Sábado, 26 de novembro de 2016 - 10h33
Professor Nazareno*
A morte do líder revolucionário cubano Fidel Castro é o anúncio já esperado do fim triste e melancólico de uma era que trouxe para o mundo muitas incertezas, polêmicas e medo. As esquerdas e o pensamento revolucionário espalhados pelo mundo inteiro precisam mudar suas estratégias se quiserem ainda ter acesso ao poder. Fidel se vai num momento em que a luta ideológica se dá praticamente entre direita e extrema direita. O Comunismo aos poucos vai virando “peça de museu”. Donald Trump é eleito presidente dos Estados Unidos, Michel Temer toma o poder no Brasil por meio de um golpe constitucional com o apoio do Congresso Nacional e de parte da opinião pública reacionária, Macri é eleito na Argentina e a maioria dos países da União Europeia dá guinada cada vez mais forte em direção a governos sempre mais conservadores.
Com o fim do Comunismo e da Guerra Fria no final do século passado, ser comunista virou coisa de pessoas velhas e ultrapassadas. Após isso, somente Coreia do Norte, Cuba e mais uns dois ou três países do mundo ainda teimaram em continuar achando que todos os habitantes de um país são iguais e que toda a riqueza produzida dentro de uma sociedade deve ser repartida de forma igual entre todos os cidadãos. Até a China, a outrora potência comunista, abriu mão das ideias ensinadas por Karl Marx. Com uma economia de mercado, os chineses despontam hoje como a segunda maior potência econômica do mundo ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Usam os ideais comunistas apenas na política somente para manter os privilégios dos donos do poder. Fidel não percebeu o óbvio: era preciso mudar para continuar mandando em seus pares.
Mas o revolucionário de Serra Maestra não foi só fracasso. Enfrentou cara a cara o gigante americano e quase leva o mundo à terceira guerra mundial com a crise dos mísseis instalados em Cuba em 1962. Fidel Castro foi exemplo para as esquerdas na maioria dos países. No Brasil foi idolatrado por Jânio Quadros e também pelos petistas, recentemente expulsos do poder. Grande parte da classe artística brasileira lhe teceu muitas loas. Junto a outro também revolucionário, Ernesto Che Guevara, dá o toque romântico ao pensamento esquerdista. Muitos jovens nas décadas de 60 e 70 do século passado são influenciados por sua ideologia oca sem perceber que “o velho camarada” não passava de um sanguinário ditador que nunca se renovou politicamente e que estava levando o seu país ao colapso e à ruína social e econômica. Cuba hoje ainda é passado.
Fidel morre e com ele toda uma era também se vai. Cuba, sem a menor condição de gerir a sua sociedade usando apenas o sistema comunista, já está se aproximando do Capitalismo que tanto criticava. A economia da China também já é capitalista. No século XXI, a dinâmica das relações internacionais não pode mais retroceder à Guerra Fria nem à ultrapassada ideia de que todos os cidadãos de um país são iguais frente aos novos desafios econômicos e à produção e distribuição de riquezas. A esquerda, principalmente no Brasil, ao assumir o poder roubou até “casca de ferida”, não trouxe os benefícios que tanto pregava e fez tudo aquilo que tanto criticava nos direitistas. Não há bons exemplos a serem seguidos em países como Venezuela, Bolívia e Equador que teimam ainda em seguir a cartilha ditada por Havana. Fidel Castro foi importante por que projetou sua pequena Cuba para mundo. Com ele, enterra sua fracassada ideologia.
*É Professor em Porto Velho.
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