Domingo, 24 de fevereiro de 2013 - 10h32
Professor Nazareno*
De tempos em tempos, acontecem no Brasil e em Rondônia, manifestações em defesa de causas perdidas e que geralmente não dão em nada. Parte da sociedade brasileira é tomada por arroubos estéreis e muitas vezes direcionados por manifestantes eufóricos com o objetivo de apenas aparecer diante dos holofotes. Foi assim contra a aposentadoria vitalícia dos ex-governadores, pela adoção da lei do ficha limpa, pelo fim da corrupção em nosso país, por mais ética na política, pela punição deste ou daquele político ladrão, dentre outras inúmeras mobilizações. Aqui, pessoas se mobilizaram até pela emancipação do charmoso distrito de Extrema, pertencente ainda, mais de três anos após um patético plebiscito, ao município de Porto Velho e localizado nos confins da Amazônia. Nenhum problema em se manifestar, afinal vivemos em uma sociedade democrática e a pluralidade de opiniões é extremamente salutar.
Eis que desta vez, surge com força razoável em vários recantos deste país e até em algumas cidades do mundo, mais outra lorota tipicamente nacional: a saída do senador Renan Calheiros da Presidência do Senado, cargo que ele conquistou no voto de seus pares e de forma indiscutivelmente democrática. De quebra, alguns manifestantes gostariam também que o Deputado Federal potiguar Henrique Eduardo Alves, do mesmo partido do Renan, também deixasse o cargo que conquistou de forma lícita para presidir a Câmara dos Deputados. Nas manifestações organizadas com este propósito, há sempre uma expectativa de que “multidões” compareçam. Porém, tudo não passa de mais um sonho inatingível. Como encher as ruas de “manifestantes politizados” se não distribuem drogas nem cachaça para os participantes? Nem abadás há, muito menos bandas de músicas para divertir a alegre rapaziada.
Não se discute aqui a vida pública do político alagoano, que a exemplo de muitos de seus pares, não é nada abonadora. Renan está envolvido até o pescoço em muitas maracutaias. As acusações contra ele são diversas e todo mundo sabe disto. De tão sujo e enrolado, ele se parece até com político de Rondônia. Henrique Alves também é detentor da mesma biografia. Mas se grande parte da opinião pública brasileira sabia disto, por que mais de 800 mil alagoanos o reelegeram para o Senado em 2010? Renan pediu para ser eleito e a população prontamente o atendeu. Logo, quem deveria ser consultado sobre a saída dele da Presidência do Senado seria o eleitor que o reconduziu para Brasília dando-lhe de forma honesta mais um mandato. Tirar-lhe o cargo sem fazer esta consulta naquele estado nordestino, seria como “estuprar” a nossa já frágil democracia. Não é no regime democrático que o povo deve ser sempre ouvido?
Tirar somente Renan Calheiros do cargo que ocupa seria uma grande injustiça, já que quase todos os políticos que estão em Brasília, e por aqui também, são muito mais sujos do que ele e vão permanecer em seus respectivos cargos. Nossos representantes são como “pau de galinheiro”. O povo devia fazer uma faxina geral na política. Mas haveria um problema: ficaríamos sem representantes legais uma vez que como povo, também somos sujos, ladrões e ordinários. Se os políticos são corruptos, sacanas e desonestos é por que representam um povo de igual índole e que a cada eleição os presenteia com cargos públicos para que nos administrem. Renan, Sarney, Roberto Sobrinho, Lula e mais uma infinidade de cidadãos desta estirpe é fruto do povo. Então quem tem que ser punido é o povo enquanto eleitor. Como tirar a razão do Ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio de Mello: “A sociedade não é vítima, mas autora. Somos responsáveis por todos os homens públicos que aí estão”. Assim, não se veem muitas diferenças entre político e povo. Pelo menos no Brasil.
*É Professor em Porto Velho.
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