Segunda-feira, 26 de setembro de 2016 - 06h19
Professor Nazareno*
Segundo especialistas, o Brasil possui um dos piores sistemas de educação do mundo. A OCDE, Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, afirma que este país fica nos últimos lugares quando o assunto é a sala de aula. Há mais de três décadas figurando entre as dez maiores potências econômicas do planeta, nosso país nunca investiu o necessário e nem valorizou este estratégico setor da vida nacional. Nunca ganhamos um Oscar, nunca ganhamos um Prêmio Nobel, nunca tivemos boas universidades nem escolas, nunca nos destacamos em absolutamente nada a nível internacional. Por isso, há muito tempo existe a necessidade de se fazer uma reforma completa na nossa educação. A última mudança, que foi mais um grande fracasso e não levou a lugar algum, ocorreu em 1971 ainda na Ditadura Militar com a lei 5.692.
As escolas brasileiras são péssimas, vê-se isso sem precisar fazer muito esforço. Ao término do Ensino Médio, muitos dos nossos alunos ainda são semianalfabetos, ou seja, analfabetos funcionais mesmo, apesar de mais de doze anos de estudos. A maioria deles não consegue, por exemplo, escrever em Língua Portuguesa um pequeno texto por mais simples que seja, não têm leitura de mundo e tropeçam em operações matemáticas básicas. Reforma na educação brasileira é algo mais do que urgente. Reforma. E não uma gambiarra feita às pressas por meio de uma Medida Provisória e sem o debate entre os envolvidos no processo como alunos, professores, pais, técnicos e afins. Coisa absurda e típica de um governo golpista, que não tem o menor respaldo popular para implantar quaisquer mudanças nestes dois anos que infelizmente ainda lhe restam.
Há, no entanto, nessa pretensa reforma educacional propalada, alguns pontos que merecem uma discussão mais ampla como o anunciado aumento da carga horária no Ensino Médio para 1.400 horas/ano em vez das ridículas 800 horas que temos hoje. O problema é a falta de espaço físico para isso. E os “intelectuais golpistas” já deviam saber desta defasagem na estrutura das escolas, principalmente as públicas, que estão há tempos caindo aos pedaços. Outro problema: qualquer reforma deveria começar pelas séries iniciais do Ensino Fundamental e não quando o aluno já está “com a cabeça feita” numa faixa etária acima dos 15 anos. Além do mais, não se mudará absolutamente nada em termos de educação se alunos, professores, pais, técnicos, políticos e sociedade são os mesmos já bitolados. “Papagaio velho não aprende a falar”, ensina o ditado popular.
Dessa forma, deve-se acabar e não só remendar essa velha estrutura já viciada, defasada e que quase nada produz em termos de saber, informação e cultura. Os Estados Unidos implantaram a escola de tempo integral para as séries iniciais ainda no século dezenove e depois ampliaram para as séries seguintes. Os países da União Europeia, Japão e Coreia do Sul o fizeram pouco tempo depois e já estão todos, por isso, colhendo os frutos. E que frutos. A sociedade brasileira precisa incentivar a educação e valorizar o professor e a escola se quiser ter esperanças mínimas de sucesso no futuro. Todo e qualquer governo, golpista ou legítimo, precisa levar a educação a sério e entender que é o futuro da nação que está em jogo. Os “sábios” desse governo acham que uma simples canetada mudará o que foi feito para o fracasso. Por isso, “querem mudar tudo para tudo continuar do mesmo jeito”. Só falta agora nos empurrar a “Escola sem Partido”.
*É Professor em Porto Velho.
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