Quarta-feira, 24 de julho de 2013 - 17h02
João Baptista Herkenhoff
No momento em que o Papa Francisco visita o Brasil, meu espírito se volta para a lembrança de São Francisco de Assis.
Ao nos postarmos à face de Francisco de Assis, a primeira ideia que nos vem é a do santo que amou a natureza e viu os animais como irmãos. Mas além deste amor universal a todos os seres vivos, Francisco amou os seus semelhantes com a paixão do devotamento irrestrito.
Na sua tradição biográfica, registra-se que ele recebeu de Deus esta missão: “Vai, Francisco, reconstroi a minha casa.”
A casa humana tinha sido transformada numa casa de indiferença e egoísmo. Francisco recebia a missão de reconstruir a casa incendiando-a de Amor. Mais do que beijar a perna do leproso, Francisco beijou-lhe a alma. Nesse ósculo de dimensão infinita, o irmão Francisco reconstruía a casa de Deus.
A casa que tinha de ser reconstruída não era a casa de ateus ou de descrentes. Era a casa dos que se ajoelhavam, rezavam, cantavam hinos de louvor mas esqueciam que o legado de Jesus Cristo não foi feito de ritos, mas de atos.
Assumindo o nome de Francisco, o Papa que foi Bergoglio assina o compromisso de, novamente, reconstruir a casa de Deus, hoje certamente bem mais em frangalhos do que no tempo do visionário de Assis.
Não me parece relevante que Francisco seja tão somente um Papa do Terceiro Mundo, de nossa vizinha Argentina. Mas que ele seja uma voz profética do Terceiro Mundo, tão corajoso e despojado quanto seu compatriota o Prêmio Nobel da Paz Adolfo Péres Esquivel. Este testemunhou em favor de Francisco quando, após a eleição papal, pretenderam atribuir ao então Cardeal Bergoglio cumplicidade com a ditadura comandada pelo General Videla. Esquivel repudiou a infâmia levantada e afirmou, peremptoriamente, que a acusação não tem o mínimo fundamento.
Compartilho a esperança do sempre inspirado Frei Leonardo Boff no sentido de que um revolucionário silencioso e humilde assentou-se na cátedra romana. Creio que não será um Papa disposto a impor pena de silêncio à voz discordante mas, pelo contrário, propenso a ouvir e dialogar, consciente de que Roma não detém o monópolio da verdade.
E ao refletir, no meu universo interior, sobre Francisco de Assis, leio que os Alcoólicos Anônimos ganharam o Prêmio Franciscano. A láurea foi concedida em reconhecimento ao trabalho dos AA para a recuperação de vidas.
Quanto serviço essa benemérita instituição tem prestado à dignidade da pessoa humana! Quão profundo é o vínculo de Francisco com todas as manifestações de amor que possam irromper no mundo!
João Baptista Herkenhoff, escritor, é Juiz de Direito aposentado e membro emérito da Comissão Justiça e Paz da Arquidioces de Vitória. E-mail: jbherkenhoff@uol.com.br
CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/2197242784380520
25 de novembro - a pequena correção ao 25 de abril
A narrativa do 25 de Abril tem sido, intencionalmente, uma história não só mal contada, mas sobretudo falsificada e por isso também não tem havido
Tive acesso, sábado, dia 16 de novembro, a uma cópia do relatório da Polícia Federal, enviado pela Diretoria de Inteligência Policial da Coordenaçã
Pensar grande, pensar no Brasil
É uma sensação muito difícil de expressar o que vem acontecendo no Brasil de hoje. Imagino que essa seja, também, a opinião de parcela expressiva da
A linguagem corporal e o medo de falar em público
Para a pessoa falar ou gesticular sozinha num palco para o público é um dos maiores desafios que a consome por dentro. É inevitável expressar insegu