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Marina Morena


RIO – Quando Jimmy Carter esteve no Brasil, em 1972, passou alguns dias em Recife com a mulher, em casa do casal Camilo Steiner, na praia da Piedade. A mulher de Steiner, americana da Georgia, tinha sido colega de colégio da mulher de Carter e continuaram amigas pela vida afora. O filho de Steiner estudou dos EUA, morando na casa de Carter.

Em Recife, o então governador Eraldo Gueiros ofereceu um almoço a Jimmy Carter, no Palácio. Saudou-o o vice-governador Barreto Guimarães, gordo e barroco, lançando a candidatura de Carter à Presidência dos Estados Unidos:

- Vossa Excelência, senhor governador da Georgia, tem a marca do estadista e estamos certos de que será o próximo ocupante da Casa Branca.
 

CARTER

Carter apenas sorriu. No dia seguinte, Camilo Steiner nos convidou, a alguns jornalistas, para uma peixada e uma conversa com Carter. Anchieta Helcias, secretário de Indústria e Comércio de Pernambuco, perguntou a Carter se ele tinha condições de sair candidato pelo Partido Democrata em 1976. Carter respondeu com outra pergunta:

- Qual é o Estado mais pobre do Brasil?

- O Piauí.

- Pois a Georgia é o Piauí de lá. A senhor acha que o governador do Piauí tem condições de ser Presidente do Brasil?

Anchieta também achava que não. Mas os americanos acharam que sim.
 

CANDIDATOS

Dilma e outros candidatos à Presidência no próximo ano também estão cometendo um erro geográfico achando que Marina Silva não tem condições de ser Presidente porque vem do longínquo e pobre Acre. E alguns radicais do PT fazem pior. Chegam ao preconceito racista: - é negra.

Como se Obama e Joaquim Barbosa não fossem. O século é XXI. De cabeças abertas e ruas escancaradas. As medidas mudaram. Sozinha, sem presidência da República, sem maquina partidária antiga, sem governo estadual brilhante, ela dispara no segundo degrau das pesquisas.

NEGRA

Dos vários candidatos já esquentando na pista, nenhum fala melhor a língua do que ela, nenhum se expressa melhor do que ela, nenhum se comunica melhor do que ela, nenhum apresenta, expõe, defende suas ideias melhor do que ela, nenhum é mais claro, nítido, transparente, do que ela, a índia, a quilombola, a silvícola, a rurícola, a seringueira, a negra.

Quem não viu, veja a autentica entrevista dela, domingo último, 18 de agosto, ao jornalista Ranier Bragon, na capa da “Folha de S. Paulo” (“Atos Violentos Extrapolam Limites, diz Marina Silva”). Está toda lá. Nenhum candidato expressou melhor a “garganta rouca” de Ulysses Guimarães.

DILMA

Mas Marina ainda é jogo para 2014. O de 2013 é Dilma e seu governo. Que vão mal, muito mal, nas cartas. A Federação da Indústria de São Paulo e o Movimento Brasil Eficiente divulgaram que, anualmente, R$ 509 bilhões escorrem pelo ralo da incompetência e corrupção no Brasil.

1.- O excesso de ministérios na esfera federal e a multiplicação de secretarias nos governos estaduais traduzem o inchaço da máquina pública.

Nos Estados o numero de secretarias é extravagante. Em Brasilia são 36, no Maranhão 33, no Paraná 29; Os números se estendem pela Federação. Em Goiás, 63% do orçamento é absorvido com pessoal. Os investimentos na infraestrutura, em saúde, educação, segurança pública, são sacrificados para atendimento da fisiologia e do clientelismo político.

2. - O gasto supérfluo do dinheiro é assombroso. Os Estados Unidos têm 17 ministros, já o Brasil tem 39 que geram despesas de R$ 611 bilhões por ano. Acrescentem-se 303 autarquias, fundações e empresas estatais, que nos EUA são 62. Nos chamados cargos de confiança, nomeações políticas e adjacências, o governo federal tem 22.417 petistas e “aliados” distribuídos pelo território nacional. As despesas geradas pela inchação da máquina pública com a contratação de pessoal são fator determinante para a falta de recursos para investir na melhoria dos serviços públicos.

E Dilma diz que o Brasil vai muito bem. Ela e Lula certamente vão.

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