Domingo, 30 de novembro de 2014 - 06h55
Bruno Peron
Este texto olha para um tema preocupante da modernidade brasileira: por que os petrechos tecnológicos chegam tarde e caros nas mãos de consumidores no Brasil; quando chegam. Entendo que as políticas de incentivo a tecnologias em nosso país sejam deletérias porque focalizam a gestão do consumo enquanto descuidam a gestão da produção.
Coloco alguns pressupostos para seguir o raciocínio: a oscilação do valor do Real ora encarece os produtos brasileiros no exterior ora os barateia; somente quem fecha os olhos não vê a inflação (lembre os episódios do tomate de luxo e o encarecimento dos combustíveis); e o setor de empregos tem abusado da exploração de mão-de-obra barata.
Esses assuntos são mais que mirabolantes. Por isso, coloco-os como pressupostos para meu texto. O mais importante aqui é entender que o Brasil tem sido administrado para produzir cada vez menos (e mais barato para o mercado externo) e consumir mais (e mais caro no mercado interno). As políticas de concessão de créditos e benefícios do governo do Partido dos Trabalhadores confirmam o que escrevo.
Logo, temos encolhimento de indústrias nacionais. Algumas tão básicas como a de chocolate têm ameaça de serem devoradas por empresas transnacionais da Suíça (Nestlé) e até da Argentina (Arcor). Outras poluem áreas florestais (Zona Franca de Manaus) e trazem pouco incentivo à população brasileira, como no lóbi que fazem por taxas exorbitantes de importação de produtos muito mais avançados. Por fim, o ciclo vicioso: o governo protege empresas improdutivas e que não melhoram a competitividade de seus produtos, enquanto o povo não consome porque os produtos melhores são artificialmente muito caros.
O resultado é que o governo brasileiro desperdiça recursos (em corrupção, funcionários ociosos, etc.) em vez de fomentar indústrias estratégicas e gerar empregos tecnológicos. Explico, portanto, que se descuida a gestão da produção, pela qual se criariam centros de pesquisa científica e tecnológica em regiões várias do país, não só na Europa paulistana de quinta categoria e rendida ao capital estrangeiro.
Teríamos, assim, pesquisa de ponta sobre meio ambiente no Amazonas, biologia no Acre, aeroespacial no Maranhão, vida marinha no Alagoas, geologia no Rio Grande do Norte, ecoturismo no Mato Grosso do Sul, e outros. Mais que isso, imagino centros de atração de investimentos e cientistas. Nada que agrida a natureza. Mas o povoamento do interior do país tem sido trágico desde o princípio: apresamento de índios, busca de ouro, desmatamento e pecuária, e o lema parvo de povoar para proteger o território contra invasão externa.
Com essa disposição, não demoraria muito para que o Brasil se desorganizasse e virasse um entreposto comercial de intermediários incompetentes. Tudo começou quando as pepitas passavam de mãos em mãos até chegar aos destinatários na Europa. Hoje temos que, num sentido duplo, as aduanas oferecem embaraços e sobretaxas, embora deixem passar ao Brasil contêineres com toneladas de lixo hospitalar.
Brasileiros evidentemente têm vontade de comprar os lançamentos tecnológicos sobre que escutam falar na Internet e na televisão, e que veem nas mãos dos ricos. Lamentavelmente, eu gostaria de entender melhor por que as maravilhas tecnológicas da Apple chegam tarde ao Brasil e pelo dobro do preço que nos Estados Unidos e na Europa.
Seria tão melhor que o governo brasileiro melhorasse a gestão do consumo (ao permitir que brasileiros não fiquem atrás na compra e no uso de equipamentos tecnológicos). No entanto, o governo também revolucionaria a gestão da produção (ao fomentar indústrias brasileiras que desenvolvam tecnologia e situem melhor o Brasil no mundo).
Finalizo com o argumento de que o Brasil tem que formar cientistas e tecnólogos (como incentiva com bolsas universitárias) e criar centros de pesquisa e desenvolvimento que desenvolvam indústrias nacionais. Enquanto isso, deve-se reduzir a distância quilométrica entre tais profissionais do futuro e as crianças que nunca farão cursos universitários porque herdarão outra cultura do berço.
Este é o caminho para que aqui surjam empresas (o termo da moda é “start-up”) tão brilhantes como a Apple, o Google, a Samsung e a HTC que tenham padrão elevado de gestão da produção, e cujas fraldas os governos de seus países respectivos não precisam
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