Quinta-feira, 28 de dezembro de 2017 - 11h04
Professor Nazareno*
O deputado federal Jair Messias Bolsonaro provável candidato da extrema direita à presidência da República em 2018 é uma farsa das mais bem orquestradas na política deste país desde a ascensão de Getúlio Vargas ao poder na década de 30 do século passado. O militar aparece nas pesquisas de opinião com números robustos e se tudo se confirmar, deverá estar no segundo turno das próximas eleições com Lula ou outro candidato qualquer. Porém, representa tudo do mesmo: a mentira, a desfaçatez, o discurso de cachorro louco, a rompança desmedida e principalmente a esperança de dias melhores. Tudo isto já foi visto e vivido na política brasileira e não levou a nada. Collor é um dos maiores exemplos desta pantomina desnecessária e tresloucada. Se eleito, Bolsonaro não poderá emplacar nem dez por cento das maluquices que alardeia fazer.
O que os conservadores e reacionários eleitores do Bolsonaro não querem entender é que se tiver a infelicidade de ganhar o pleito, o seu candidato não pode fazer absolutamente nada do que promete nos palanques e nas redes sociais. Seu discurso radical só serve para angariar votos. Ele será candidato a um cargo no Poder Executivo, que não governa sozinho um país. Existe o Congresso Nacional, o Poder Judiciário, o Ministério Público e também a opinião pública e a oposição. Isso sem falar na conjuntura política internacional que de certa forma exerce influência nas decisões governamentais tomadas pelos dirigentes de alguns países. O Brasil pertence à OEA, Organização dos Estados Americanos, à ONU e a várias outras organizações como o MERCOSUL, BRICS, G-20 e é signatário de vários acordos, convenções e tratados.
O mundo mudou, e muito, depois da aventura militar de 1964 no Brasil. E Bolsonaro sabe disto. Ele mesmo não tem quase nenhuma aceitação nos quartéis. Torturas, perseguições políticas, maus tratos a oposicionistas, conchavos espúrios, golpes, decisões antidemocráticas, desrespeitos aos direitos humanos, imposição de ideologias fracassadas não são mais aceitos como meios de se governar uma nação moderna. Ele é o primeiro a não acreditar nas tolices que tanto prega. Usa a mídia e o seu discurso ultrapassado e recheado de ódio apenas para cooptar votos dos eleitores mais estúpidos. Ninguém governa sozinho um país complexo como o Brasil nas atuais circunstâncias. Por isso, o capitão é uma farsa naquilo que prega. É um engodo que só tem aceitação na cabeça dos cidadãos menos escolarizados e vingativos na política.
Quem vota em Jair Bolsonaro e o admira pelo que ele defende ou é uma pessoa de má índole, cheia de péssimas intenções ou simplesmente não entende nada de política e civilidade. Geralmente são jovens que não viveram as agruras do regime militar ou as “viúvas saudosistas” da ditadura cruel e desumana que vivemos entre os anos de 1964 e 1985 do século passado. Como pode um indivíduo ser considerado um mito se demonstra ser racista, xenofóbico, homofóbico, ditador, defensor da tortura, dos maus tratos, dissimulado, instigador do ódio, machista, misógino dentre tantas outras “qualidades e atributos” tão questionáveis? Há sete legislaturas, ou seja, há quase 30 anos consecutivos, ele é deputado federal e neste tempo que projetos de leis de sua autoria foram aprovados? O que fez de bom para o país e o povo a ponto de ser quase canonizado pelos seus fiéis defensores? Não está na hora de quebrar o ovo da serpente?
*É Professor em Porto Velho (blogdotionaza.blogspot)
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