Segunda-feira, 8 de dezembro de 2014 - 06h33
Bruno Peron
Temos a sensação de que tudo acontece e tudo poderá acontecer no Brasil, mas, ao mesmo tempo, tudo é repreendido e tudo poderá ser repreendido. Por isso, falo que nosso país dá ensejo a liberdades morais, mas promove censuras cívicas. Aviltamentos morais convivem com restrições cívicas.
Nessa perspectiva, não demora para que opiniões se tornem polêmicas e tenham repercussão entre brasileiros, como os comentários justiceiros do apresentador de televisão José Luiz Datena e a postura da jornalista Rachel Sheherazade sobre os linchamentos e a ausência do Estado. Não preciso fazer aqui julgamento algum sobre a validade dessas opiniões.
Logo aparecem movimentos sociais disso e daquilo, associações disso e daquilo, defensores disso e daquilo, que se sentem lesados por uma opinião e desmoralizam pessoas apenas pelo que pensam e apoiam.
Algo parecido sucede com personagens desconhecidos que se tornam conhecidos porque suas ideias são polêmicas e desafiam a ordem estabelecida e as normas habituais difíceis de mudar. É o caso do pastor Marco Feliciano e sua proposta de lei que dá autonomia a psicólogos para “curar” homossexuais. Também me refiro às opiniões de Jair Bolsonaro.
Alguns temas fogem das bocas de muitas pessoas pelo risco de que sejam julgadas pelo rigor excessivo das leis, como os de homossexualismo e raças. Muitos evitam discussões sobre esses temas porque, assim como religião, não se chegará a consenso. Mas no Brasil passa algo pior: muitos evitam esses temas porque suas opiniões poderão ser censuradas.
À minha preocupação com o aumento da censura no Brasil, somo a divisão de opiniões políticas entre posturas de “esquerda” ou “direita”, que pouco tem de fecunda e dificulta nossa formação cívica. Sabe-se que há posicionamentos de pessoas ditas de “esquerda” que são conservadoras, e opiniões de pessoas declaradas como de “direita” que são progressistas.
O que mais me preocupa nessas interações políticas no Brasil, no entanto, é o aumento da censura nos meios de comunicação. Estes (sobretudo a Internet banda larga e a rede de telefonia móvel) têm permitido trocas de informações rápidas e abundantes entre seus usuários como nunca se havia imaginado. Quase todos usufruem desses benefícios. Porém, estadistas têm sugerido algo chamado “controle social da mídia”, que ainda não está bem explicado. Entendo que é preciso ter responsabilidade maior sobre o que se escreve e se fala para evitar que informações errôneas se dissipem pelos meios de comunicação. Esses cuidados se dão num contexto em que o leitor ou espectador pode simplesmente virar a página ou mudar o canal quando discorde do assunto ou este lhe desinteresse. Por isso, tenho a opinião de que o controle de opiniões nos meios soa como um tipo sofisticado de censura que um país dito democrático e livre não merece.
Os avanços tecnológicos têm sido tão rápidos quanto fascinantes no mundo todo. Os brasileiros não temos sabido lidar com a abundância de informações. Um dos sintomas dessa falta de gestão tecnológica é achar que se devem controlar as fontes em vez de aprimorar a recepção.
Hoje nos distraímos com smartphones para ver a previsão do tempo, ouvir nossas músicas favoritas, fazer operações bancárias e mandar mensagens a familiares enquanto andamos em casa ou nos transportamos na cidade.
Temos que aprender a lidar com essa abundância tecnológica que pegou todos de surpresa e que faz circular informações e opiniões mundialmente.
Não creio que a censura seja o caminho para melhorar nossas tendências morais, embora eu defenda o respeito ao estado de direito e às filosofias jurídicas que nos façam reconhecer como cidadãos. Esta é uma solução para que nossa boa formação cívica dome nossa má liberdade moral.
A concessão de abono natalino a servidores públicos
Pessoalmente, não vejo nenhum problema no pagamento de abono natalino a servidores públicos, desde que seja autorizado por uma lei, apesar de muita
25 de novembro - a pequena correção ao 25 de abril
A narrativa do 25 de Abril tem sido, intencionalmente, uma história não só mal contada, mas sobretudo falsificada e por isso também não tem havido
Tive acesso, sábado, dia 16 de novembro, a uma cópia do relatório da Polícia Federal, enviado pela Diretoria de Inteligência Policial da Coordenaçã
Pensar grande, pensar no Brasil
É uma sensação muito difícil de expressar o que vem acontecendo no Brasil de hoje. Imagino que essa seja, também, a opinião de parcela expressiva da