Quinta-feira, 28 de dezembro de 2017 - 15h36
O deputado pernambucano Jarbas Vasconcelos é fundador do velho MDB, o partido que resistiu à ditadura sob o comando de Ulysses Guimarães e o protagonismo destemido de Franco Montoro, Paulo Brossard, Alencar Furtado, Chico Pinto, Cristina Tavares e tantos outros democratas. Seu sucedâneo, o PMDB, perdeu-se no oportunismo ao longo de décadas, conduziu um golpe contra a democracia e foi caracterizado pelo MPF como organização criminosa. Num esforço para tapar o sol com a peneira furada da enganação, o presidente do partido, Romero Jucá, propôs e aprovou o rebatismo do partido com a velha sigla da resistência. E desencadeou uma feroz perseguição contra os peemedebistas que discordam de seus métodos, não apoiam o governo Temer nem suas políticas anti-nacionais e anti-povo. Um dos mais perseguidos é Jarbas Vasconcelos, líder histórico do PMDB de Pernambuco, onde Jucá entregou a sigla à oligarquia chefiada pelo senador Fernando Bezerra Coelho, que tal como Jucá, é especialista em trocar de camisa e de partido para integrar o governo da hora. Nesta quinta-feira Jarbas publicou artigo na Folha de S. Paulo onde ataca duramente o comandante da organização e seu caciquismo, chegando a dizer:
“É necessário que um cidadão com a conduta de Romero Jucá, que parece debochar das instituições e, sobretudo, do povo brasileiro, tenha o que merece. Sair algemado do Congresso Nacional é pouco para quem tanto mal fez e faz ao pais. Eu disse na tribuna da Câmara dos Deputados e reafirmo: não me curvarei. Estar na trincheira e na resistência democrática lutando e combatendo homens como Romero Jucá faz parte da minha vida e da história do partido que ajudei a criar. E assim será. Sempre!”
Diz ainda Jarbas, depois de relatar a intervenção do comando partidário na seção pernambucana, que ele sempre liderou: “ Por isso, é hora de as vozes e de as posturas contrárias a tudo isso se fazerem presentes. É hora de outros membros do partido reagirem para evitar que esse rolo compressor antiético e amoral siga em frente; caso contrário, ele atingirá muitos daqui pra frente. Decidi ir contra essa maré nefasta que Jucá impõe ao partido que ajudei a fundar. Decidi lutar em todas as frentes políticas e legais possíveis. É isso que faço em meu Estado, onde acionei a Justiça. Vou até as últimas consequências por entender que minha história, minha trajetória de mais de 40 anos de vida pública, não vai ser manchada por uma pessoa como Romero Jucá”.
Ninguém desconhece o destemor de Jarbas Vasconcelos mas, por isso mesmo, ele se arrisca a ter o mesmo destino da senadora Katia Abreu, que foi expulsa do PMDB de Jucá por ter votado contra o golpe do impeachment, por ter defendido a presidente eleita Dilma Rousseff e por ter criticado duramente e votado contra a reforma trabalhista e outras políticas de Temer. Já os muitos peemedebistas investigados por corrupção e outros crime, inclusive os que estão presos, como Henrique Alves e Geddel Vieira Lima, não tiveram seus casos sequer examinados pela tal comissão de ética do partido que expulsou Kátia. O mesmo risco corre o senador Roberto Requião e outros peemedebistas que não se curvam ao cacique Jucá. Triste fim para um partido que encarnou a resistência à ditadura no Congresso, levando seu líder, Ulysses Guimarães, a enfrentar os cães raivosos da repressão nas ruas da Bahia, e tantos outros combatentes à perda dos mandatos pela força do AI-5.
Link para o artigo de Jarbas: http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2017/12/1946473-o-que-de-fato-esperar-do-novo-mdb.shtml
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