Narciso às avessas e chegaria à feia conclusão de que deveria se transformar num nativo só para vender balas de cupuaçu
*É Professor em Porto Velho.
Ex-metalúrgico, Luiz Inácio Lula da Silva caminha para fechar seu terceiro mandato como presidente do Brasil. É um político respeito nos fóruns inte
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